Já repararam bem nas canções que nos ensinavam em putos? Não estou a falar daquelas que se cantavam no jardim de infância como "Os Patinhos", ou a minha favorita "A vaca leiteira", até na Universidade se canta essa, com coreografia e tudo. Estou a falar das outras que aprendemos pouco tempo depois.
Ontem, uma amiga pediu-me para ficar duas horas como o filho dela de 8 meses, pois ela tinha uma entrevista à qual não podia faltar e, a ama contratada para o efeito não apareceu. Fiquei assustado, não ia dizer que não, mas eu iria andar à bulha com o puto, se ele borrasse a fralda antes da mãe regressar. Resumindo, mal a mãe saiu de minha casa, o fedelho começa a chorar, estava a dormir e acordou só para me chatear. Parece que telepaticamente, ele soube que a mãe tinha acabado de sair e que eu não percebia nada de putos. Peguei nele, andei de um lado para o outro ,pela casa toda, embalei-o, vi se a fralda estava borrada, ofereci-lhe leite. Nada. O puto não se calava.
Fui buscar uma cerveja, para me acalmar e não é que o fedelho se calou? Calou-se por 3 segundos a olhar para a garrafa. É mesmo alemão, não pode ver cevada fermentada. Foram só 3 segundos e voltou a chorar. Tinha duas opções: ou dava uma cerveja àquela sirene humana ou ia cantar-lhe algo, as mães cantam e os putos calam-se, mesmo quando elas cantam mal.
Que raio ia eu cantar? Não sei musicas de embalar em alemão, por isso lá fui eu cantado o que me lembrava em português, foi aí que eu reparei nas mentes porcas que escreviam canções infantis. Canções aparentemente inocentes com fortes conotações sexuais ou apelos á violência. Exemplos?
Aquela, que apela á violência para com os animais, aquela que faz os putos pensar que é normal atirar paus aos gatos para os matar. Matar um gato à paulada é possível, mas atirar paus com a intenção de os matar e esperar que o gato não se desvie e não fuja... Isso é ter fé.
Esta é pior, conta estória de uma miúda que vai a caminho de Viseu e se apaixona. Ao apaixonar-se, deixou-se ir, foi fraca e perdeu ali a virgindade, nem chegou a Viseu. Como muitas, ela dizia "chega, chega, chega" que não é um pedido para parar mas sim o entusiasmo do momento, pois quando paramos elas ficam fulas connosco. A certa altura, o entusiasmo parece ter sido tanto, que ela faz uma alusão ao sexo anal, acabando por dizer ao seu novo amor "arreda lá p´ra trás".
"Indo eu, indo eu,
a caminho de Viseu,
Indo eu, indo eu,
a caminho de Viseu,
Encontrei o meu amor,
ai Jesus que lá vou eu,
Encontrei o meu amor,
ai Jesus que lá vou eu,
Ora zuz, truz, truz,
ora zás, traz, traz,
Ora zuz, truz, truz,
ora zás, traz, traz,
ora chega, chega, chega,
ora arreda lá p'ra trás,
ora chega, chega, chega,
ora arreda lá p'ra trás."
"As pombinhas da Catrina,
andam já de mão em mão,
foram ter à quinta nova,
ao pombal de S. João.
Ao pombal de S. João,
ao quintal da Rosalina.
Minha mãe mandou-me à fonte,
eu parti a cantarinha.
Nestas primeiras duas quadras, o nome é inteligentemente disfarçado, apesar de não soar a um nome Português, pelo menos parece, por terem substituído Katrina por Catrina. Todas as strippers Ucrânianas são ou parecem-se com Katrinas. Os primeiros dois versos são uma previsão do futuro, como se o destino dela fosse realmente andar com as pombinhas de mão em mão. De facto, elas são as donas das pombinhas e deixam mexer quem querem, eu não tenho nada a ver com isso. Mas, cantar esta merda aos putos é que não, bolas!
Nos 4 versos que se seguem, é explicado que o Sr. João, residente na quinta nova e chulo de profissão, a acolheu por ter visto futuro nas pombinhas dela. Após ter sido apadrinhada por ele, a Katrina acabou a prestar "serviços" para a madame Rosalina, dona da casa de meninas da zona e sócia do Sr. João.
Nos últimos 2 versos a Katrina faz referência ao facto de a mãe dela na Ucrânia não saber o que a filha faz em Portugal. A mãe pensa que a filha veio para trabalhar enquanto ela só é paga para lhe "partirem a cantarinha".
"Por ser o pombal tão estreito,
e asas termos pr'a voar,
nós voamos com tal jeito,
que não qu'remos já voltar.
Se alguém nos vê passar,
diz: que lindos que eles são;
nós não queremos já voltar,
mas andar de mão em mão."
Estes últimos versos falam sobre o pombal da miúda. Li um blogue, onde há dias foi feito um post a perguntar se "as conas mudam", podem não mudar, mas são todas diferentes, há mais e menos estreitas, o que tem a ver com a grossura dos lábios vaginais, mas isso é outro assunto. A Katrina tinha a crica estreita, no segundo verso revela a sua ambição, ela quer libertar-se desta vida, mesmo sendo boa naquilo que faz (tal como refere o terceiro verso), mas quer ficar por Portugal, pois encontrou um otário, um desesperado que a quer sustentar. Juntos, fazem um lindo casal passeando de mão em mão, na rua!
É lógico que o puto se calou, aos 8 meses teve o seu primeiro contacto com a pornografia. Eu, como adulto fiquei chocado.
10 Comentários:
terça-feira, julho 24, 2007 11:38:00 da manhã
Olha, agora a chocada sou eu!
A do gato, sempre achei horrível, mas o resto...
terça-feira, julho 24, 2007 12:54:00 da tarde
Mas há mais... Aquela "ai, ai, ai minha machadinha", lembro-me de estar na terceira classe e também queria uma ou um machado, para mim era igual. A minha avó escondeu todas essas armas da quinta. Não sei se a canção me inspirava para cortar lenha, mas um miudo com um machado na mão, vai causar acidentes :/
quarta-feira, julho 25, 2007 12:04:00 da manhã
o meu filhote vai fazer 8 meses agora....pensado bem...vai ser melhor n cantar essas musicas...e agora o k que cantar???? sugestões?? LOL
quarta-feira, julho 25, 2007 2:41:00 da manhã
Ainda bem que deixaste um comentário no meu blog pois só assim tive oportunidade de conhecer o teu que adorei. Posso linká-lo no meu? Adorei a interpretação das canções infantis, pressuponho que tenhas alguma ligação com Literatura, mas não só a de ler livros. Creio, portanto, que também te apercebas da carga erótica das cantigas medievais. E a propósito e como és novo no meu blog, aconselho-te a procurar lá as minhas versóes eróticas dos contos poulares.
jocas
quarta-feira, julho 25, 2007 9:04:00 da manhã
webi:
Sinceramente acho que devemos cantar as verdadeiramente inocentes, como:
- "A vaca leiteira", é inocente a não ser que alguém tenha uma mente verdadeiramente porca, além disso as crianças adoram a coreografia.
- "Todos os patinhos", a letra só diz, que todos eles sabem nadar.
Eu diria, as canções de jardim de infância, as que se seguem, são no mínimo estranhas.
quarta-feira, julho 25, 2007 9:11:00 da manhã
luafeiticeira:
Sim, os meus estudos tiveram a ver com literatura, mas profissionalmente afastei-me da língua Portuguesa, falada, escrita, etc. Por isso resolvi dar os meus primeiros passos nos blogues em Português. Ando a descobrir novos blogues, que adiciono à minha lista, quando gosto e depois de os ler por completo.
O teu blogue descobri-o ontem, por isso ainda o ando a ler, mas tenciono adicioná-lo, pois gostei do que li até agora.
Quanto a adicionar-me a decisão é tua :)
quarta-feira, julho 25, 2007 4:16:00 da tarde
bem nunca tinha visto essas cançoes por esse prisma... mas quase que diria que é como aquela historia de que os filmes da disney tb sao todos eles recheados de mensagens eróticas e mais qq coisa, se é verdade ou nao, nao sei... mas ....
quinta-feira, julho 26, 2007 12:17:00 da tarde
Na minha opinião nada do que é feito para crianças por adultos, pode ser inocente. Não digo que certas referências sexuais sejam deliberadas, mas estão lá.
Livros, canções, filmes. Não é propositado, mas não existe um único adulto que seja puro e inocente.
terça-feira, abril 07, 2009 3:30:00 da manhã
A tua imaginação não tem limites, pelo que vejo!
Confesso que, no inicio do meu curso (educação de infância) eu tinha ainda um espírito em revolução constante contra tudo e mais alguma coisa que se colocava ao acesso das crianças, de facto, foi por essas extravagâncias que enveredei pelo raio da profissão que agora me deixou no desemprego.
Contrariamente ao que seria de prever, eu abomino a grande maioria das cantilenas e historietas infantis que toda a gente adora pôr os putos a cantar.. prefiro dar-lhes algo mais produtivo e menos artificial, algo que promova neles o espírito crítico e a arte de pensar, ou até mesmo músicas noutras línguas que são o seu verdadeiro delírio! Tudo menos aquelas cantilenas da treta, jesus maria josé.. Na sua grande maioria são canções sem qualquer sentido ou finalidade, são canções rápidas só para rimar e para facilitar a capacidade de decorar.. Não me parece que essa seja a competência principal que queremos que as crianças adquiram.
Vão de retro João de Deus e Salazar no que diz respeito a questões relacionadas com a educação..
Mas, deixo apenas este apontamento, para que penses um pouco nisso.. a malícia está unica e exclusivamente em nós. As crianças, à partida, estarão ainda numa fase de inocência que lhes permite estar totalmente alheias a qualquer texto mais ou menos explícito de violência ou sexo. Na iadade em que começam a impregnar-lhes a cabeça com essas "obras" deprimentes, elas apenas se prendem à sonoridade e ritmo das palavras, à nossa entoação e ao caracter melódico da canção.. tão somente isto.. elas não param para pensar nas letras como nós paramos, a não ser a partir dos 5 ou 6 anos.. se o fizerem alguma vez..
de qualquer modo, nós sobrevivemos! ;)
(quer dizer, ainda hoje vivo meio assombrada pela canção de embalar que me cantava a minha avó.. não sei se é de conhecimento geral. mas aqui vai:
"Rula rula meu menino
Quem te há-de dar a mama?
Que o teu pai foi para o moinho
E tua mãe caiu na lama." De primento o suficiente, ou não?!)
Nunca paraste para pensar "o que raio é uma falua?" e ao perguntares ninguém to sabe dizer, apesar de o cantar com convicção!
etc. e tal que este tema tem "pano para mangas"!
sexta-feira, maio 08, 2009 7:29:00 da manhã
aNGie:
Eu também acho que se deve dar algo mais às crianças, eu lembro-me que no infantário o tempo de leitura de estórias e o tempo de canto era para mim pior que a sesta.
Claro que a maldade está em nós, mas estes textos são para ser humorísticos e não didácticos. Mas é certo que eu atirei paus aos gatos para ver se eles morriam. E realmente por a minha avó ter uma quinta eu queria uma machadinha só para mim para partir tudo e mais alguma coisa que não fizesse falta.
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