Henrique Raposo é um senhor que me parece sofrer de perturbações mentais, a quem o jornal o Expresso deu trabalho não remunerado ao abrigo de um programa de inserção de bestas na sociedade. Ele regurgita palavras de outras pessoas numa espécie de blogue. Contribuiu para o abate de mais algumas árvores, sem que o resultado final o justificasse, quando publicou "A Caipirinha de Aron - Crónicas de um Liberal Triste", não sei se ele é ou não liberal, mas tenho a certeza que é um triste. Recentemente ele escreveu uma coisa à qual deu o nome de Três 'Portugais' à qual eu respondi em comentário e estive para responder também aqui, mas devido à falta de cultura e intelecto que caracteriza os emigrantes, eu quando decidi deixar Portugal deixei toda a minha inteligência lá. Agora resta saber o que aconteceu à inteligência de Henrique Raposo visto que ele não emigrou.
Em vez de lhe responder, deixo que seja uma senhora a fazê-lo, e irei transcrever aqui o texto que ela publicou no jornal europeu Portugal Post:
"A minha "fanfarrona bomba de matrícula amarela" e eu
Causou grande consternação um artigo de opinião recentemente publicado no semanário português Expresso, que tentou o feito inédito de ofender de uma assentada cinco milhões de emigrantes. Digo tentou porque a meu ver só se ofende quem quer ser ofendido. Mas espanta-me a consternação. É possível que seja novidade para alguém que uma grande parte da população portuguesa continua a achar que os emigrante são cidadãos de segunda? Depois da forma como nos tratam há anos os sucessivos governos, os políticos que supostamente nos representam, as entidades pagas para nos assistirem, foi preciso um rapazote qualquer debitar meia dúzia de bacoradas num jornal às moscas por causa da "silly season" para nos apercebermos da consideração que nos têm na pátria?
Pessoalmente acho bastante mais assustador e significativo que um licenciado em História contemporânea tenha tão poucos conhecimentos da História do seu país. Não vou tecer considerações sobre a instituição que o formou. Não sei se é uma daquelas "universidades" que proliferam no Portugal moderníssimo, criadas expressamente para garantir um canudo a troco de muito dinheiro e pouco talento a quem tenha paizinhos em condições financeiras.
Se calhar também as universidades portuguesas ditas sérias preferem calar algumas realidades mais incomodas. Por exemplo, a de que os emigrantes, pelo menos os da Europa, pagam duplamente pela modernização de Portugal nos últimos 50 anos:através dos impostos e contribuições nos países que trabalham, que são a base dos fundos estruturais europeus, que, por sua vez deram a Portugal tantos e tão bonitos estádios e autoestradas vazios. Isto porque os políticos portugueses ligeiramente atrasados em relação ao que se sabe serem as prioridades para um país apostado no desenvolvimento, acham que investir no futebol e nos automóveis para todos faz mais sentido do que construir um sistema de ensino e formação ao nível europeu. Os resultados estão à vista.
Confesso que pertenço ao numero de emigrantes que, todos os anos, no verão, "invade" a pátria, se bem que não montada "na minha fanfarrona bomba de matricula amarela". Primeiro, porque não me parece que isso descreva correctamente o meu VW Golf. Segundo, porque não me apetece levar a viatura para Portugal, país onde a miséria ainda é tanta que qualquer carro com matricula estrangeira se arrisca a ser assaltado por quem acha que os emigrantes guardam sempre as sua poupanças da vida de baixo do assento do condutor. Prefiro deixar o meu carrinho abandonado durante quatro semanas à porta de casa na Europa, porque não tenho garagem, nem preciso, num país civilizado onde em 30 anos não sofri um único arrombo. E terceiro, porque guiar nas estradas Portuguesas é mais ou menos como guiar no Cairo: só para quem procura aventuras de alto risco. O atraso de Portugal em relação à Europa no desenvolvimento do mais rudimentar civismo faz-se notar com particular ferocidade na forma como os portugueses guiam.
Mas não só. A nós os emigrantes de "modos rurais" todos os anos nos choca de novo a dimensão do atraso, que tentamos depois esquecer entre Setembro e Julho: o lixo nas ruas, nas matas e nas praias. Os carros estacionados em cima dos passeios que obrigam mães com filhos a arriscar a vida quando andam nas cidades. As cuspidelas para o chão. A prepotência da policia. A corrupção a todos os níveis da sociedade. O colapso total da justiça. As televisões que tratam os telespectadores como atrasados mentais. Mas como é o nosso país, encontramos mil desculpas: "... a Democracia não se faz em 20, 25, 30, 35 anos", "... mas tem bacalhau e pastéis de nata", "... as praias são lindas" (e mortíferas por causa dos crimes que cometem contra a ecologia). E por aí fora. Como é só para as férias, aguenta-se bem. Desde que não nos caia uma falésia em cima. Mas muitas vezes nos perguntamos: como é que "eles" aguentam? "Eles" são, claro, os 10 milhões que ficaram.
Como é sabido, a esperança é a última a morrer. E assim nós os emigrantes continuamos alegremente a enviar dinheiro, a investir em Portugal, a passar lá a férias e a contribuir para os fundos estruturais, porque estamos convencidos - muito mais do que os que lá vivem - que um belo dia Portugal há-de começar a recuperar deste atraso enorme que leva em relação à Europa onde nós vivemos. Com um bocadinho de sorte, será um processo que até incluirá a imprensa, que poderá então apostar mais na informação feita por profissionais pagos e menos na opinião com que agora enche as páginas porque é de graça, para não dizer gratuita. E quando publicar uma opinião, será com comentaristas com coisas inteligentes para dizer."
--Cristina Krippahl
A opinião desta senhora, não espelha na totalidade a minha, mas a opinião deste senhor nem sequer me identifica como sendo do mesmo planeta que ele.
Já por diversas vezes critiquei Portugal, com o direito que tenho por ser Português, bem como pela minha experiência em Portugal. Já muitas vezes critiquei os imigrantes, com direito que tenho por ser um deles e por conhecer a realidade emigrante. Mas de maneira alguma, poderia aceitar que a nacionalidade de um Português seja colocada em causa tendo em conta a sua morada e a escolha de destino de férias. As criticas aos emigrantes só são descabidas quando atingem o todo. Se todos os emigrantes são incultos, o que me leva a pensar que qualquer Português tem mais capacidades intelectuais do que eu, e se isso for verdade acabamos por colocar em causa a competência dos Portugueses pois sendo assim Portugal deveria ser o país mais evoluído e rico da Europa.
Os incultos estão em todo o lado, um deles até escreve no Expresso opiniões que não lembrariam ao mais bronco dos broncos, o que prova que a cultura não é sinónimo de ter um canudo, pois ouvi dizer que este bronco até é licenciado em História.
Henrique Raposo diz que vê três "Portugais", se assim for, deverá deixar as drogas pois Portugal é só um e não é teu, é nosso!
41 Comentários:
quarta-feira, setembro 02, 2009 3:24:00 da tarde
Eu acho que se deixou a sua inteligência por Portugal é bom que passe por lá para buscá-la. É que a sua opinião pode até fazer todo o sentido, como fará certamente a opinião da figura que aqui refere, mas o modo como expõe a sua crítica e os argumentos que utiliza mostram que pelo caminho perdeu qualquer coisa que agora lhe faz falta. É que o insulto é apenas o argumento dos frágeis.
Mas compreende-se que pretenda chamar a atenção, e que através modo insultuoso pense que consegue fazê-lo.
quarta-feira, setembro 02, 2009 3:38:00 da tarde
Anónimo:
Não tenciono "invadir" Portugal nos tempos mais próximos. Ao contrário de Jesus eu não dou a outra face quando me provocam. Hoje somos provocados e damos a outra face, amanha somos provocados novamente e damos... o cu?
Não, eu acho que amor com amor se paga, olho por olho e assim as pessoas ficam nas mesmas circunstancias.
Estarei certo ao pensar assim? Depende da opinião, você tem a sua, eu tenho a minha e quem ler o que este senhor escreve, terá sua.
Na verdade, transcrevi o texto desta senhora, para nao dizer o que penso sobre ele, por isso nao me motive a faze-lo :)
Passe bem.
"Mas compreende-se que pretenda chamar a atenção, e que através modo insultuoso pense que consegue fazê-lo."
Você não acompanha este espaço regularmente, por isso o silencio teria sido o melhor caminho.
quarta-feira, setembro 02, 2009 3:49:00 da tarde
Já agora óh anónimo, onde estão os insultos usados por mim? Fiquem curioso...
"parece sofrer de perturbações mentais" é insulto? Estaremos a insultar alguém com esta frase/opinião? Está provado que não sofre?
"inserção de bestas na sociedade", já leu o que ele escreve?
"deu trabalho não remunerado", a não ser que seja este o insulto, e ele até receba alguma coisa da qual não paga impostos, ou saberíamos. Mas aqui não é insulto meu, é crime dele!
"devido à falta de cultura e intelecto", responder nos mesmo termos é insulto? Eu chamo-lhe resposta.
"se assim for, deverá deixar as drogas", sabe... o álcool é uma droga, refiro-me às minis que ele diz que os imigrantes bebem, quando eu só as encontro em Portugal, e sob o efeito delas dá para ver a dobrar e triplicar?
Quem és tu Henrique?
Eu respondi ao senhor Henrique assumindo a minha identidade e deixando o link para este texto... mas parece que só emigrantes sem cultura se identificam em comentários, os génios e Portugueses superiores recorrem ao anonimato, pois em breve todos os emigrantes serão terroristas... hoje invadem o país, amanha instauram uma ditadura fascista!
quarta-feira, setembro 02, 2009 5:12:00 da tarde
É a mania da generalização. Pagam sempre os justos pelos pecadores.
quarta-feira, setembro 02, 2009 5:24:00 da tarde
bruno sinceramente, só mesmo tu para me fazeres ler aquela espécie de texto sem ponta por onde se pegue...um nojo, um vómito de ideias, olha nem sei, porque nem ideias são...é o raio que o parta
acho que já teve muito mais atenção do que merecia
quarta-feira, setembro 02, 2009 6:43:00 da tarde
Nunca tinha ouvido falar desse liberal . Nunca li nada dele, e sinceramente, também não vou ler. Existe muito melhores historiadores. E mais experientes.
Chegou-me bem o que disse a Cristina Krippahl, que ela sim parece ter os pés bem assentes na Terra...
Todos os dias vejo testemunho injustiças, hipocrisias, falta de lógica nas instituições publicas, nas estradas portuguesas, nas ruas, em todo o lado aqui em Portugal , é claro que não é tão inseguro como se descreve, mas se calha a passar num bairro da lata com um audi é bom que se deixe os crucifixos e os bling bling em casa.
Sobretudo acho que com atitudes bairristas não se resolve nada.
Eu faço parte dos portugueses que estão cá e ainda esperam e lutam por algo melhor mas as unicas diferenças que noto são as pequenas inaugurações e obras que se fazem nas datas que antecedem as eleições, acho que ninguém partilha da mesma opinião que esses elitistas , as pessoas que conheço e fizeram vida lá fora para mim são mais que bem vindas e la por falarem outras linguas, isso não faz um português ser melhor que outro, ou mais português que o outro.
Todos os dias património português é vendido aos estrangeiros, isso não quer dizer necessariamente uma invasão.
Ele disse :
"Nós rejeitamos os emigrantes porque eles nos fazem lembrar aquilo que queríamos esquecer: o atraso histórico de Portugal. Os modos 'rurais' do emigrante recordam-nos que as marcas da modernidade só chegaram a Portugal na geração dos meus pais"
Mas ele fala no plural porquê ? Não sabe falar por si?
Não percebo tb a necessidade de se invocar a história e aplicá-la a estes tempos é óbvio que só serve um propósito a polémica.. E para quê essa polémica ?
É só essa a minha única questão
quarta-feira, setembro 02, 2009 6:45:00 da tarde
quarta-feira, setembro 02, 2009 6:51:00 da tarde
Achei a crónica dele ofensiva, não só para os emigrantes mas para nós, que não emigramos.
Não sei onde terá encontrado uma concentração tão grande de emigrantes para se irritar, mas ainda antes de eles chegarem em massa, com bom tempo não faltam filas irritantes no trânsito, esplanadas sempre cheias e praias a abarrotar. Que eu saiba não faltaram hoteis com vagas e comerciantes a reclamar que houve menos emigrantes este ano.
E gostava de saber que modos rurais são aqueles que ele fala, pois tirando aquela mistura de línguas, não me parecem muito diferentes dos portugueses que nunca saíram do país. Aliás, corrijo-me, por viverem em países mais evoluídos (culturalmente) têm uma maior abertura de espírito.
Acho que ele mostrou uma visão muito redutora sobre os emigrantes e também sobre os restantes portugueses.
quarta-feira, setembro 02, 2009 7:11:00 da tarde
Desculpem lá, mas alguém leu com atenção o texto em causa? Pelas opiniões aqui expressas vejo que não.
Raposo a certa altura diz:
"mas porque raio me irrito com os 'emigras'?". Antes de responder à pergunta, tenho outra confissão a fazer: devo um pedido de desculpas aos emigrantes. O incómodo que sinto diz mais sobre nós - os portugueses daqui - do que sobre os emigrantes - os portugueses de lá."
Ou seja, o autor reconhece que o incómodo que grassa pela nossa sociedade é culpa de quem cá fica! Portanto não percebo o porquê de atirarem tantas pedras ao homem, que até nem diz mentiras. Todos sabemos como o povo português gosta de estereótipos, logo se os nossos emigrantes têm a fama que têm, foi porque as primeiras gerações (a dos anos 70) fizeram por isso. Todos conhecem a mania dos emigrantes mais velhos para afrontar quem cá ficava. Lá diz o ditado que cada um só tem aquilo que merece... Mas também não é menos verdade que em Portugal o sucesso é invejado, e muito. Sendo o emigrante um lutador e um empreendedor nato, é um alvo natural para a inveja do conformismo reinante dos por cá ficam.
Agora essa tal senhora Cristina com apelido estrangeiro só me faz lembrar, o tão falado por Pessoa, provincianismo lusitano. É que não fica bem a ninguém falar mal do seu próprio país. É certo que transmite uma imagem de sofisticação e exigência, mas na medida certa, pois caindo no exagero a dita sra. dá a imagem de não conhecer nada do seu país, roçando a boçalidade e o ridículo.
Dizer asneiras como o "lixo nas ruas, nas matas e nas praias", "os carros em cima dos passeios", "as cuspidelas para o chão", "a prepotência da polícia" ou a "corrupção a todos os níveis da sociedade" é o mesmo que descrever um país do terceiro mundo. Nem eu descreveria melhor Angola, onde também fui emigrante... Se as coisas são assim na sua aldeia, tenho pena, porque a maioria do país já é mais desenvolvido que isso.
quarta-feira, setembro 02, 2009 7:59:00 da tarde
quarta-feira, setembro 02, 2009 8:06:00 da tarde
Bruno,
desculpa lá mas desta vez não tens razão (ou na totalidade). E alguns comentários também não são os mais apropriados. Presumo que tenhas lido a crónica.
Achas que aquilo é ofensivo para os emigrantes?
Quanto muito será para os que estão cá, mas nem esses devem ficar porque sabem bem que o que lá está escrito é verdade. Ou pelo menos é o que a maioria pensa (a tal generalização). E basta passar pelos blogues para ver que toda a gente pensa da mesma forma em relação ao atraso do país.
Ficarmos ofendidos com estas coisas faz-me lembrar o gajo que bate na mulher e anda com outras mas que se passa se ela o quiser deixar para estar com outro (exemplo radical, mas penso que percebes a hipocrisía).
Ou é isso ou sou eu que não sei ler. O que pode ser um facto.
Pelo sim, pelo não, aqui fica o link do texto em questão:
http://aeiou.expresso.pt/tres-portugais=f530857
quarta-feira, setembro 02, 2009 8:12:00 da tarde
E isto é só uma opinião pessoal (que no meu caso de pouco valerá), mas sou leitor assíduo do dito e acredita que ele tem textos excelentes e opiniões bem viáveis. E é daqueles que coloca o dedo na ferida.
quarta-feira, setembro 02, 2009 8:46:00 da tarde
Assim não vais arranjar um tacho no expresso:)
Sabes como se conhece um café em Paris? Pelas beatas no chão...
quarta-feira, setembro 02, 2009 9:10:00 da tarde
Primeiro:
Dizes que nao ofendeste mas vá, chamar besta "Programa de insersao de bestas na sociedade" é uma ofensa gordinha. Ao começar a ler isto pensei: "Oh, entao mas ele desta vez passou-se, só pode!".
Li a crónica. E nao gostei do que li. Porque como outros já disseram, ele tem a versao dos emigrantes dos anos 70 vá 80. Eu venho de uma familia de emigrantes. Conheci alguma da realidade de alguns que vinham passar as férias, e nao me parecia nada desajustada. Eu sou emigrante. Eu nao sou analfabeta nem burra, nem ando com a minha "fanfarrona bomba de matrícula amarela" até porque nao a tenho e as matriculas aqui nao sao amarelas.
Ao contrário do 13, eu acho que a crónica foi bastante ofensiva para as pessoas que continuam, hoje em dia, a sair de portugal porque vao à procura quer de mais oportunidades, quer de concretizaçoes pessoais. E sempre disse, e continuo a nao entender qual é o vosso problema, oh portugueses, contra nós que decidimos ter outro horizonte para olhar. Que decidimos ver noutras vidas e noutras culturas a nossa vida, e que decidimos nao ficar por aquilo que os nossos pais nos deram.(Na certeza de que os pais nos dao o melhor que podem)(alguns).
13, eu percebi a hipocrisia disto "Ficarmos ofendidos com estas coisas faz-me lembrar o gajo que bate na mulher e anda com outras mas que se passa se ela o quiser deixar para estar com outro"
Simplesmente nao acho que seja aplicavel aqui. Sinto, desde que me vim embora muitos dedos apontados por nao ter ficado.
Porque?
Acaso Portugal é o universo?
Para mim nao.
quinta-feira, setembro 03, 2009 12:00:00 da manhã
Quanto ao texto do Sr. Raposo, parece-me um texto com a intenção de ser polémico pela positiva mas que se ficou pela negativa.
Parece-me descuidado, ignorante, mesquinho. Inconsciente da realidade, com uma pontinha de inveja pela aparente abundância dos emigrantes.
Quanto ao texto da Sra Cristina Kripphal, não tenho nada a apontar.
Quanto ao teu texto, Bruno...
Confessa... Ainda te estás a conter, não estás???? Estavas meiguinho... :D
Portanto, vai lá medir a temperatura que deves estar doentinho... ;)
Em relação ao comentário do André Miguel:
"É que não fica bem a ninguém falar mal do seu próprio país. (...) Dizer asneiras como o "lixo nas ruas, nas matas e nas praias", "os carros em cima dos passeios", "as cuspidelas para o chão", "a prepotência da polícia" ou a "corrupção a todos os níveis da sociedade" é o mesmo que descrever um país do terceiro mundo. Nem eu descreveria melhor Angola, onde também fui emigrante..."
André Miguel, eu moro em Portugal, bastante perto duma capital de distrito, mas com muito contacto com o campo e com idas à praia.
E o que a Sra Cristina disse é a mais pura verdade.
Encontram-se lixos nas matas, e não estou a falar de papéis de rebuçado, estou a falar de pneus, electrodomésticos, colchões, resíduos perigosos, e as fantásticas (leia-se com ironia) "cascas" e "peles" resultantes da actividade sexual "segura", entre outros lixos.
Nas praias, desgosta-me a quantidade de beatas, pacotes vazios, papéis, etc, que se encontram na areia, fora as embalagens de plástico, garrafas de vidro e outras porcarias que o mar devolve.
Carros em passeios, sim, muitos, além de uma falta enorme de civismo em pessoas "normais" (fisicamente, pelo menos) a ocuparem os lugares de estacionamento reservados a deficientes motores, a grávidas e a pessoas com crianças de colo, e de determinadas construções serem feitas duma forma tão absurda que uma mãe com carrinho de bebé tem de ir para a estrada porque não consegue circular no passeio.
Cuspidelas, sim, e piropos arrogantes, e lixo atirado pela janela, ou simplesmente "deixado cair"do bolso, além dos cocós dos cãezinhos que não são limpos pelos donos, tudo isto no nosso chão.
Prepotência da Polícia, sim, que nos devia servir e que muitas vezes demonstra uma total falta de respeito para com quem paga os impostos que lhes paga o ordenado.
Corrupção, a todos os níveis, sem dúvida. Desde o "facilitismo", ao "fechar de olhos", à cunha, ao suborno, à chantagem........
Angola é um mundo à parte, e lá é tudo muito bom e muito mau, conforme o dinheiro e os conhecimentos que se têm.
Um colega meu chegou a dizer, um dia destes, uma frase que me fez rir, mas ao mesmo tempo, me horrorizou: "Devíamos ser como Angola, lá ao menos sabes a quem tens de pagar para que as coisas aconteçam e não temos de andar a pagar a muitos para ter o mesmo resultado!".
Infelizmente, tenho de dar razão à Sra Cristina.
Hoje em dia, merecíamos ser muito melhores do que o que somos, na generalidade do povo.
E embora me canse a chegada dos emigrantes no mês de Agosto, pela "invasão" que se sente, e brinque com expressões como "avecs", "óbidons", creio que, na maioria dos casos, é preciso uma, ou ambas, de duas coisas: muita coragem e muito desespero, para deixar "tudo e todos" e partir.
(continua)
quinta-feira, setembro 03, 2009 12:02:00 da manhã
(cont.)
Os meus pais vieram de Angola e estiveram ainda na Alemanha, no final dos anos 70.
Voltámos para cá, apesar da qualidade de vida lá ser melhor, porque queriam que nós fossemos Portugueses (no sentido de "criados em Portugal, na cultura portuguesa"), tinham orgulho na sua nação, na pátria. Não sei até que ponto não se terão arrependido dessa escolha.
Cresci nesta cultura, mas não cresci cega aos nossos defeitos nem deslumbrada pelo que vem de fora.
Todos os países têm defeitos, e devemos estar atentos aos nossos, isso não é "falar mal". É a consciencialização e a constatação de um facto.
Podemos ser melhores, como povo, porque não somos?
E se não conseguimos ser melhores, individualmente, na terra que nos viu crescer (eu ainda nasci em Angola), devemos procurar outra terra que nos permita esse crescimento.
Gosto muito de Portugal, mas o meu lar, é onde deito a minha cabeça na minha almofada e durmo de consciência tranquila. :)
O texto do Sr Raposo foi uma generalização infeliz de algo que já não existe nem se apresenta dessa forma, actualmente.
E para que conste, a minha avó paterna, que nasceu em 1913, sabia ler e escrever, tal como todos os filhos. E eram gente humilde e no entanto, 3 de 4 filhos tiraram cursos (professora, enfermeira e contabilista) mas cheguei a ouvir uma senhora da geração dos meus pais e tios a desculpar-se que só tinha a 4ª classe "porque naquele tempo era difícil". Difícil, sim, mas não impossível, porque quem queria a sério, conseguia, tal como fizeram os meus pais, que trabalharam para poder estudar.
Esse género de pessoa é o que está sempre pronto a criticar quem teve mais sucesso, sem querer ver que esse sucesso se deve a sacrifícios e muito trabalho.
Boa noite a todos. :)
Beijitos :)
quinta-feira, setembro 03, 2009 2:03:00 da manhã
Jane Doe,
é aí que discordamos. Eu não critico quem vai para fora (e só posso elogiar quem procura algo melhor para si - e esqueçamos a lenga-lenga do "desistiram do país", sff) e pelo que li não creio que o autor o faça também.
Claramente as nossas interpretações ao texto são totalmente opostas.
Quanto à hipocrisía, referia-me aos que cá estão que eventualmente ficaram ou ficarão ofendidos pelo texto, ou seja, pela crítica que ele faz ao nosso constante atraso.
Por fim diz-me só (sinceramente posso ser eu que não estou a apanhar - sem ironia) onde está a ofensa aos emigrantes:
«Há dias, o transtorno era tanto que até comecei a pensar nisto: "mas porque raio me irrito com os 'emigras'?". Antes de responder à pergunta, tenho outra confissão a fazer: devo um pedido de desculpas aos emigrantes. O incómodo que sinto diz mais sobre nós - os portugueses daqui - do que sobre os emigrantes - os portugueses de lá.
Nós rejeitamos os emigrantes porque eles nos fazem lembrar aquilo que queríamos esquecer: o atraso histórico de Portugal. Os modos 'rurais' do emigrante recordam-nos que as marcas da modernidade só chegaram a Portugal na geração dos meus pais. Na Europa rica, o êxodo rural deu-se no século XIX; em Portugal, a fuga para as cidades só ocorreu nos anos 60 e 70. Foi nessa época que os alentejanos, por exemplo, colonizaram a margem sul e os subúrbios orientais de Lisboa (uma epopeia que ainda está por contar). Nas Inglaterras e nas Holandas, a escolarização da população iniciou-se no século XIX. Em Portugal, a geração dos meus avós ainda era analfabeta. A geração dos meus pais foi a primeira geração de portugueses a ir à escola, para completar apenas a quarta classe»
Só para finalizar, se essa questão te afecta assim tanto, acredita que este país já não tem salvação, quer cá estivessem todos ou não. Não te preocupes com o apontar de dedo pois só tens que olhar para ti e saber se tomaste a decisão correcta. Não há mais ninguém que o pode dizer por ti. Mais a mais neste país cuja realidade, felizmente para ti, não conheces (ou conheces, o que te fez emigrar).
PS: Peço desculpa pelo comprimento da resposta :)
quinta-feira, setembro 03, 2009 2:04:00 da manhã
quinta-feira, setembro 03, 2009 2:13:00 da manhã
Fada,
"Podemos ser melhores, como povo, porque não somos?"
Tão simplesmente porque somos egoístas. Como um todo. Como país.
Custa dizer e ouvir mas é verdade.
Podemos ser na nossa maioria muito boa gente, muito bons amigos, filhos, pais, irmãos.
Podemos andar com cachecóis quando joga a selecção (de futebol) e parecermos um colectivo. Mas não somos, não temos dever patriótico. É cada um por si na hora da verdade.
Estou a generalizar? Talvez sim, talvez não. Mas há outra explicação? Ou é isso ou somos porcos, feios e masoquistas para estarmos sempre tão mal.
Tirei a noite para ser pessimista. E logo hoje que venho do divertidíssimo 'Inglorious Basterds'...
quinta-feira, setembro 03, 2009 2:17:00 da manhã
13:
Egoístas E invejosos.
Como o Bruno Fehr lembrou há tempos, daquela anedota dos caranguejos tugas, em que os outros puxam sempre para baixo o que tenta escapar.
E também temos o velho "A galinha da vizinha é melhor que a minha:", quando na verdade, a vizinha trabalhou mais e alimentou melhor a galinha dela, mas nós não vemos isso.
Enfim...
Não estejas pessimista, faz mal aos sonhos... ;)
Beijitos
quinta-feira, setembro 03, 2009 3:06:00 da manhã
Fada,
pois... E depois não fazemos nada nem deixamos fazer :s
Esqueci-me ali do sorriso para simbolizar ironia... :)
quinta-feira, setembro 03, 2009 4:59:00 da manhã
Só sei que depois de ler isto tudo ando cada vez mais convencida que o ideal é fazer as malas. Por váriadíssimos motivos.
quinta-feira, setembro 03, 2009 6:28:00 da manhã
Bahhh, mais um australopithecus a tentar garantir um tacho num jornal com crónicas à la merda. Já vi esse filme algum lado...
Pessoalmente não me ofendeu nada, achei patético e completamente insignificante.
Ó Bruno, que comentário-resposta (dessa tal Cristina) mais infeliz foste tu buscar. Não era necessário denegrir tanto a imagem de Portugal... Há muito pior e bem perto de nós!
quinta-feira, setembro 03, 2009 7:26:00 da manhã
Vani:
Seja o que for.
quinta-feira, setembro 03, 2009 7:26:00 da manhã
Inconstante:
Sorry :)
quinta-feira, setembro 03, 2009 7:26:00 da manhã
I.D.Pena:
"Existe muito melhores historiadores."
Espero que sim.
"Chegou-me bem o que disse a Cristina Krippahl, que ela sim parece ter os pés bem assentes na Terra..."
No entanto muitos Tugas vão ficar ofendidos com a verdade sobre o seu país.
"Todos os dias património português é vendido aos estrangeiros, isso não quer dizer necessariamente uma invasão."
Até porque os emigrantes só são estrangeiros nos países onde moram :)
"Mas ele fala no plural porquê ? Não sabe falar por si?"
Porque não se quer sentir sozinho no seu ódio.
quinta-feira, setembro 03, 2009 7:28:00 da manhã
Anónimo:
Nesses termos aqui não comenta, como pode ver o seu vómito foi apagado.
quinta-feira, setembro 03, 2009 7:28:00 da manhã
Allie:
"Achei a crónica dele ofensiva, não só para os emigrantes mas para nós, que não emigramos."
Sem dúvida nem que seja por falar no plural quando a opinião é dele.
"Não sei onde terá encontrado uma concentração tão grande de emigrantes para se irritar, mas ainda antes de eles chegarem em massa, com bom tempo não faltam filas irritantes no trânsito, esplanadas sempre cheias e praias a abarrotar."
Acho que ele queria sair do país nessa altura mas o Expresso não lhe paga, o livro não se vende e há excesso de professores de história.
"E gostava de saber que modos rurais são aqueles que ele fala, pois tirando aquela mistura de línguas, não me parecem muito diferentes dos portugueses que nunca saíram do país."
É uma forma de afirmar a sua superioridade.
quinta-feira, setembro 03, 2009 7:29:00 da manhã
André Miguel:
"Desculpem lá, mas alguém leu com atenção o texto em causa? Pelas opiniões aqui expressas vejo que não."
Com muita atenção.
"Ou seja, o autor reconhece que o incómodo que grassa pela nossa sociedade é culpa de quem cá fica!"
Ele simplesmente aponta essa mudança de discurso mas continua a atacar o emigrantes, simplesmente seleccionaste uma frase que está perdida no meio do texto.
"Portanto não percebo o porquê de atirarem tantas pedras ao homem, que até nem diz mentiras."
Não? Eles está a comparar os imigrantes actuais aos que emigraram em 1979, ou seja há 30 anos, onde a grande maioria está onde? Em Portugal já devidamente reformados, até porque os de matricula amarela são emigrantes de franca com reforma aos 55 anos.
"Todos sabemos como o povo português gosta de estereótipos, logo se os nossos emigrantes têm a fama que têm, foi porque as primeiras gerações (a dos anos 70) fizeram por isso."
O que rotula os actuais. Nesse tempo as mulheres andavam em Portugal de lenço na cabeça e não é essa a imagem que a Europa tem de Portugal. Se a mentalidade Europeia evoluiu, qual é a desculpa da dos Portugueses estagnar?
"Sendo o emigrante um lutador e um empreendedor nato, é um alvo natural para a inveja do conformismo reinante dos por cá ficam."
O que justifica estereótipos.
"Agora essa tal senhora Cristina com apelido estrangeiro"
Casamento, pois não há lei que nos obrigue a casar com Portugueses e a adopção do nome do marido é obrigatória.
"É que não fica bem a ninguém falar mal do seu próprio país."
Não é uma questão de aparências, é uma questão de confrontar as mentalidades para a verdade.
" pois caindo no exagero a dita sra. dá a imagem de não conhecer nada do seu país, roçando a boçalidade e o ridículo."
Exagero?
"Dizer asneiras como o "lixo nas ruas, nas matas e nas praias", "os carros em cima dos passeios", "as cuspidelas para o chão", "a prepotência da polícia" ou a "corrupção a todos os níveis da sociedade" é o mesmo que descrever um país do terceiro mundo."
Bem isso é a tua opinião, pois as nossas ruas são uma vergonha, as praias nem merecem bandeira azul e temos uma das duas policias europeias mais problemáticas que se auto-intitulam como autoridade o que é no mínimo ilegal, tão ilegal como as ilegalidades diárias no contacto com a população e exigência de identificação.
quinta-feira, setembro 03, 2009 7:29:00 da manhã
13:
"desculpa lá mas desta vez não tens razão (ou na totalidade)."
Razão tenho, tal como tu tens, podemos é não concordar.
"Achas que aquilo é ofensivo para os emigrantes?"
É uma tentativa de ofensa.
"Quanto muito será para os que estão cá, mas nem esses devem ficar porque sabem bem que o que lá está escrito é verdade."
Só o é pelas barbaridades terem sido escritas no plural.
"Pelo sim, pelo não, aqui fica o link do texto em questão:
http://aeiou.expresso.pt/tres-portugais=f530857"
O link está no meu texto.
"mas sou leitor assíduo do dito e acredita que ele tem textos excelentes e opiniões bem viáveis. E é daqueles que coloca o dedo na ferida."
Tentarei ler, mas as 3 que li foram no mínimo, tristes.
quinta-feira, setembro 03, 2009 7:30:00 da manhã
angelodias:
"Assim não vais arranjar um tacho no expresso:)"
Menos uma preocupação :)
quinta-feira, setembro 03, 2009 7:30:00 da manhã
Jane Doe:
"Dizes que nao ofendeste mas vá, chamar besta "Programa de insersao de bestas na sociedade" é uma ofensa gordinha."
Em que parte o é? Tudo depende da definição que deres a "besta".
"Ao contrário do 13, eu acho que a crónica foi bastante ofensiva"
Foi para os partiram e para os que ficaram ao terem de se identificar com tal anormal... e não, anormal não é necessariamente ofensa.
"E sempre disse, e continuo a nao entender qual é o vosso problema, oh portugueses, contra nós que decidimos ter outro horizonte para olhar."
O muitos quererem mas acharem que estão presos às raízes.
quinta-feira, setembro 03, 2009 7:30:00 da manhã
Fada:
"Quanto ao texto do Sr. Raposo, parece-me um texto com a intenção de ser polémico pela positiva mas que se ficou pela negativa."
Não consigo imaginar o lado positivo.
"Quanto ao teu texto, Bruno...
Confessa... Ainda te estás a conter, não estás???? Estavas meiguinho... :D
Portanto, vai lá medir a temperatura que deves estar doentinho... ;)"
Confesso que escrevi a resposta, mas não a publiquei o que não quer dizer que não o faca.
"André Miguel, eu moro em Portugal, bastante perto duma capital de distrito, mas com muito contacto com o campo e com idas à praia.
E o que a Sra Cristina disse é a mais pura verdade."
Vemos isso porque aqui não há um papel no chão e se há, não está lá há mais de 2h. Ao chegar a Portugal reparamos no colorido de objectos e papeis no chão. Quem os vê todos os dias aprende a ignorar.
"Cuspidelas, sim, e piropos arrogantes, e lixo atirado pela janela, ou simplesmente "deixado cair"do bolso, além dos cocós dos cãezinhos que não são limpos pelos donos, tudo isto no nosso chão."
Cuspir, os Alemães também cospem.
quinta-feira, setembro 03, 2009 7:30:00 da manhã
13:
"e só posso elogiar quem procura algo melhor para si"
Isso do procurar algo melhor nem sempre é o caso. Nunca foste a um local e pensaste: é aqui que quero viver? Eu já, e aqui estou.
"onde está a ofensa aos emigrantes:"
Está em:
"Invadir o pais" - O país é meu eu não o invado.
"Bombas fanfarronas" - Abre a janela e vê os carros dos teus vizinhos que para os pagarem comem sandes todos os dias. Quem pode pode, só quem não pode é fanfarrão.
"Os modos 'rurais' do emigrante" - No entanto chego a Portugal e vejo pessoas a falar tão mal ou pior Português do que pessoas que viveram aqui 40 anos. Vejo pessoas a comerem marrecas levando a cabeça ao garfo e não o garfo à boca. Vejo beber e conduzir. Vejo mastigar de boca aberta. Vejo mijar contra muros e passeios. Modos rudes?
Depois há as ofensas a quem ficou, referindo-se a Portugal como um país sofisticado.
quinta-feira, setembro 03, 2009 7:31:00 da manhã
provocação:
É um decisão tua e só tua que ninguém poderá criticar.
quinta-feira, setembro 03, 2009 7:31:00 da manhã
Sylvia FX:
"Bahhh, mais um australopithecus a tentar garantir um tacho num jornal com crónicas à la merda. Já vi esse filme algum lado..."
Dá para perceber.
"Ó Bruno, que comentário-resposta (dessa tal Cristina) mais infeliz foste tu buscar. Não era necessário denegrir tanto a imagem de Portugal... Há muito pior e bem perto de nós!"
Poderá haver pior, mas não acho que seja denegrir mas sim apontar a forma como vemos o país, eu chego e vejo que as ruas estão sujas, parecemos loucos a conduzir e não temos modos a comer lidar com terceiros e até a satisfazer necessidades fisiológicas.
quinta-feira, setembro 03, 2009 12:59:00 da tarde
Bruno,
tens razão, não é uma questão de estarmos certos ou errados e sim de concordância ou falta dela.
Mas tenho que insistir à conta da tua última resposta. Os termos utilizados por ele de invasão e da referência aos carros (ou bombas amarelas) não é mais do que pegar nas palavras dos que lidam com a chegada dos emigrantes em férias. E acredita que muito que nem lidam com eles dizem o mesmo.
Se é por inveja ou simplesmente dizer mal porque sim? Uma delas ou mesmo as duas. Está nosso sangue.
Sou-te muito sincero, nem acredito que aquilo sejam palavras dele (sentidas). Posso estar redondamente errado, mas aquela reunião de palavras é simplesmente um espelho dos portugueses em relação aos emigrantes.
E como te disse, só posso elogiar quem procura algo melhor. Ainda bem para ti e para quem tem esse espírito. A sério!
Porque como disse à Jane, este país já não tem salvação. São demasiados contra aqueles que acreditam que fazer as coisas correcta e humildemente, para se poder efectuar a mudança.
Eu se pudesse era que teria feito há muito tempo...
quinta-feira, setembro 03, 2009 2:05:00 da tarde
13:
"Quanto à hipocrisía, referia-me aos que cá estão que eventualmente ficaram ou ficarão ofendidos pelo texto, ou seja, pela crítica que ele faz ao nosso constante atraso."
Acho que interpretei ao contrário.
É assim:
Ele pede desculpa e diz que somos nós, os de cá, (eu aqui diria sao voces os de aí, mas eu tambem ja fui o voces, e parte de mim o é e sempre será) que nos lembramos, atraves dos emigrantes do atraso de Portugal. Mas como é que através dos emigrantes nos recordamos? Porque eles vêm de lá com os seus modos arcaicos, já caidos em desuso, quem sabe num falso desuso porque no fundo continuamos a ser assim, e por isso nos dói e incomoda. O problema é que os emigrantes já foram assim, e sao-no cada vez menos. E ele fala de nós como se continuassemos a ser a representaçao, no estrangeiro, do Portugal de antigamente, que talvez nao seja de tao antigamente. E mete no bolso todos. Mete-me no bolso a mim. E nao, eu nao me revejo nesse prototipo de emigrante que ele desenha ao longo do texto e aí está a ofensa. Meter todos dentro do mesmo saco, os antigos e os modernos, os de antes e os depois.
"Só para finalizar, se essa questão te afecta assim tanto, acredita que este país já não tem salvação, quer cá estivessem todos ou não. Não te preocupes com o apontar de dedo pois só tens que olhar para ti e saber se tomaste a decisão correcta. Não há mais ninguém que o pode dizer por ti. Mais a mais neste país cuja realidade, felizmente para ti, não conheces (ou conheces, o que te fez emigrar)."
A questao afecta-me porque fico triste ao ver que as pessoas ainda vêm o intercambio de culturas como um abandono, ainda se agarram tanto ao seu sitio e de la nao querem sair. Entristece-me quando isso vem de familia e amigos. Mas adiante. Nao é só o nosso país que nao tem salvaçao. Alias, o nosso pais tem salvaçao. Retirem de la os politicos que nao fazem um cu, só fazem cus para nos foder (desculpa mas tem sido assim...) e coloquem pessoas competentes, devolvam a confiança ao povo, e devolvam a responsabilidade ao povo por lutar por algo melhor(que convenientemente tambem se foi perdendo). Sem isso, claro, nao temos salvaçao.
Eu conheço a realidade portuguesa, a menos que tenha mudado muito em 1 ano e meio, logo ninguem me pode acusar de falar sem saber o que digo. (Eu sei tu nao me acusaste de nada:) só estou a marcar território... eheheheheheh)
Quanto ao longo da tua resposta... nao te preocupes, eu devolvo-te na mesma moeda e tudo resolvido!
;)
quinta-feira, setembro 03, 2009 4:35:00 da tarde
Jane,
o problema da generalização é esse mesmo, apanha todos em lugar da maioria.
É certo, tal como alguém já o disse (a Fada, creio) tentou marcar uma ideia e não se saiu da melhor forma. Pegou num exemplo para comparar o nosso atraso com grande parte do avanço da Europa (e não é com TGVs nem auto-estradas nem aeroportos que os alcançaremos).
E aproveito o que disseste para (na minha opinião) dar a perceber às pessoas que os políticos não são mais que um reflexo da sociedade no seu todo. A culpa, em último caso, é nossa, enquanto povo. Lamentavelmente.
quinta-feira, setembro 03, 2009 8:49:00 da tarde
13:
"o problema da generalização é esse mesmo, apanha todos em lugar da maioria."
E ele, se chega a poder escrever para um jornal como o expresso deveria ter inteligência suficiente para contornar a situaçao da generalizaçao, e nao meter tudo no mesmo saco. Quanto ao "confesso..." que ele usa, eu senti isso com uma ponta de ironia, confesso, eheheh.
Nao me vou por a tecer comentários sobre o senhor, porque nao faço ideia quem seja, apenas digo que concordo que se quis marcar numa opiniao, mas que nao deve ter pensado muito ao faze-lo.
Quanto aos politicos, tens razao. Dai a eu ter falado da responsabilidade que, convenientemente se foi perdendo, por parte do povo.
:)
domingo, setembro 06, 2009 10:32:00 da tarde
Caro Bruno Fehr
Cheguei aqui à procura de outras informações, mas considerei este assunto interessante. Não li nem pretendo ler o artigo do "Expresso" que motivou a tua crítica. Por isso não comento a tua resposta. Quero somente referir-me a uma questão que quase todos os comentadores referiram, a questão cultural. É nítido que os portugueses, no geral, são porcos e maus. A Fada escalpelizou os efeitos dessa incultura, egoísmo e falta de cidadania. Eu próprio sinto os efeitos disso. Há quem me considere estranho porque guardo os papéis dos rebuçados no bolso, por exemplo, em vez de simplesmente os deitar para o chão. Guardo os papéis até passar por um caixote do lixo. O argumento invocado é o da irrelevância desse acto, pois já há tanto lixo no chão que não será o meu papel a causa de qualquer catástrofe. O que as pessoas estranham é que eu pense em termos gerais e não só no meu umbigo.
Bom, depois desta tirada só quero salientar aquilo que vi durante o mês de Julho, no Algarve. Muitos estrangeiros e muitos emigrantes. O que eu não compreendo é o facto de os nossos emigrantes, aparentemente, fazerem tudo aquilo que lá fora não fazem. E os estrangeiros fazem também o que, aparentemente, não fazem nos países de origem. Refiro aparentemente porque, tirando a Espanha, não conheço outros países. Tenho de me basear naquilo que ouço e leio da parte daqueles que estiveram "lá fora". E então, o que fazem "eles" quando estão "cá dentro"? Pois, o mesmo que a Fada referiu: estacionam em cima dos passeios, conduzem como loucos assassinos, deitam o lixo na rua, na praia, pela janela do carro, cospem no chão, os cães andam sem trela, urinam e defecam em qualquer lado, sem qualquer tipo de preocupação por parte dos donos. Andei de bicicleta em vários parques e via "eles" a sujarem descontraidamente a mata. Claro que isto não é geral, nem todos o faziam. Mas muitos o faziam. Recordo-me particularmente de um casal (pareceu-me inglês, embora não tenha a certeza) que estranhou a minha abordagem, respondendo à minha pergunta (se no país deles fariam o mesmo) primeiro com um "não", depois com um "quem se preocupa? Olha à tua volta, acreditas mesmo que tenhamos sido nós a fazer todo este lixo?". Claro que poderás argumentar que foi um exemplo isolado e infeliz. Bom, vi muitos exemplos isolados e infelizes. Também podes argumentar que eu sou xenófobo e persigo "eles". No entanto, há por aí um indivíduo que se entretém a mostrar fotos de estacionamento selvagem (http://carmoeatrindade.blogspot.com/) e entre essas fotos também há de "eles", especialmente no Algarve. Também não posso olvidar os exemplos daqueles meus conhecidos que dizem maravilhas da França, da Alemanha, da Suíça e depois estacionam o carro em cima do passeio e atiram a beata para o chão com a maior naturalidade.
Posto isto, a pergunta que te faço é a seguinte: porque razão quem nos visita não consegue impor a sua "cultura superior"? Porque razão os milhares que saíram daqui ao longo destes últimos 50 anos e voltaram para acabar aqui os seus dias, não conseguiram inverter esta mentalidade local? Ao invés, parece até que tanto estrangeiros como emigrantes se deixam com facilidade corromper pela nossa "cultura inferior". (Quero realçar que coloco cultura entre aspas porque me refiro exclusivamente a este tema de cidadania. Não me refiro àquilo que vulgarmente se associa a cultura, como o folclore, a gastronomia ou outros que tais.)
Boas pedaladas.
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