O país empresa - Parte 2

Texto anterior: Parte 1

Começo com a definição em qualquer dicionário Português de:

sociedade

s. f.
. Reunião de pessoas unidas pela origem ou por leis.
. União de pessoas ligadas por ideias ou por algum interesse comum.
. Reunião de pessoas que se juntam para conversar ou conviver; reunião.
. Conjunto de pessoas de uma mesma esfera.
. Casa onde se reúnem as pessoas unidas por um interesse ou ideias comuns.
. Associação.
. Solidariedade de interesses.

Uma definição que me faz rir por estar incompleta em relação às definições da mesma palavra em dicionários mais antigos e com dicionários de outras línguas, apesar de referir que a sociedade é composta por pessoas e não por seres humanos (ver diferença neste texto), peca pela ausência de um pequeno detalhe: não especifica que é uma reunião voluntária, e isso é muito importante pois deixa claro que somos livres de não fazermos parte dela não tendo de nos submeter a convenções sociais, pois elas não são leis, são regras e uma regra não é uma obrigação a cumprir, pois fazer batota é humano, é normal e não é crime. A lei é para cumprir. Os decretos-lei ou estatutos são para nos confundir. As regras são opcionais e servem só para quem quer jogar o jogo. Pois na verdade a sociedade não é só isto, a sociedade são os membros dominantes de uma comunidade, pessoas unidas por consentimento mutuo. Um imigrante em Portugal entra imediatamente para a comunidade mas não para a sociedade pois ela é composta por pessoas em consentimento mutuo, para o imigrante entrar ele tem de entrar por querer e quem está na sociedade tem de o aceitar. É por isso que quando um não Português pede a nacionalidade Portuguesa precisa de: Ter direito a ela quer seja por direito de sangue ou por casamento e dar provas de estar inserido na comunidade. Obviamente a lei neste aspecto não fala em sociedade pois são coisas diferentes.

A ilusão criada sobre nós é isto mesmo, fazer acreditar que a comunidade é a sociedade e que somos pessoas quando na verdade somos seres humanos que possuímos uma pessoa que nos foi dada pelo estado sob a forma de documentos, numa idade em que ainda não tínhamos a capacidade de consentir ou negar.

Um país (por exemplo Portugal) é composto por:

-Um Presidente da Republica que é uma pessoa eleita directamente pelo povo.

-Um Primeiro-Ministro que é uma pessoa eleita indirectamente pelo povo. Digo indirectamente pois é uma pessoa que faz campanha e é nessa pessoa que queremos votar mas não podemos, temos de votar num partido. Isto significa que quando esse partido ganha, se por algum motivo a pessoa que o representa não puder liderar um outro Primeiro-Ministro será eleito pelo partido e não pelo povo. Temos o exemplo de Tony Blair que ao ter abandonado o poder, o passou para as mãos de Gordon Brown. Temos o exemplo de Durão Barroso que ao ter abandonado o poder, Santana Lopes foi escolhido para o substituir. Isto é legal, pois a pessoa que faz a campanha cria a ilusão que vamos votar nela, quando na verdade votamos num grupo.

-Uma Assembleia da Republica com pessoas demais, que não são eleitas directamente pelo povo mas sim escolhidas pelos partidos políticos, pessoas que podem ceder os seus lugares a outras, pessoas que não são obrigadas a deixar as suas actividades profissionais durante os 4 anos em representação do povo, e que por isso deixam a Assembleia às moscas, pois de acordo com o Presidente da Assembleia da Republica, eles não ganham o suficiente como deputados.

-O presidente da Assembleia da Republica uma pessoa não eleita pelo povo que se pode tornar presidente da Republica, temporariamente, no caso da incapacidade do Presidente eleito liderar.

Tudo isto é realmente estranho. A quantidade de pessoas que não elegemos e que serão as que irão criar "leis" que nos afectam directamente e onde a única pessoa que elegemos directamente, o Presidente da Republica, tem poderes limitados.
Eu referi "lei", pois estatutos governamentais e decretos-lei não são leis, mas muitos de nós acreditamos que temos de os/as respeitar e cumprir, algo que na verdade é uma ilusão. Só temos de cumprir decretos-lei quando passarem a lei e muitos são simplesmente implementados.

Somos levados a pensar que a constituição defende os nossos direitos e ouvimos muitas vezes falar em "inconstitucionalidades", que são violações ou conflitos com a constituição mas que com pequenas alterações de perspectiva acabam por se contornar as inconstitucionalidades e são aprovadas na Assembleia da Republica. Isto acontece porque o que está escrito na constituição da republica não são leis, são estatutos e isso significa que o governo não tem de se submeter a ela, tal como nós não temos. Só a lei governa, estatutos e decretos são ilusões de lei.

Se uma empresa despede todos os seus directores e contrata novos, o rumo da empresa não muda, poderá é tornar-se mais ou menos lucrativa e é assim que a Assembleia da Republica é gerida. Eles são os directores de uma empresa que é o país, são os que gerem os fundos, os que autorizam e desautorizam o governo e onde o Presidente da Assembleia é o moderador e o Presidente da Republica, aquele que é eleito pelo povo, é e deve manter-se como um mero observador até que observe ilegalidades contra os interesses do povo. É por os deputados serem administradores do país que nada muda, mudam as moscas mas o rumo mantém-se.

A Assembleia da Republica Portuguesa é uma empresa, sabiam? Claro que não, poucas pessoas não ligadas à politica e/ou Maçonaria o sabem. Tudo é uma empresa nos dias que correm. Provas preto no branco? Arranjam-se...
Já ouviram falar em Dun & Bradstreet? É uma empresa onde nos podemos informar se uma empresa na qual queremos investir, é ou não rentável, se tem dividas, etc, etc. Eles trabalham com empresas e corporações (grupos de empresas onde os países estão incluídos), e trabalham com 160 milhões de corporações em todo o mundo. Visitem o site deles que é:
Dun & Bradstreet no site, do lado direito encontram um motor de busca, seleccionem Portugal e escrevam Assembleia da Republica, irão dar a dois resultados, duas empresas. A actual Assembleia e os Ex-Deputados que de certa forma e por motivos que ainda não esclareci ainda são empresa.

Outros casos: aqui

Próximo texto: Parte 3


15 Comentários:

  caditonuno

segunda-feira, setembro 14, 2009 12:38:00 da tarde

nao acho que haja solidariedade de interesses, mas sim sociedade de interesses.

  Anónimo

segunda-feira, setembro 14, 2009 1:03:00 da tarde

"O Presidente da República tem poderes limitados."

Não vivemos nem na corte de Luís XIV, nem em qualquer espécie de regime absolutista. A Assembleia da República tem poderes limitados. O Governo tem poderes limitados. Os Tribunais têm poderes limitados. Todos os poderes são limitados por outros poderes. Talvez não tenha dado conta, ou não tenha entendido bem o conceito de "Estado de Direito Democrático", por acaso até está bem explicadinho na "tal" Constituição da República (no artigo 2º).

O Presidente da República tem o poder de escrutínio que lhe está consagrado na Constituição da República Portuguesa, que é uma Lei que superintende o Estado e as restantes Leis do país. E embora limitado, o PR não exerce um poder despiciendo. Confere a constitucionalidade das leis. Pode dissolver a Assembleia da República. Exonerar o Governo, se houver razões para tal. Coisa pouca, portanto...



Há uma grande confusão neste texto sobre o que é uma Lei, apresentando uma mistura de conceitos que revelam desconhecimento sobre esta matéria. Em Portugal, a iniciativa legislativa compete ao Governo e à Assembleia da República. O Governo através de duas formas: de propostas à Assembleia e também de decretos-lei. A Assembleia da República através de projectos de Lei.

Centremo-nos nos decretos-lei. Um decreto-lei nasce da iniciativa legislativa do Governo, e depois de aprovado em conselho de ministros, promulgado pelo Presidente da República, e publicado em Diário da República tem a mesma validade de qualquer outra lei ordinária.

Julgo que existe neste texto um desconhecimento profundo sobre este tema, não seria de todo má ideia aprofundar o estudo.

p.s. Não compreendo a estranheza por ter descoberto que a Assembleia da República exerce uma actividade económica. É assim com qualquer entidade que tenha actividade dentro do sistema económico de um país, quer tenha como objectivo a persecução do lucro ou não.

Bastará consultar os dados da Direcção-Geral da Actividades Económicas, ou qualquer mecanismo de pesquisa sobre os organismos, empresas, que exercem actividade económica. As listas são públicas, não é nada secreto, não está escondido, e ao contrário do que você diz qualquer pessoa que tenha dois dedos de testa percebe isso. Basta olhar para lá.

Estranho seria se assim não fosse, e se AR pagasse aos fornecedores, às pessoas que lá trabalham, electricidade, água, gás, com dinheiro caído do céu aos trambolhões, ou se a AR praticasse uma actividade económica ilegal, paralela e não sujeita a regras.

A Assembleia da República, como qualquer organismo do sector público que exerça uma actividade económica está registada para tal. Tenho a certeza de que se fizer uma busca por "ministério" vão surgir-lhe uma série deles.

Para esclarecimento, os "Ex-Deputados" não são nenhuma organização do além, mas sim a AEDAR - a Associação dos Ex-Depiutados da Assembleia da República, que junta não apenas antigos deputados da AR, mas antigos membros de outros parlamentos. Não é ilegal, o exercício de associação é permitido e amplamente fomentado (olhe, está na Constituição). Se aparece com registo de actividade económica? E então, olhe também a Associação dos Deficientes das Forças Armadas aparece e ninguém questiona isso isso. A AEDAR só é secreta para si, que escreve sobre o que não sabe.

Já viu, aprendeu algumas coisas e nem sequer precisou de pagar por isso.

  MIB

segunda-feira, setembro 14, 2009 1:24:00 da tarde

xiii Bruno,

Que má vontade...

A assembleia da républica aparece com o CAE(Código de actividade empresarial) 84112 - Administração Regional Autónoma

Isto é um corpo administrativo que tem que ter contas públicas(pena que não o sejam) e validades por revisores oficiais de contas, e então? Se isso não acontecesse então é que os deputados faziam viagens de trabalho profissional à Jamaica ou a Las Vegas a torto e a direito, quanto à dos ex-deputados o CAE é 94995 - Outras actividades associativas, n.e. que por comparativo é uma associação sem fins lucrativos de carácter recreativo/cultural... Deve ser um clube de amigos das jantaradas...

O que é referido em termos contabilisticos não faz com que se torne uma empresa(por exemplo se pesquisares por Augustuna irás ver que têm o mesmo CAE da associação de ex-deputados e garanto-te que são tudo menos uma empresa ;)

  I.D.Pena

segunda-feira, setembro 14, 2009 2:11:00 da tarde

Bom dia .

Ora cá está uma coisa que não se fala muito, ou pelo menos evita-se tocar no assunto e em qualquer lado, especialmente nos me(r)dia.

Mais uma vez louvo a tua au(s.a.)dácia.

Montes de pessoas percebem disso mas tarde demais, mas será alguma altura é tarde demais ?

Não querendo passar como derrotista, a verdade está praticamente escarrapachada nos nossos olhos, daí aquela lenga-lenga em terra de cegos o que tem 1 só olho é rei.

(Antes de ontem tive a ver o they live de jonh carpenter e sempre me identifiquei um bocado com o gajo momentos depois de ter descoberto que aqueles óculos escuros conseguiam decifrar uma série de mensagens subliminares directamente para o cerebro.
O engraçado é que depois nós é que nos sentimos aliens por existir tanta alienação da parte do estado.

Outra curiosidade:

http://aculturaeparasecomer.blogs.sapo.pt/arquivo/184310.html

  Bruno Fehr

segunda-feira, setembro 14, 2009 2:14:00 da tarde

caditonuno:

"nao acho que haja solidariedade de interesses, mas sim sociedade de interesses."

Sem dúvida.

  Bruno Fehr

segunda-feira, setembro 14, 2009 2:14:00 da tarde

Anónimo:

"Não vivemos nem na corte de Luís XIV, nem em qualquer espécie de regime absolutista."

Não? Essa é boa. Parto do principio que temos influencia nas decisões politicas, e que são feitos referendos em assuntos importantes...

"A Assembleia da República tem poderes limitados. O Governo tem poderes limitados. Os Tribunais têm poderes limitados. Todos os poderes são limitados por outros poderes."

Excepto 1, o poder politico.

"E embora limitado, o PR não exerce um poder despiciendo. Confere a constitucionalidade das leis. Pode dissolver a Assembleia da República. Exonerar o Governo, se houver razões para tal. Coisa pouca, portanto..."

Sim muito pouca visto que as leis, ou melhor, os decretos-lei que veta, voltam à Assembleia são pintados de outra cor e voltam para aprovação Presidencial, e a Assembleia pode retocar um decretos mais vezes do que as vezes que o Presidente pode votar.
Quanto a dissolver o governo, é preciso ser um caso flagrante de incompetência quando deveria bastar a incompetência.

"Há uma grande confusão neste texto sobre o que é uma Lei, apresentando uma mistura de conceitos que revelam desconhecimento sobre esta matéria."

Incorrecto da sua parte meu caro. Não há confusão nenhuma o que há é falta de informação da sua parte.

"Centremo-nos nos decretos-lei. Um decreto-lei nasce da iniciativa legislativa do Governo, e depois de aprovado em conselho de ministros, promulgado pelo Presidente da República, e publicado em Diário da República tem a mesma validade de qualquer outra lei ordinária."

Errado, tem a forca da lei o que não faz de um decreto uma lei.

"Julgo que existe neste texto um desconhecimento profundo sobre este tema, não seria de todo má ideia aprofundar o estudo."

O desconhecimento existe num único detalhe que estará presente no último texto, fora isso não há dúvidas.

"p.s. Não compreendo a estranheza por ter descoberto que a Assembleia da República exerce uma actividade económica."

Eu escrevi isso? A estranheza não é a sua actividade económica, nem o facto de actuar como uma empresa, mas sim o facto de o ser e de estar cotada em bolsa.

"Bastará consultar os dados da Direcção-Geral da Actividades Económicas, ou qualquer mecanismo de pesquisa sobre os organismos, empresas, que exercem actividade económica."

O que esclarece muito pouco sobre a actividade e não refere a constituição de empresas. Supostamente as prisões não deveriam buscar lucros mas sim deter e disciplinar, desde o momento que começam a ser disfarçadamente privatizadas passam a buscar lucros e onde fica a sua principal função quando ela deixa de o ser?

"Não é ilegal, o exercício de associação é permitido e amplamente fomentado (olhe, está na Constituição)."

A constituição é um pedaço de papel e nada mais. Está muita coisa na constituição à qual não é dado qualquer valor, quer pelo estado, quer pelo povo. Leu-a ultimamente e olhou à sua volta?

"A AEDAR só é secreta para si, que escreve sobre o que não sabe."

Alguém falou em secretismo? O único secretismo está na criminalidade maçónica, que são grupos com fins económicos e lucrativos e não são empresas nem existe qualquer registo ou cotação feito em qualquer nome. Não existe nada e no entanto o poder está lá e eles possuem poder.
Conhece a maçonaria? Pelo seu discurso acredito que sim.

"Já viu, aprendeu algumas coisas e nem sequer precisou de pagar por isso."

Tento sempre aprender, mas não foi o caso.

  Bruno Fehr

segunda-feira, setembro 14, 2009 2:14:00 da tarde

MIB:

"A assembleia da républica aparece com o CAE(Código de actividade empresarial) 84112 - Administração Regional Autónoma"

Correcto, no entanto não deveriam ser negociadas acções desse corpo, tendo em conta que é uma actividade onde um único dia de trabalho poderá influencias o valor das opções sem que isso influencie o país, acabando mais tarde por o influenciar de qualquer maneira.

"O que é referido em termos contabilisticos não faz com que se torne uma empresa"

Mas essa não é a questão, a questão é que é uma empresa e não deveria ser e está cotada, tal como qualquer partido, grupo empresarial ou associação Portuguesa. Apesar de em Portugal haver diferenças significativas em relação ao resto da Europa no que se refere a este assunto, no fundo vai dar ao mesmo.
As diferenças centram-se no Presidente da Republica não ser uma empresa nem poder estar ligado a outras empresas (entenda-se partidos políticos), mas no entanto essa questão foi ultrapassada, de uma forma que acho brilhante.

Até o tribunal constitucional é uma empresa e está contado. Portugal não é pior que os outros países, é igual!

  MIB

segunda-feira, setembro 14, 2009 3:16:00 da tarde

Bruno

Agora não percebi, está cotada aonde?

Aquele site que deste é do reporte e informação contabilistica da assembleia da républica bem como de todas as empresas e associações legalmente constituidas e registadas o que não faz com que esteja cotado, também surge a augustuna como te disse e essa juro a pés juntos que não está cotada em bolsa, aliás da última vez que verifiquei o registo contabilistico deles era uma toalha de mesa de papel com o consumo das grades de cerveja ao longo dos anos...

  MIB

quarta-feira, setembro 16, 2009 4:01:00 da tarde

Parece que fiuei sem saber onde está cotada a assembleia :(

  Bruno Fehr

quarta-feira, setembro 16, 2009 11:45:00 da tarde

MIB:

"Agora não percebi, está cotada aonde?"

Na bolsa de valores, sob que nome nao sei, mas os partidos europeus usam nomes de diplomatas. No que toca a outros países existem grupos organizados com recursos financeiros para obterem essas informacoes. Eu nao tenho os recursos para comprar os relatorios de todas estas instituicoes.

Esta série terá mais dois textos, o mistério para mim ainda é o Portugal Lda, e desse sim, estou disposto a saber o nome pelo qual é transaccionado se a investigação me levar às mesmas conclusões de Inglaterra, Franca e Alemanha.

"Aquele site que deste é do reporte e informação contabilistica da assembleia da républica bem como de todas as empresas e associações legalmente constituidas e registadas o que não faz com que esteja cotado"

É uma empresa de investimentos bolsistas com quem a minha empresa trabalha regularmente. Os relatórios deles possuem no topo, o ou os nomes pelos quais as opções são transaccionadas.

"também surge a augustuna como te disse e essa juro a pés juntos que não está cotada em bolsa, aliás da última vez que verifiquei o registo contabilístico deles era uma toalha de mesa de papel com o consumo das grades de cerveja ao longo dos anos..."

Nem todos estarão obviamente cotados, mas os partidos políticos e instituições estão. Muitos países não estão cotados, por exemplo os EUA e Reino Unido estão cotados e desses sei o nome das opções, mas o Canadá não está pois as acções são da população, cada pessoa obtém direito sobre uma acção ao nascer. Essas informações são dadas pela Freeman Society do Canadá.

  Migas-o-Sapo

quinta-feira, setembro 17, 2009 2:21:00 da tarde

Lamento, Bruno, mas acho que o Anónimo e o MIB têm razão.
Li este texto e a primeira parte e concordo em parte. Aliás, é tudo tão claro e evidente que até estranho não teres dado por isso antes... apesar de não da maneira como o referes.
O país, este ou outro, não é uma empresa. O Estado é que pode ser entendido como um grupo empresarial se considerarmos que é um organismo que gere empresas e institutos públicos.
O Banco de Portugal ou qualquer outro é, claro, um banco privado do Estado. Foi para isso que foi criado. Para a população em geral existem os bancos comerciais. Também, se formos a ver, que banco no seu perfeito juízo concederia crédito ao Governo, com tanta asneira financeira que ele faz?
Claro que a Constituição são uns estatutos. De facto, chama-se assim para se distinguir dos outros textos constituintes (de empresas, clubes, associações, etc.). Esta está até a precisar de uma reforma. Foi mal feita de raiz (não censuro o C.D.S. por não ter votado a favor dela) e as sucessivas alterações tornaram o texto amorfo como uma manta de retalhos. Faz falta uma nova, mais bem feita e com os mesmos direitos mas um novo funcionamento e modelo de Estado.
É tão verdade a Assembleia ou o Tribunal Constitucional estarem cotados em bolsa quanto eu ser o rei. Porém, tal como disse noutra ocasião, retiro obviamente o que disse se me deres provas do que dizes.
Os poderes limitam-se uns aos outros, o que há é uma intromissão do poder político nos outros.

  Migas-o-Sapo

quinta-feira, setembro 17, 2009 2:36:00 da tarde

Parece-me evidente que quer o Governo quer o que quer que seja em Portugal está sujeito à Constituição. Aliás, se a lesses, depressa descobririas isso.

Já há longo tempo que me tenho preocupado com a representatividade ou não dos deputados. De facto, eles não são directamente eleitos, como dizes, o que cria um lapso na Democracia. Por muito que digam o contrário, as eleições legislativas não são para eleger deputados mas sim o Governo. (O Governo, um grupo, não um só ministro, devo acrescentar, caro Bruno, razão pela qual votamos no grupo e não na pessoa.) Isto cria um ciclo vicioso pois a Assembleia torna-se não numa câmara representativa mas num apoio ou estorvo, conforme o resultado das eleições, o que faz dela tendenciosa para o Governo ou para a oposição e não neutra, como deveria ser.
O que eu sugeria era que se fizesse o seguinte. Faziam-se duas eleições separadas, Legislativas e Parlamentares, à semelhança do que se faz nas Autárquicas, em que se elege a Câmara ou Junta em separado da Assembleia. Podiam até ser feitas no mesmo dia. Cada deputado seria o vencedor de entre outros candidatos num determinado círculo eleitoral, daqui resultando que haveria um deputado eleito directamente por cada concelho, por exemplo. Assim, a Assembleia não estaria disposta por partidos mas por regiões e seria não tendenciosa, a não ser que corrompida, mas sim verdadeiramente independente do Governo. Livre de disciplinas partidárias e outros empecilhos.
Que achas disto, caro Bruno?

  Bruno Fehr

quinta-feira, setembro 17, 2009 4:04:00 da tarde

Migas-o-Sapo:

"O país, este ou outro, não é uma empresa."

Hmmm, eu ainda não falei do país. Falei da Assembleia da republica, que não é entendida como uma empresa, pois se fosse "entendida" não estaria no site onde se encontra.

"O Estado é que pode ser entendido como um grupo empresarial"

"Entendido" não se aplica. A questão de "entendimento" não leva uma instituição a grupos de investimento. A minha mãe orientava o dinheiro em casa e pode ser entendida como uma empresa, no entanto nenhum grupo financeiro pode investir nela.

"O Banco de Portugal ou qualquer outro é, claro, um banco privado do Estado."

Errado, nenhum Estado tem um banco privado, caso contrário imprimiriam dinheiro para pagamento das suas dívidas.

"Também, se formos a ver, que banco no seu perfeito juízo concederia crédito ao Governo, com tanta asneira financeira que ele faz?"

Qualquer banco, pois o crédito não é dado ao governo mas sim ao povo, onde o pagamento é garantido sob a forma de impostos. A dívida externa não é do governo, é minha e é tua no entanto é governo que pede esse dinheiro.

"É tão verdade a Assembleia ou o Tribunal Constitucional estarem cotados em bolsa quanto eu ser o rei."

Eu apresento dados sobre a cotação, excepto o nome sob o qual é cotado, pois não tenciono gastar 700 euros para o descobrir. No entanto apresento a possibilidade de o descobrirem, o que é mais do que aquilo que me dizes.

"Porém, tal como disse noutra ocasião, retiro obviamente o que disse se me deres provas do que dizes."

Ora lá está. Existe a ideia de que tenho de dar provas de tudo só para esclarecer pontos de vista ignorantes. Eu disse onde podem descobrir isso. Mandas vir o relatório desta empresa e logo no topo vem o ou os nomes sob o quais as opções bolsistas são transaccionadas.

A assembleia está listada neste grupo, isto é um facto. Mas és tu que não parece acreditar que terás de provar o contrario. Eu apresento algo, tu não apresentadas nada a não ser uma opinião pessoal sem fundamento.

  Bruno Fehr

quinta-feira, setembro 17, 2009 4:08:00 da tarde

Migas-o-Sapo:

"Parece-me evidente que quer o Governo quer o que quer que seja em Portugal está sujeito à Constituição. Aliás, se a lesses, depressa descobririas isso."

Sim teoricamente assim o é, mas a lei não obriga ao cumprimento de Estatutos, esse cumprimento é feito por consentimento. É por isso que basta ler a constituição e olhares à tua volta para veres que ela não é cumprida.

"Podiam até ser feitas no mesmo dia. Cada deputado seria o vencedor de entre outros candidatos num determinado círculo eleitoral, daqui resultando que haveria um deputado eleito directamente por cada concelho, por exemplo."

Tal como as eleições americanas para o Senado!

  Migas-o-Sapo

domingo, setembro 20, 2009 5:38:00 da tarde

«"Entendido" não se aplica. A questão de "entendimento" não leva uma instituição a grupos de investimento. A minha mãe orientava o dinheiro em casa e pode ser entendida como uma empresa, no entanto nenhum grupo financeiro pode investir nela.»

Semântica, meu caro. A relação que estabeleces apenas tem sentido em termos metafóricos. Eu usei o termo «entendido» como forma de melhor explicar o caso exposto.

«nenhum Estado tem um banco privado, caso contrário imprimiriam dinheiro para pagamento das suas dívidas.»

Claro, como se tal não acontecesse...

«A dívida externa não é do governo, é minha e é tua no entanto é governo que pede esse dinheiro.»

Infeliz realidade, sim senhor.

«Existe a ideia de que tenho de dar provas de tudo só para esclarecer pontos de vista ignorantes.»

Parece-me evidente, não? Quando alguém defende alguma afirmação tem de o provar se quer que os outros acreditem nele. Se fores a tribunal, verás que tudo se rege pelo mesmo princípio e aí os juízes são os tais ignorantes. É uma questão de coerência e credibilidade. (Não é uma crítica, é uma mera chamada de atenção.) O que acontece é que todos estes organismos têm, e isso é do perfeito conhecimento público, um ou mais fundos de reserva ou uso corrente. Como tal, têm de estar registados e possuir número de contribuinte fiscal em nome de pessoa colectiva. No caso dos partidos, jamais veremos um cotado em bolsa, isso seria suprassurreal. Vemos sim várias empresas e grupos económicos cujos dirigentes e principais accionistas são manifestamente apoiantes ou militantes de determinados partidos cotados em bolsa. Basta ver isso em qualquer jornal.

«a lei não obriga ao cumprimento de Estatutos, esse cumprimento é feito por consentimento. É por isso que basta ler a constituição e olhares à tua volta para veres que ela não é cumprida.»

Aconselho-te a ler a Constituição e, já agora, o Código Penal. Se a Lei fosse facultativa, o país estaria mergulhado na pura anarquia, o que ainda não acontece, apesar dos sucessivos e descarados desrespeitos e violações a que ela é sujeita, não por inconsentimento mas por falta de poder da autoridade, intromissão da política e interesses económicos na Justiça e falta de fiscalização, entre outros. Consentimento... ah, ah, ah!

Acerca da ideia de eleição parlamentar, disseste:
«Tal como as eleições americanas para o Senado!»
Eu digo: exacto! Não estava a pensar nisso mas sim, o princípio é identico aí, na Suíça, em Itália, em muitos países e mesmo tribos espalhados pelo Mundo. A diferença é que estes países sobreditos usam-no num sistema bicamaral e eu defendia-o para um unicamaral. Muitos diriam que isso torna os governos instáveis e pouco duradouros. Nós já o usamos a nível autárquico e não conheço câmara ou junta que tenha caído por causa de uma assembleia municipal ou de freguesia. Porém, os níveis são diferentes, há que o reconhecer, pelo que se teria de arranjar um sistema de percentagens de aprovação ou reprovação de decisões consoante o governo fosse maioritário ou minoritário. Claro que esta seria uma de muitas coisas que se poderiam talvez fazer numa profunda reforma do Estado.