Não sentes dor


Não sentes dor. Vivias cega por algo a que chamavas amor, mas não sentes dor.
Como poderias alguma vez ter sentido o mais belo e raro dos sentimentos quando desconheces o que é mais comum? Como poderias alguma vez dar valor ao lado belo da vida quando ignoras o mau? Como podes ter certezas desconhecendo o que é uma dúvida? Como podes ser possessiva sem saber o que é perder? Como podes andar sem nunca ter caído? Como podes viver sem nunca teres vivido?

Dizes que amas com a leveza de quem pede mais um café. Dizes quero-te com a entoação de quem não está habituada a ouvir um não. Não! Ouves? Ouvir até ouves, mas não sentes. O que sentes é o peso do não e não o seu real significado. Não sentes a perda, sentes a negação. O não é sentido por ti por ser uma recusa do que pedes e não do que queres. Não sentes o não como a perda de algo que se teve.

Dizes que te quero, com a certeza de quem é desejada. Dizes que te quero, por não partir. Por que motivo tenho de partir? Este é o meu mundo também. Isto não é a tua cidade Barbie que o Ken tem de abandonar. Eu fico, pois este é o meu mundo, o meu meio e tu fazes unicamente parte do cenário. És um adereço e gostas de o ser.

Não! Não fico por te querer, fico por querer ficar. O não basta-me e deve bastar-te também. A vida não é um jogo e o amor não é uma aposta e mesmo que fosse, nem eu nem tu o sentimos para o poder por em jogo. Eu fico e daqui não saio, fico aqui comigo e não contigo. Podes ficar, podes partir, podes chorar, podes sorrir. Sorrir sim sabes fazê-lo, uns sorriso falsos estampados na cara, imagens pálidas do que ves em revistas, exibindo o teu branqueamento dentário que não disfarça o teu sorriso amarelo, falso. Chora, aprende a chorar pois bem precisas para libertar toda a falsidade em que vives. Vives de sonhos e ilusões, clones do que vês em revistas que não interessam a um santo. Tu não vives, sobrevives, clonas a tua vida à imagem de terceiros. És plástica de pensamentos e sentimentos, és como que um robot organizado demais. Cada passo é pensado, o escovar dos dentes e cabelo cronometrado. Tudo tem o seu lugar, a tua organização é doentiamente invulgar. És doente. Sai de casa sem te pintar, sem te pentear, sem te vestir como se fosses receber o Rei. Aprende a ser livre e a cagar para as opiniões de terceiros, que só por si já se estão a cagar para a forma como te apresentas.

Aprende a ser quem és. Aprende a viver como és. Vive com os teus sonhos, mas tens de ser tu, precisam de ser os teus sonhos e não clones de outrem.

Não sentes dor. Dizes que amas sem saber o que é o amor, pois não sentes dor.

23 Comentários:

  Jane Doe

terça-feira, novembro 10, 2009 10:45:00 da manhã

E até que ponto nao é melhor assim? Pelo menos se ela nao sente a dor, e vive nesse mundo falso nao tem de conhecer a dor. A perda.

Eu nao sei até que ponto nao escolheria a ausência da dor, a incapacidade de a sentir como se de alguma anomalia genética se tratasse. Se seria feliz?
Nao. Nao se conhece a felicidade sem se conhecer a tristeza. Mas nao sentia. E nao sentir é mais fácil.

Nao eu nao escolheria isso, mas até que ponto é que ela nao é mais sortuda que as ou os que vivem presos por esses sentires.

E quando se sente dor sem se sentir amor?
É possivel, sabias?


[Monólogo, apenas para mim.]

  I.D.Pena

terça-feira, novembro 10, 2009 11:59:00 da manhã

Existe e existiu tanta gente que passou pela minha vida, sempre tão seguros do que é o amor quando o amor é só uma mera ideia, ainda hoje não sei como o definir para que entendam a minha peculiar forma de amar. E não acredito que alguma vez seja entendida também a este nível. Quanto à dor conheço a bem, ela é hoje uma minha aliada, está tão presente como o Sol no Alaska.
Eu não faço ideia de para quem é este texto, não que não interesse, mas aproveito sempre todos os raros momentos em que alguém se expressa tão genuinamente para fazer o mesmo. :)

Se ela não sente dor, então é uma sortuda, é mais fácil sentir prazer quando não se sente dor.

  Anónimo

terça-feira, novembro 10, 2009 5:15:00 da tarde

Por vezes faz-me impressão observar pessoas que não sentem as coisas nem um pouco profundamente, que não introspectam, que permanecem desassociadas daquilo que as rodeia e nem estão realmente conscientes. “Vivem” uma vida superficial, tão desprovida de vida... Não consigo compreender como há quem goste de ser assim. É demasiado deprimente. Para eles/elas talvez não o seja porque não se devem aperceber.
Não sou masoquista, mas entre sentir superficialmente ou profundamente, prefiro sentir profundamente.
Há pessoas que têm medo da dor, refugiam-se e inventam estratégias para fugir. É-lhes mais fácil tapar os olhos e fingir que nada de perturbante existe.
Só vive preso na dor quem quer. É fácil dizer e sei que custa bastante abandonar a dor, (principalmente quando a vivenciamos, é o drama) mas é precisamente nesse estado de sofrimento, e numa altura em que o lado racional consegue sobressair um pouco mais, que nos apercebemos do estado da situação, da necessidade de fazer algo para parar com isso. Somos afectados por essa dor e mudamos a nossa perspectiva. Mais tarde a dor pode voltar, mas já não nos deixamos ser abatidos por ela. Já a compreendemos. Ela vem, pode ficar um pouco, mas depois vai embora. Ao dizer que pode haver uma certa “ausência” da dor, não significa que não me importo com aquilo que acontece. Simplesmente opto por não permitir que a dor me domine.
Ao ter estado em ambos os lados, e sabendo como é e o que é para si a felicidade, quem é que não opta por estar sempre assim? As pessoas têm a capacidade de serem felizes, e de viverem simplesmente bem, só que não querem. Dizem que querem... E muitas das vezes insistem naquilo que realmente não as faz ou vai fazer feliz, mas acreditam piamente que sim.
Há uns anos disseram-me “A felicidade vem de dentro. Não a procures no exterior.” Na altura não compreendi. Como eu era ignorante, e ainda o sou... de certa forma ainda bem. Estou sempre a aprender :)

E já me alonguei demais.

Rute

  13EtMundus

terça-feira, novembro 10, 2009 6:37:00 da tarde

Jane Doe:

"E até que ponto nao é melhor assim? Pelo menos se ela nao sente a dor, e vive nesse mundo falso nao tem de conhecer a dor. A perda.

Eu nao sei até que ponto nao escolheria a ausência da dor, a incapacidade de a sentir como se de alguma anomalia genética se tratasse. Se seria feliz?
Nao. Nao se conhece a felicidade sem se conhecer a tristeza. Mas nao sentia. E nao sentir é mais fácil."

Exactamente o que iria escrever, subscrevo totalmente.

  iTec(A)

quarta-feira, novembro 11, 2009 11:52:00 da manhã

"...exibindo o teu branqueamento dentário que não disfarça o teu sorriso amarelo, falso. "

:D esta, "partiu-me" toda!

" Dizes que amas sem saber o que é o amor, pois não sentes dor."

Ou então porque a palavra/ expressão encontra-se banalizada?

  lunatiK

quarta-feira, novembro 11, 2009 2:17:00 da tarde

Viva
e já pensaste se a pessoa em questão não fará isso para se proteger, escondendo os verdadeiros sentimentos.
Cumps.
p.s.- não sei se a foto é da tua autoria, mas está no ponto.

  Anónimo

quarta-feira, novembro 11, 2009 5:33:00 da tarde

Eu acho que tu és o Cláudio Ramos!

  Jane Doe

quinta-feira, novembro 12, 2009 1:05:00 da manhã

Ahahahahah!

O Claudio Ramos!

Ahahahahah

De rir!

Só se for um Claudio Ramos depois de um transplante cerebral... Daqueles de aumentar o QI e muito.

Oh meu Deus... Este teve piada sim senhor!

  Bruno Fehr

quinta-feira, novembro 12, 2009 1:23:00 da manhã

Jane Doe:

A dor é tão boa como a felicidade, mas aprendemos mais dos maus momentos e com eles aprendemos a tornar os bons momentos ainda melhores. Desconhecendo a dor banalizamos os bons momentos, como se fossem algo fácil de conseguir.

"E quando se sente dor sem se sentir amor?
É possivel, sabias?"

É possível, mas será essa dor que te fará dar mais valor ao amor quando o sentires. Sem saberes o que é dor nunca irás identificar o amor, acabando por confundir o simples gostar com algo mais.

  Bruno Fehr

quinta-feira, novembro 12, 2009 1:23:00 da manhã

I.D.Pena:

"E não acredito que alguma vez seja entendida também a este nível."

Ninguém tem de entender com a outra pessoa ama, a única coisa que se espera do objecto amado é que deixe amar. Se em vez de se deixar amar ele/ela tentarem compreender, acabam por analisar, decompor o sentimento, acabando por o matar.

"Eu não faço ideia de para quem é este texto"

Não tem um alvo, tem vários alvos plásticos que se passeiam todos os dias nas ruas, pessoas que acham que um simples "bom dia" é fazer a corte a alguém. É um hino às mulheres mais banais que existem, as que são boas, sabem que o são e usam desse poder da forma mais banal e errada possível.

Se vais na rua e vês uma mulher vestida como cópia de todas as outras, ela possivelmente terá uma Cosmo debaixo do braço, parará em todas as montras para ver as roupas e principalmente o seu reflexo e irá concertar o cabelo preocupada com o que os outros vão pensar dela.

Este texto é para ela :)

  Bruno Fehr

quinta-feira, novembro 12, 2009 1:24:00 da manhã

Anónimo:

Há quem não sinta e quem seja incapaz de mostrar o que sente. Eu insiro-me no segundo grupo, por mais que ame ou deteste não o demonstro da forma mais correcta levando as pessoas a pensar que não sinto. A diferença é que eu sei que comento um erro e vou sempre a tempo de o corrigir, quem simplesmente não sente nem sabe que está em erro e que lhe falta algo. No entanto não mostrar o que se sente é uma defensa, pois impede que utilizem esses sentimentos contra nós, mas por vezes é preciso demonstrar e nem sempre o fazemos de uma forma clara.

"Há uns anos disseram-me “A felicidade vem de dentro. Não a procures no exterior.”"

E é verdade. Ninguém está feliz, o verbo "estar" nada tem a ver com a felicidade. Nós somos felizes, é sempre o verbo "ser", mas nem sempre deixamos a felicidade sair, nem sempre nos permitimos ser felizes.

Ninguém tem mais culpa na nossa infelicidade do nós mesmos. Os outros podem magoar-nos mas nós deixamos que nos magoem.

  Bruno Fehr

quinta-feira, novembro 12, 2009 1:24:00 da manhã

13EtMundus:

"Nao. Nao se conhece a felicidade sem se conhecer a tristeza. Mas nao sentia. E nao sentir é mais fácil.""

Um filho de um homem que se tornou rico, nunca dará tanto valor ao dinheiro como o pai dá. Não lutou por esse dinheiro, não sofreu para o ganhar, ele simplesmente lhe nasce no bolso. Com o amor e dor passa-se o mesmo, quem dá mais valor ao amor é quem já sofreu de amor. Mas há muito homem e mulher que não sofreram de amor, possivelmente porque nunca amaram e por isso além de não saberem se amam ou gostam muito, não são o devido valor ao sentimento.

  Bruno Fehr

quinta-feira, novembro 12, 2009 1:24:00 da manhã

ceptic:

A limpeza oral aqui é obrigatória no mínimo uma vez por ano, por forma a manter a seguro dentário activo e o branqueamento é feito anualmente pois é baratíssimo.

"Ou então porque a palavra/ expressão encontra-se banalizada?"

É banalizada por quem não sabe o que sente e acha que tudo é amor.

  Bruno Fehr

quinta-feira, novembro 12, 2009 1:25:00 da manhã

lunatiK:

"e já pensaste se a pessoa em questão não fará isso para se proteger, escondendo os verdadeiros sentimentos."

Há pessoas dessas, mas essas pessoas sentem intensamente, só não o demonstram e por sentirem sabem valorizar os sentimentos.

"p.s.- não sei se a foto é da tua autoria, mas está no ponto."

Co-autoria.

  Bruno Fehr

quinta-feira, novembro 12, 2009 1:25:00 da manhã

Anónimo:

"Eu acho que tu és o Cláudio Ramos!"

Não sou, mas tenho algo em comum com ele, que são alguns anónimos parvinhos com comentários de merda.

  Bruno Fehr

quinta-feira, novembro 12, 2009 1:26:00 da manhã

Jane Doe:

Os comentários são sempre em concordância com o que se tem no cérebro, felizmente a blogosfera não tem cheiro.

  Jane Doe

quinta-feira, novembro 12, 2009 1:32:00 da manhã

Bruno:

"É possível, mas será essa dor que te fará dar mais valor ao amor quando o sentires. Sem saberes o que é dor nunca irás identificar o amor, acabando por confundir o simples gostar com algo mais."

É dificil conciliar a possibilidade de amor se só se conheceu a dor. E se ele vier, talvez não se saiba reconhecer.

É possível sentir amor, sem ter de passar pela dor pura e dura, profunda, etc. Agora, cai-se muito mais no banalismo de gostares pequenos, de coisas superficiais, de palavras atiradas ao vento e gestos banais cobertos daquilo que não são. A dor nunca deveria ser caminho para o amor, mas a sociedade produz seres humanos cada vez mais pensados por outros, cada vez menos pensantes, e acaba por ser assim. Um vazio que só acorda à lei da chapada (dor).

Quanto ao cheiro... Ainda bem... se não muitas vezes abrir algumas caixas de comentário seria uma verdadeira tortura só suportável com máscaras de gás...

  13EtMundus

quinta-feira, novembro 12, 2009 2:46:00 da manhã

"Um filho de um homem que se tornou rico, nunca dará tanto valor ao dinheiro como o pai dá. Não lutou por esse dinheiro, não sofreu para o ganhar, ele simplesmente lhe nasce no bolso. Com o amor e dor passa-se o mesmo, quem dá mais valor ao amor é quem já sofreu de amor."
Exacto.
Mas só compensa passar pelas agruras se se passar pelas bonanças, com qualidade e durante tempo suficiente.

Como tal, não sentir continuaria a ser a minha aposta.

  13EtMundus

quinta-feira, novembro 12, 2009 2:48:00 da manhã

Este comentário foi removido pelo autor.
  Marta

quinta-feira, novembro 12, 2009 2:51:00 da manhã

Olá Bruno,
até que ponto o amor tem de estar associado ao sofrimento/dor?
Herança de Bocage, Shakespeare e outros românticos? ;)
Há relações de amor onde a dor praticamente não está presente. Acho que muitos brasileiros são casos vivos disso. “Esse negócio de que quem ama, sofre, é atraso de vida. Nossa …nunca vi coisa mais inútil que o sofrimento.”
“Se é complicado, para quê complicar mais? Simplifica.”

Já procuraste saber porque razão te envolveste com uma pessoa que és uperficial? Ou que simplesmente não procura (tanto como tu) aprofundar as suas emoções? O que te terá atraído nela?
Conseguirá um homem perdoar a superficialidade a uma mulher que é irresistivelmente encantadora, bonita (mas não tanto como Marylin Monroe), sociável e simpática, embora seja influenciável, indecisa, frívola, etc?
A pose de boneca também exige esforço/trabalho. É a busca da perfeição. È a dificuldade em aceitar a imperfeição e a desorganização. Pessoalmente não acho que seja assim tão condenável. Até porque fomos educados numa cultura que incentiva a procura do sucesso/perfeição e condena o fracasso/imperfeição. E quem ama compreende. Então também não a amarás só porque tu sim, sofres, e ela não se encaixa no teu ideal de amor. E ela tem direito a ter a sua forma de amar. Ou a tua será mais válida?
Ao contrário do homem sensível que pode consumir-se na suas emoções densas, confusas, a mulher fútil ou prática, não raras vezes, reclama que atura um homem com “feito difícil e complicado” e perdoa-lhe as “crises de mau humor”. Alega ainda que ele é “uma pessoa demasiado intensa”, “negativa e complicada”. Para além de ser “desleixado” e talvez para o “preguiçoso”. Qual dos dois terá razão? Ela que é disciplinada, tem rotinas, desvaloriza os aspectos negativos e dá primazia aos aspectos positivos? Ou ele, o oposto?
Será que eles se complementam?Poderá ela, ao lado dele, aprender a ser uma pessoa mais flexível?

  Anónimo

quinta-feira, novembro 12, 2009 4:05:00 da manhã

“Ninguém tem mais culpa na nossa infelicidade do nós mesmos. Os outros podem magoar-nos mas nós deixamos que nos magoem.”

Exactamente.


“Há (...) quem seja incapaz de mostrar o que sente. Eu insiro-me no segundo grupo, por mais que ame ou deteste não o demonstro da forma mais correcta levando as pessoas a pensar que não sinto.”

És daquelas pessoas que parecem os impenetráveis...
Já fui mais assim, e felizmente apercebi-me no que me tinha tornado e quis mudar. No fundo não era assim, mas desde criança que comecei a adoptar uma atitude defensiva e mais tarde vi que em determinadas alturas reagia de uma forma que não era a suposta, que não era coerente com aquilo que sentia e que por vezes queria demonstrar.
É uma questão de aprender. Pode ser algo que esteja bastante enraizado, por ter permanecido contigo tanto tempo ou desde sempre, e ser difícil de mudar, mas não acho que seja impossível.


“No entanto não mostrar o que se sente é uma defensa, pois impede que utilizem esses sentimentos contra nós, mas por vezes é preciso demonstrar e nem sempre o fazemos de uma forma clara.”

Compreendo o que dizes. Não queremos estar numa posição vulnerável.
Já o fiz e foi algo que me consumiu bastante, ao ter guardado tudo, e para quê? Não nos deviamos envergonhar e ter medo de demonstrarmos a alguém que gostamos dela. Se sentimos uma enorme vontade de o fazer e soubermos que é aquilo que queremos fazer, então fazemos. Mesmo que o sentimento não seja mútuo (pode não o sentir nessa altura, ou nem nunca vir a sentir) resta-nos aceitar que a outra pessoa não sente o mesmo. Reprimir é que não.
Eu agora evito deixar que o medo ganhe a melhor e estou a aprender a relacionar-me com as pessoas de uma forma mais aberta. Sinto quando o devo ser com umas pessoas e não com outras. E começo a saber demonstrar de uma forma mais clara e não muito camuflada.
Tal como disse, acho que é uma questão de aprender.

Conheci pouco uma pessoa que me era próxima (por “viver” com ela diariamente e por ser um parente próximo, em termos de arvore genealógica), que não exprimia aquilo que sentia. O que conheci dela foi isso e quando faleceu, desde esse dia nunca senti a falta dela. Até quando o meu gato que eu adorava morreu, fiquei bastante ressentida, e com essa pessoa, nada. Nunca soube expressar alguma afeição que pudesse ter por mim e só nós últimos meses de vida é que pareceu começar a importar-se comigo. Por vezes tenho pena por nunca lhe ter conhecido o lado terno, que só depois de morrer fiquei a saber existia. No dia em que essa pessoa faleceu lembro-me de ter chorado, mas não foi bem por ela. Foi mais por todas as pessoas de quem gostava e gosto, ao ter concluído que raras são aquelas a quem alguma vez ou mais do que uma vez disse mesmo e demonstrei que eram/são importantes para mim. É triste uma pessoa chegar a essa conclusão.


Rute

  Anónimo

quinta-feira, novembro 12, 2009 1:12:00 da tarde

Desculpa mas não percebo onde o meu cometário foi de merda. Não tive a intenção de te ofender...A forma como escreves certas coisas por vezes faz-me lembrar o Cláudio, só isso... Na verdade ninguém conhece ninguém totalmente, por o rapaz ser um palhacinho na TV (faz o trabalho dele) não quer dizer que não possa ter um lado diferente, desconhecido do grande público...

Detesto preconceitos com as pessoas, ninguém devia julgar ninguém certo?!

P.S.É claro que se fosses também não o irias dizer, e nesse aspecto o meu comentário foi estupido, mas apeteceu-me :)

  I.D.Pena

quinta-feira, novembro 12, 2009 8:59:00 da tarde

"Não tem um alvo, tem vários alvos plásticos que se passeiam todos os dias nas ruas, pessoas que acham que um simples "bom dia" é fazer a corte a alguém. É um hino às mulheres mais banais que existem, as que são boas, sabem que o são e usam desse poder da forma mais banal e errada possível.

Se vais na rua e vês uma mulher vestida como cópia de todas as outras, ela possivelmente terá uma Cosmo debaixo do braço, parará em todas as montras para ver as roupas e principalmente o seu reflexo e irá concertar o cabelo preocupada com o que os outros vão pensar dela.

Este texto é para ela :)"


Hummm, compreendo, de uma certa forma tento não criticar a mulher por ser uma delas, eu também ja fui menina e gostava muito da ideia de ser uma princesa fada, não é mau a fantasia, acho bem que uma mulher se cuide, agora e em certos sitios é um claro exagero.Concordo com a tua critica, sim cada vez mais a mulher é plástica. Assim como o homem , penso que seja uma questão de sobrevivência de espécie.

É mais fácil ser hipócrita esconder os sentimentos e compensar com um casaco ou com um gadjet qualquer novo, as mulheres usam os seus incriveis corpos e realçam-nos com acessórios.

Pessoalmente a roupa costuma-me usar a mim e não o contrário. Mas eu sou assim desde pequena sempre odiei futilidades e modas.

Então ela é uma entre muitas, é mais elas.