A estrela de Joana



Foi com choque que vim a saber que este livro foi lançado, no dia 04 de Setembro de 2007. Pensem antes de comprar e não comprem!

Acho que a edição deste livro é um crime cometido sobre um crime, acho que ninguém deveria comprar este livro.


Infelizmente as pessoas gostam de ler estas coisas. Porquê?


Pereira Cristóvão deixou a PJ ao fim de 17 anos, pois estando na PJ não poderia editar este livro, estando a deitar fora o muito dinheiro envolvido. Passou de PJ a escritor. Este livro vai ser com certeza um best seller. O ser humano adora ler sobres desgraças. Façam as contas, o escritor recebe 10% de cada livro vendido, sem falar no acordo financeiro feito pela editora para segurar o "escritor". O livro custa 12,50 €, ao comprar estão a dar 1,25 € ao escritor o restante à editora. Agora é só multiplicar 1,25 € pelo numero de exemplares para terem uma ideia, de quanto vale para o escritor a morte desta criança!


Seria bonito ver o "escritor", a doar os lucros a uma associação de apoio à criança, era bonito e era honesto. Mas não, o dinheiro irá para a associação Pereira Cristóvão na reforma.
A Presença devia ter vergonha de pagar por tal crime. É uma vergonha esta pessoa e a editora ganhar dinheiro à custa da morte daquela criança. De PJ a escritor, assim sem mais nem menos, sem saber ler nem escrever. Um gajo que diz no lançamento do livro:


“uma súmula do trabalho de 20 pessoas e não de três", “os pensamentos são do autor, mas a história é de todos os polícias”

Uma súmula... Uma súmula merecias tu pela cabeça abaixo, vê-se logo que estudaste o que irias dizer em casa, pois "súmula" não faz parte do vocabulário de um PJ. "Prontos" e "Portantos" sim. Tenho a certeza que ele só não disse uma "epítome", pois não sabia pronunciar a palavra. Além disso a história não é de todos os policias, a história, é a triste história de mais uma criança, abusada e morta pelas pessoas em que mais confiava.


A presença incluiu este livro na colecção "grandes narrativas", o que só por si é ofensivo!

No lançamento do livro, Pereira Cristóvão desfez-se em lágrimas, dizendo: ”Perdoa-nos, Joana, por não termos sabido tratar de ti!”. O que ele queria na verdade dizer era: "perdoa-nos Joana por estarmos a fazer dinheiro à custa da tua morte". Ele não poderia nunca ter sentido o que disse, pois quando a policia entrou na caso já a criança estava morta. Comentário frio e hipócrita!


Eu posso gostar muito de dinheiro e não perder uma oportunidade de negócio, mas só negócios legais e humanos, nunca a exploração fria e calculista da morte de uma criança.
Não li este livro, não o tenciono ler e muito menos comprar, pois sei que me iria pesar na consciência estar a encher o cu de dinheiro a este gajo.



Não sou religioso, mas é caso para plagiar, o que dizem Jesus ter dito na cruz, "Perdoai-lhes, pois eles não sabem o que fazem", o triste é que sabem bem o que fazem!


Acho que foi aberto um mau precedente, imagino já certas editoras a esfregar as mãos, desejando que a miúda Inglesa seja encontrada morta, para que um outro PJ se venda e escreva sobre isso! Eu nem critíco tanto quem escreve, mas mais quem oferece dinheiro por a história!


Neste exploração de uma criança, somos todos culpados. Quem escreve, quem publíca e quem compra.

45 Comentários:

  tavguinu

terça-feira, outubro 02, 2007 12:57:00 da tarde

tens dúvidas que com a Maddie vão sair 80.000 livros e 40.000 filmes ?

  Teté

terça-feira, outubro 02, 2007 2:06:00 da tarde

Não tenho a menor intenção de ler esse livro, mas não tenho a certeza que os direitos de autor atinjam os 10%, em Portugal. Ainda vou tentar saber, depois digo-te!

Vergonha do nosso povo, não tenho nunca! Que culpa é que tem do obscurantismo em que viveu? Ou, talvez para perceberes melhor, que culpa é que têm os alemães de hoje, dos antepassados que votaram no Hitler?

A Joana pode ter sido uma vítima (acredito que sim), mas não é o povo que tem culpa de existirem uns mal cozidos, nas franjas...

O que me envergonha mais ainda são os desocupados, que vão lá gritar impropérios em frente ao tribunal, mudando, conforme o(s) caso(s) mude(m) de figura...

  Anónimo

terça-feira, outubro 02, 2007 2:17:00 da tarde

Não li nem sei se vou ler.
Mas não concordo inteiramente contigo, se o livro despertar consciências nem tudo é mau!

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 2:58:00 da tarde

tavguinu:

E em dois países!

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 3:00:00 da tarde

Teté:

O escritor recebe 10% das obras, em particular quando já tem uma obra editada.

O que acontece com escritores novos, é que além de lhe exigirem a compra de um determinado numero de exemplares, tentam fazer acordos mais vantajosos para as editoras. Mas regra geral é 10%.

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 3:02:00 da tarde

Musa:

Não achas que as consciências seriam despertadas de uma maneira mais eficaz, se os lucros fossem para a Associação de Apoio à Criança!

Eu só falo, no lucro que o escritor vai ter, à custa de uma tragédia. Isto agora parece ser moda. Raramente aparece um escritor que quer despertar consciências e esse escritor não quer lucros, sobre o que escreve!

  Su

terça-feira, outubro 02, 2007 3:42:00 da tarde

tens toda a razão, se fosse para despertar consciências o dinheiro seria revertido para alguma instituição de caridade, mas não, é só mais um entre tantos outros que tentam fazer dinheiro à custa da morte e sofrimento dos outros.

  Anónimo

terça-feira, outubro 02, 2007 3:43:00 da tarde

Por acaso ainda não vi o livro à venda, mas muito sinceramente não faço intenções de lê-lo... Não faz muito o meu tipo de leitura :) azaricos para quem o escreve loool

  NiNa

terça-feira, outubro 02, 2007 3:49:00 da tarde

:( Ando cada vez mais triste com o panorama da "escrita" em Portugal; porque da memsma maneira q qlqr um é actor/actriz, tb o é escritor(a). Acho q hj em dia o mais dificil é msm plantar a arvore! E tb me repugnam as pessoas q com a dscpa de querem mostrar a todos o drama de uma história trágica, enchem os bolsos a conta disso. Mas culpa tem quem compra e quem deixa q isso seja publicado!Não é o 1º e nem há-de ser o ultimo...
bjinhs

  Borboleta Endiabrada

terça-feira, outubro 02, 2007 3:49:00 da tarde

tens toda a razao...mas quem compra este tipode livros é que tem culpa, quem manda comprar...


beijinhos endiabrados

  Inês Almeida Lima

terça-feira, outubro 02, 2007 4:29:00 da tarde

Não é o meu tipo de leitura e por isso não o compro nem o leio.
Acredito que haja pessoas que se interessem pelo tema sem ser por "voyeurismo".
Agora, não falando deste livro em particular por não conhecer o autor nem os motivos que o levaram a escreve-lo, não acho que seja condenável a escrita de um livro sobre um problema específico. Há livros sobre variadíssimos assuntos “delicados”, escritos por alguém que esteve envolvido de uma maneira ou de outra. São livros importantes para quem se interesse pelo tema.
Repito que estou a falar no geral porque não conheço este senhor.

"O que acontece com escritores novos, é que além de lhe exigirem a compra de um determinado numero de exemplares, tentam fazer acordos mais vantajosos para as editoras. Mas regra geral é 10%."

Não se exige a compra de exemplares, aliás a editora pode até oferecer uns tantos ao escritor, e os direitos de autor são 8%. Só publicam um segundo livro se o primeiro teve um número de vendas razoável para primeiro livro claro).

  Anónimo

terça-feira, outubro 02, 2007 4:44:00 da tarde

Por acaso, quando ouvi falar do lançamento do livro, pensei o mesmo! Também não ouvi nenhuma das declarações do "escritor", mas parece-me que ele não se refere à polícia, mas sim ao país... a um país que muitas vezes não sabe tratar das suas crianças, que gosta de citar Fernado Pessoa dizendo "que o melhor do mundo são as crianças", mas esquece-se do verdadeiro significado dessa frase!

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 4:45:00 da tarde

Su:


É triste mas é verdade!

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 4:46:00 da tarde

SEXY HOT:

Neste caso, justificou deixar o seu emprego...

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 4:50:00 da tarde

NiNa:

é por todo o mundo, já se escreveram centanas de livros sobre 11/9.

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 4:51:00 da tarde

Borboleta Endiabrada:

Eu culpo as editoras que saltam para cima destas histórias deixando toneladas de algumas bem melhores, esquecidas em arquivos.

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 5:12:00 da tarde

Inês:

No caso deste senhor, o que me revoltou foi a hipócrisia e lágrimas de crocodilo no lançamento do livro.


"Não se exige a compra de exemplares, aliás a editora pode até oferecer uns tantos ao escritor, e os direitos de autor são 8%. Só publicam um segundo livro se o primeiro teve um número de vendas razoável para primeiro livro claro)."

Aqui tenho de discordar, já estive neste mundo de lidar com editoras. Não só demoram na casa dos 2 anos a responder, como exigem garantias. Pode haver excepções.

Por exemplo a Assírio & Alvim dá 10% do preço de capa aos autores.

Existem editoras a fazerem propostas a novos escritores de garantias de compras. Ou seja o autor compra de 40, 50 exemplares PVP, ou até 80, 100 livros a preço de fábrica.

Isto não é divulgado, isto é o acordo entre quem gostaria de ser editado e a editora que 2 anos depois leu o manuscrito.

Tal como não é revelado, o que os artistas musicais pagam de maneira a entrarem nos tops, esses pagamentos são em forma de compra do seu próprio trabalho.

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 5:14:00 da tarde

blackstar:

Eu não gostei de nada, em todo o processo que envolveu este livro!

  Inês Almeida Lima

terça-feira, outubro 02, 2007 6:06:00 da tarde

A experiência que eu tenho é a que contei. Só faltou acrescentar que os 8% só funcionam nos luros, ou seja, só depois de a editora recuperar o que investiu é que paga. No caso de não ter lucros... não paga nada.
Isto trata-se do caso de um "ilustre desconhecido".
Quando se trata de autor consagrado ou conhecido chegam a receber muito mais de 10%.
Os exemplos que dei existem. As editoras são a D. Quixote e a Gradiva. Baseei-me em 3 casos que tenho bem próximos (1 escritor consagrado, 1 autor conhecido e um "ilustre desconhecido") em nenhum deles foi exigido a compra de exemplares.

  Inês Almeida Lima

terça-feira, outubro 02, 2007 6:08:00 da tarde

Quanto ao livro a que se refere no post acredito que haja muita hipocrisia e negócio à mistura. Estava a falar na generalidade...

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 6:35:00 da tarde

Inês:

Acredito, os dados que tenho são de escritores não consagrados a quererem ser publicados, por motivos que siceramente me escapam. Pois não percebo a vontade de ter um livro perdido numa prateleira qualquer.

  Marta

terça-feira, outubro 02, 2007 6:38:00 da tarde

Não compro. Tudo o que se refere a crueldade sobre crianças deixa-me profundamente triste. Mesmo que me oferecessem não conseguiria ler. Mas tens razão, o senhor está a aproveitar-se da situação e não a conscienscializar os outros ou a ajudar (só se ajuda a ele próprio).
Bom post.

  André

terça-feira, outubro 02, 2007 6:40:00 da tarde

é o país em que vivemos, onde tudo serve para se ganhar dinheiro. de certeza que muita gente irá comprar, as pessoas realmente gostam deste tipo de coisas, a desgraça alheia
e principalmente estando uam criança envolvida. depois ainda querem que o português leia, quando vem para as bancas livros deste género.é também um atentado aos verdadeiros escritores que não vem as suas obras publicadas por que este tipo de escrita vende muito mais... ou talvez não.

  tavguinu

terça-feira, outubro 02, 2007 7:55:00 da tarde

quoting crestfofo

"Eu culpo as editoras que saltam para cima destas histórias deixando toneladas de algumas bem melhores, esquecidas em arquivos."

pensava que era só dois !

agora toneladas... :-)

  Ana

terça-feira, outubro 02, 2007 8:01:00 da tarde

Passei.

Não concordo inteiramente com o que escreveste, mas hoje também não estou numa de "trocar ideias".

Deixa.me só ir "despejar" uma garrafa de tinto que eu já te conto uma história!

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 8:12:00 da tarde

Cold_cold_Bitch :

Gracias

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 8:13:00 da tarde

PsYcHo_MiNd:

Vai vender, a malta gosta!

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 8:16:00 da tarde

tavguinu:

Os dois a que te referes, não se encontram em qualquer editora Portuguesa ou estrangeira.

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 8:17:00 da tarde

Ana:

Eu reparei que não é o teu dia. Calma com o tinto :)

  André

terça-feira, outubro 02, 2007 8:23:00 da tarde

ai é que está o problema... o ir vender bastante. só nos mostra como está a nossa sociedade e o que vai na cabeça das pessoas.a tragédia de uma criança a servir para o seu 'divertimento'.

  Timeless

terça-feira, outubro 02, 2007 8:34:00 da tarde

É uma triste realidade.

As editoras defendem-se dizendo que só há oferta porque há procura, mas não é verdade, neste caso a oferta é nos enfiada goela abaixo.

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 9:21:00 da tarde

PsYcHo_MiNd:

Ainda não estamos como os Americanos, pois eles iram lançar um livro de resposta escrito pelo criminoso, ou pelo menos iram dar-lhe um montão de dienheiro pelo direitos da estória.

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 9:21:00 da tarde

Timeless:

Neste caso só há procura, por haver oferta. Pois este livro é coisa que nunca passou pela cabeça da maioria das pessoas!

  André

terça-feira, outubro 02, 2007 9:52:00 da tarde

mas tb só ha oferta deste tipo de livros pk as editoras sabem k e isto k as pessoas procuram. a culpa e de kem publica este tipo de porcaria literaria k procura lucro à pala da morte de uma crinaça,assim como de kem compra, k gosta de um bom 'romance hediondo' à portuguesa.

  Anónimo

terça-feira, outubro 02, 2007 10:16:00 da tarde

« Neste exploração de uma criança, somos todos culpados. Quem escreve, quem publíca e quem compra. »

verdade !
mas cravo ainda mais o dedo na ferida:
quem COMPRA é o maior culpado e não há nada a contrapor.
todos sabemos que, se ninguém comprasse não haveria segunda "aventura editorial", morria o precedente.

infelizmente... antes de ir para o prelo já se sabia que iria vender.

  Bruno Fehr

quarta-feira, outubro 03, 2007 2:32:00 da manhã

PsYcHo_MiNd:

Claro que sim, que compra a Maria e o Crime, compra tudo o que não tem interesse.

  Bruno Fehr

quarta-feira, outubro 03, 2007 2:33:00 da manhã

sextrip:

Gostamos de tudo o que choca, pelos motivos errados!

  Anónimo

sexta-feira, outubro 05, 2007 1:57:00 da manhã

está em 2º lugar do top na FNAC cá do burgo.
(informação fresquinha, pois fui lá hoje à noite...)

  Bruno Fehr

sexta-feira, outubro 05, 2007 2:30:00 da tarde

sextrip:

Já estava à espera disso!

  Anónimo

domingo, outubro 07, 2007 1:27:00 da manhã

Pois eu acho que quem compra é mais culpado ainda, por ser tão estúpido que não vê o negócio que está por detrás disso tudo.

  Bruno Fehr

domingo, outubro 07, 2007 8:17:00 da tarde

Skynet:

Muita gente acha que é um estória triste que deve ser contada. Concordo que sim, mas daí a se fazer lucro.

Deveriam cobrir as depensas de edição e doar o restante!

  Anónimo

quarta-feira, outubro 24, 2007 4:56:00 da tarde

É tão fácil criticar os outros quando não se conhece a totalidade dos factos! Conseguem imaginar o que é servir o país, vestir a camisa de uma instituição e saír desalentado ao fim de tantos anos, porque sem dúvida que acaba por se chegar à conclusão de que ninguém reconhece o esforço, o trabalho mal pago, o que se tira à vida pessoal para dar ao trabalho e tantas outras contingências, apenas por gosto naquilo que se faz, vontade de chegar ao fundo das questões. Acreditem que quando se chega ao ponto de ruptura se quer gritar aos quatro ventos a nossa indignação, o nosso desalento, o quão injustiçados nos sentimos. E como humano que é, por que não há-de ter-se sentido especialmente tocado por este caso, ter desejado mostrar o que de mau acontece por aí, as injustiças que nós (país) deixamos que aconteçam com as nossas crianças, porque acreditamos sempre que os pais biológicos é que são bons, ou que não podem ser tão maus assim, ou que podiam ser piores, minimizamos, relativizamos... às vezes até ser tarde demais!!!
E se com o desejo de contar uma história que o marcou e de mostrar a revolta pela forma como foi tratado na instituição onde deu tudo de si vier a compensação financeira, qual o problema? Vão dar uma de moralistas e dizer que rejeitavam??? Depois de uma vida dedicado a um trabalho, certamente mal pago para o que envolvia, mas que tinha ordenado certo ao fim do mês, parte para um futuro menos certo e vive de quê? Do ar? É claro que aproveita o que pode receber, com certeza não sabia se era muito ou pouco antes da publicação, por isso não o fez para encontrar meio de subsistência, mas se isso vem secundariamente, não acredito que nenhum de vocês armado em moralista, que alega que se aproveita da moprte de uma criança, dissesse que não. Com contas para pagar, com filhos para sustentar, com o desalento e o virar de costas que teve... sejamos realistas!!! Qualquer um pode escrever o seu testemunho, se ouver quem esteja interessado em ler. Se calhar, pena têm que não vos aconteça o mesmo. Nós só lemos o que queremos. E cada um tem a liberdade de expressão para escrever o que quiser. Pelo menos por enquanto...
Eu cruzei-me uma vez com ele em contexto profissional e devo dizer que fiquei com boa impressão do senhor e do seu trabalho, da sua entrega à profissão, etc...

  Bruno Fehr

quarta-feira, outubro 24, 2007 6:41:00 da tarde

Cat:

De facto é fácil criticar quando não não se conhece a situação e é por isso que eu o faço tão bem!

"Conseguem imaginar o que é servir o país, vestir a camisa de uma instituição e saír desalentado ao fim de tantos anos, porque sem dúvida que acaba por se chegar à conclusão de que ninguém reconhece o esforço, o trabalho mal pago, o que se tira à vida pessoal para dar ao trabalho e tantas outras contingências, apenas por gosto naquilo que se faz, vontade de chegar ao fundo das questões."

Sei perfeitamente ao que se refere. Servi Portugal na Brigada Aerotrasportada Independente e estive estacionado na Bósnia durante 6 meses. Sei perfeitamente o que é servir o pais e sentir que o pais se está a cagar para mim e para o que estou a fazer. Tendo me dado voluntário para cumprir o serviço militar, já por si obrigatório e ter sido mandado para um cenário de guerra, mal equipado, sem roupas decentes de inverno, sem tradutores e passar os 6 meses sem ver o prometido salário. Não me venha falar da PJ, se faz favor!

"Vão dar uma de moralistas e dizer que rejeitavam?"

Eu não lhe vou dar uma de jornalista. Esse senhor serviu o país e deixou-o por um livro, pois enquanto servisse o país não o poderia editar. Pessoalmente, se escrevesse tal livro, não ficaria com 1 único centavo!

"não acredito que nenhum de vocês armado em moralista, que alega que se aproveita da morte de uma criança, dissesse que não."

É aí que você está errada. Resolve acusar-me de julgar pessoa, quando você me está a julgar erradamente.

"Com contas para pagar, com filhos para sustentar"

Todos temos contas para pagar e um PJ não é mal pago, se tem dividas, que não gaste mais do que aquilo que ganhe!

"Qualquer um pode escrever o seu testemunho, se ouver quem esteja interessado em ler."

Se houver quem queira ler, não me faz escrever!

"Se calhar, pena têm que não vos aconteça o mesmo."

Ter pena de quê? De ver uma criança morrer para eu fazer uns euros? Poupe-me a hipócrisia!

"Nós só lemos o que queremos"

Isto é a mior ilusão humana. Pois nós lemos o que nos é permitido ler. Existem milhares de livro que quero ler e não posso, pois nunca foram escritos ou foram simplesmente censurados.

"E cada um tem a liberdade de expressão para escrever o que quiser."

Concordo, mas não de lucrar com a desgraça alheia. O dinheiro de tal história, deveria ser usado para ajudar as vitimas de estórias semelhantes!

"Eu cruzei-me uma vez com ele em contexto profissional e devo dizer que fiquei com boa impressão do senhor e do seu trabalho, da sua entrega à profissão, etc..."

Não tenho dúvidas que ele seja um bom agente e uma pessoa digna. Mas não concordo com o lucro em dor alheia!

Eu julguei-o senhor e continuarei a julgar todos os que ganhem dinheiro com o sofrimento alheio, isso é sujar-se de sangue voluntáriamente e essa nódoa não saí!

Em troca fui julgado com a mesma facilidade. Aceito. Não concordo consigo, mas aceito!

  Anónimo

sexta-feira, outubro 26, 2007 2:15:00 da tarde

Obviamente não vou ficar a debater o sexo dos anjos. Sei por experiência e por conhecimento académico e profissional que é difícil prevermos a nossa reacção sem sermos confrontados com a situação. Nós somos um ser com comportamento contextual, não linear. Sei revelar detalhes sobre o meu passado profissional, posso apenas dizer que sei que por mais que enquanto humanos lamentemos quando acontece uma coisa má - uma morte, um mau trato - em termos profissionais é essa situação que mais nos dá luta, mais nos motiva,nos dá prazer e adrenalina pois implica uma investigação, um envolvimento, uma procura de informação e de recursos superior ao de outros processos mais comuns. Por tudo isto, e não me alongando mais, não podemos dizer "desta água não beberei", como diz a sabedoria popular. Só perante as situações, e envolvidos num determinado contexto pessoal, profissional, social, saberemos qual a nossa reacção. Não me parece de facto que este senhor, tal como mães que relatavm histórias de morte ou sofrimento dos seus filhos ou pessoas que escrevem sobre qualquer outra desgraça, procure apenas o lucro. Não me parece que ninguém neste país enriqueça por aí, só mesmo a autora do "Harry Potter", que escreve outro estilo, para outro público, a outra escala! Mas o lucro obviamente é bem-vindo. O que move alguém a escrever é normalmente o desejo de partilhar o que lhe vai na alma...
Mas tem a sua opinião, eu tenho a minha, outros terão as suas. Não vale a pena prosseguir a discussão. A nossa cultura tem muito enraízadas as questões morais, religiosas, os juízos de valor... mas só quando se passa pelas coisas se sabe que apenas valem o que valem e nada mais que isso.

  Bruno Fehr

sexta-feira, outubro 26, 2007 3:17:00 da tarde

Cat:

"Sei por experiência e por conhecimento académico e profissional que é difícil prevermos a nossa reacção sem sermos confrontados com a situação. Nós somos um ser com comportamento contextual, não linear."

Não conheço a sua vida académica ou profissinal. Mas eu não preciso de ser confrontado com a situação, para saber que doaria todos e quaisquer lucros de um livro, baseado na morte de uma criança.
Não faço ideia em que bases acenta o seu racciocinio, mas nem todo o ser humano precisa de estar confrontado com a situação para, depois reagir. Isso é um generalização ilógica.

"procure apenas o lucro."

Eu não disse que o escritor procurava ficar rico, mas qualquer que seja a quantia recebida é dinheiro manchado de sangue, que deveria ajudar mutios e não um. Ao receber 8% a 10% de cada livro que está a vender a este ritmo, é muito dinheiro.


"O que move alguém a escrever é normalmente o desejo de partilhar o que lhe vai na alma..."

Eu isso muito bem. Mas se é realmente isso que move a pessoa e se a pessoa ainda distingue o certo do errado, deveria ter analisado um pouco melhor. Todos sabemos que após muitos anos na policia ou no exército, se vê tanta coisa que as noções de certo e errado, se misturam. Este é um excelente exemplo. A ideia certa com a atitude e resultados errados!

De qualquer maneira, agradeço a sua opinião e sua passagem por este espaço.