O outro eu!




Sempre fui eu, até que "mudei". Quando "mudei" deixei de ser eu, para ser outro eu. Acho que não mudamos, é tudo uma evolução natural, que depende das nossas experiências de vida. Não acredito que se mude, mas acredito que mudamos. É confuso. O que digo é que ninguém muda, porque assim o decide, pelo menos uma mudança permanente. Tal como ninguém é mudado por ninguém, de forma duradoura. É tudo uma evolução, pessoal a nível intelectual ou sentimental.

Eu deixei de ser eu, lentamente, a cada contrariedade, a cada desilusão, perdia um pouco de mim. Não. Bem sei que nada se perde, tudo se transforma. O que acontecia e acontecerá sempre, é que a vontade que sinto em não permitir que as histórias se repitam, faz com altere detalhes em mim, em futuras situações idênticas. Todos nós o fazemos ou tentamos fazer, melhor ou pior.

O que perdia de mim eram fraquezas das quais o outro eu se alimentava e crescia.


O outro eu, é mais forte e sabe o que quer. O outro eu, é mais frio e calculista. O outro eu é mais sóbrio e não gosta muito de mim. Eu invejo o outro eu, mas não gosto dele. O outro eu faz o que quer e diz o que pensa, gosta dele acima de tudo. Eu não, eu gosto dela acima de tudo e depois de mim. Sou fraco, eu sei, mas fui feliz. Com ela.
A perda dela reprimiu-me enquanto o alimentou. Ele é forte e parece imune a sentimentos. E é. A imunidade dele é o meu sofrimento. Ele só é o que é, porque eu existo. Sou a esponja que absorve toda a dor e tristeza, sou quem o permite sorrir.


Eu sou ele e ele é eu, sem o ser.


No fundo e com o tempo a minha utilidade diminui, pois eu preciso dele para me manter vivo, enquanto ele já não precisa de mim. Sinto-o cada vez mais forte e ocupar o pouco espaço que resta em mim, fazendo-me desaparecer lentamente.
Quem sou eu? Eu sou quem recorda, quem sente, quem ama. Ele é quem decide, quem age, quem amou. Eu sou a dor, ele a certeza.


Ele é eu e eu sou ele, sem o ser.


É dele que se gosta ou desgosta. A mim poucos conhecem. Se ele morre, eu morro. Se eu morro ele continua a viver. Sou parte dele, com os anos tornei-me numa parte dispensável, mas ainda aqui estou.


Ao escrever isto, parece que é difícil ser eu. Não, não é. É muito mais difícil ser o outro eu. É uma evolução a que nem todos se permitem, pois evoluir é uma forma mudança e as pessoas temem as mudanças. Não temos de as temer temos de nos permitir ser, quem devemos ser. Resolver um dia o nosso conflito interno entre o certo e o errado, o bem e mal e, evoluir.


Há quem escolha viver nesse conflito toda a vida. Há quem deixe de evoluir.


Quem está certo? Não sei, ninguém sabe e julgo que nenhum de nós alguma vez saberá.


O que importa é que, mesmo que nunca conheçam o outro vós, se conformem e gostem de quem são.
Fala-se na perda da inocência, pela qual toda a gente passa, assim que se começa a distinguir o bem do mal, assim que se começa a perceber pequenos detalhes do dia-a-dia como a ironia, o sarcasmo, as metáforas. A inocência não é perdida é sim transformada. Toda a vida é uma evolução até ao momento que o ser humano atinge o "máximo" das suas capacidades intelectuais. Aí, escolhe o seu rumo, guia a sua evolução. Infelizmente a maioria resolve estagnar, com medo de mudanças. Preferem apreciar o conforto de serem quem são e ignorarem quem podem vir a ser. Preferem viver com o seu conflito eterno, os seus dilemas, os seus "se´s" e os seus "e se´s".


Este medo de mudar, está a embargar a evolução humana. De acordo com alguns cientistas, a evolução humana atingiu mais um pico e parou, estando a regredir na maioria da população. Felizmente existe uma elite que continua a evoluir.


Isto é bom? É mau? Não sei, mas sei que um dia, alguém saberá!




78 Comentários:

  Anónimo

segunda-feira, novembro 26, 2007 1:19:00 da tarde

"Preferem apreciar o conforto de serem quem são e ignorarem quem podem vir a ser" como concordo contigo e como te invejo por teres a coragem de evoluir!! A maioria de nos escolhe o caminho mais facil, a estagnação, o conforto aparente de ficar no mesmo sitio e ignorar a mudança... Medo do que esta para além do que somos e conhecemos...ou do que achamos que somos, medo de que aquilo que podemos vir a ser não seja melhor do que aquilo que ja somos...
medo, muito medo, é ele que me guia nas minhas escolhas e não escolhas...que me impede de evoluir!!mas reconhecer que posso ja é um passo...
mais uma vez: BRAVO

  Anónimo

segunda-feira, novembro 26, 2007 1:30:00 da tarde

Estamos em constante conflito com o nosso "Eu". Divididos numa dualidade... È dificil seguir um caminho pois nunca saberemos se é esse o caminho certo.
Acho que nunca o saberemos mesmo seguindo um ou outro,ou ambos.

Fica sempre um "se".

no mundo de hoje esta nossa evolução é dificil, porque parece que estamos a evoluir ou tentar evoluir, sózinhos. Estamos num mundo ocupado por pessoas solitárias como medo de viver, ou que simplesmente, não querem...

  Marta

segunda-feira, novembro 26, 2007 1:31:00 da tarde

Muito bonito!
Como eu te entendo! Também tenho esse conflito, um eu doce e um amargo, um sensível e um insensível!
Quam somos nós? Eu acho que nós somos aquilo que sentimos e não o que pensamos!
E toda a gente evolui, não quando quer, mas quando pode!

  China Girl

segunda-feira, novembro 26, 2007 1:58:00 da tarde

Agridoce...A vida é assim!!!
A inevitável evolução de quem é inteligente.a inevitável perda de quem é sensivel e autêntico...
Continua a gostar de ti...tens motivos para isso,sejas lá tu quem fores!
Beijos

  Jo

segunda-feira, novembro 26, 2007 2:26:00 da tarde

O teu post realmente dá que pensar.
Beijo grande.

  Hélder

segunda-feira, novembro 26, 2007 2:31:00 da tarde

Essa carapaça, que nos protege das emoções, como o sofrimento, também nos "protege" de sentir outras coisas. Mas não é outro eu, é apenas uma forma que o nosso eu tem de se proteger dos ataques emocionais que vai sofrendo.
Nem o eu "mais forte" subsiste sem o outro. Ele foi criado apenas para o proteger, sem ele deixa de ter razão.

Concordo contigo. A inocência não se perde verdadeiramente. A inocência dá lugar à consciência, à maturidade de tomarmos decisões plenas. A coragem para enfrentar os nossos medos, para agir com insegurança e com desconhecimento, para arriscar o pouco que somos numa oportunidade de sermos mais é, na maior parte dos casos, desperdiçada.

"Há quem viva enganado uma vida inteira."

Abraço.

  André

segunda-feira, novembro 26, 2007 2:45:00 da tarde

Tantos são os nossos 'eu' quantos são os sentimentos por que passamos. Quando queremos mudar sem querer, possivelmente quando alguém o tenta fazer ou o fazemos por alguém. Será alguém a tentar mudar-nos ou moldar-nos segundo a sua vontade e desejo. Nem sempre passa por uma escolha própria, nunca por um sentimento único e certo e que apenas nos procura dar respostas às perguntas e deixar-nos com mais questões.

  tavguinu

segunda-feira, novembro 26, 2007 3:11:00 da tarde

porra que andas introspectivo...

eu, eu e mais eu...

looool

bebe umas jolas que isse passa !

  Bela Sonhadora

segunda-feira, novembro 26, 2007 3:19:00 da tarde

Que post este... invariavelmente os teus posts deixam marcas, fazem pensar, ou fazem rir à gargalhada, Génio ou Genial? :P

Enfim,mas quanto ao tema, apesar da minha tenra idade concordo absolutamente ctgo, tb eu com os meus vinte aninhos ja senti mudanças na minha forma de estar, na minha FORMA DE SER, recordo-me cm uma daquelas meninas que acreditava a pés juntos que a vida era cor-de-rosa, apesar de algumas contrariedades... contudo, depois de algumas experiencias menos boas, essa menina está dando lugar a uma outra, menos sonhadora, mais realista, onde o negro existe e o cor de rosa começa a perder lugar... Aquela do cor-de-rosa ainda vai teimando com a sua presença... mas depois vem a desilusão... A vida é mesmo assim? com constantes provas de fogo? ou sou eu apenas que penso de mais, colocando-me sempre em análise, em questao? Talvez tenha sido por isso que aquela menina do cor-de-rosa cada vez tenha menos forças na minha vida...

bem e acho que ja divaguei demais eheheh

Küss

  mjf

segunda-feira, novembro 26, 2007 3:51:00 da tarde

Olá!
Puseste muita gente a pensar...
Eu acho que ninguem nasce "mau"...é a vivência de cada um que nos transforma...e pelo que me foi dado a apreciar, muda-se quase sempre para pior...porque somos confrontados no nosso dia a dia com factos que nos fazem desacreditar no nosso semelhante e como ficamos magoados, tentamos não repetir a mesma situação, que foi traumatizante e dolorosa para nós...e assim eu continuo a achar que cada vez nos retraímos mais e ficamos menos "bons"
Beijos

  Foi Bom

segunda-feira, novembro 26, 2007 4:11:00 da tarde

Pois, tá tudo muito bonito, mas por mais que queiras, tu não fazes a minima ideia de quem és...sabes o que queres, mas não sabes quem és...A tal pergunta eterna de quem sou, para onde vou, porque estou aqui, que sentido faz isso tudo...
Já te olhaste ao espelho e tentaste falar para ti? Não te sentes um estranho? Desde miúda que o faço, e fico sempre mais confusa, por isso é ir vivendo, sem demasiadas espectativas, sem demasiados planos, e disso sabes tu bem!

De qualquer forma, olha, não gosto de ti, por mais que mudes, ou por mais mutações que venhas a sofrer...:P:P:P

  Ana

segunda-feira, novembro 26, 2007 4:12:00 da tarde

Gostei. Bastante. :-) Acho que todos se revêm nas tuas palavras. Pois todos lutam contra ou com o outro Eu, ou outros Eus. Eu já conhecia o teu Eu que absorve dor, pois é ele quem costuma aqui escrever. O outro atira umas quantas coisas tipo "acordos pré-nupciais", "não me rendo", etc. LOLOLOL! Mas geralmente parece-me reconhecer aquele que dizes que absorve a dor.
Falar/escrever sobre sentimentos é sempre complicado. Primeiro, porque temos medo de nós mesmos e desses sentimentos, depois, porque temos medo da reacção dos outros. Depois, porque o que na altura nos soa com sentido, no dia a seguir dá vontade de rir. Depende do Eu que comanda...
Compreendo muuuuito bem este texto...especilmente porque andei um ano a fingir ser quem não era, com medo do que seria se ele descobrisse aquelas falhas neuróticas...(queria ser a namorada fixe, tás a ver, coisa que não sou...sou uma gaja como muitas outras, ou não fosse portadora de estrogéneos - se bem que a médica diga que ando com défice de progestrona, mas pronto...LOL) até que um dia o Eu neurótico explodiu e quase apagou o outro...mas vá lá que o gaijo era genuíno e suportou tudo com uma pachorra de santo ;-).
No fundo, evoluem os dois (ou tres, ou quatro, ou cinco...) Eus. Um aprende a ser mais doce, outro aprende a ser menos sensível. E vamos atingindo o equilibrio. Chamando um e outro sempre que necessário. Sou uma quando o abraço, sou outra quando lhe atiro com o telemovel à cabeça. LOL. Mas no geral sou uma mistura de dois...se bem que, ultimamente... enfim!! ;-p

  Bruno Fehr

segunda-feira, novembro 26, 2007 4:14:00 da tarde

Maya Gaarder:

"medo, é ele que me guia nas minhas escolhas e não escolhas...que me impede de evoluir!"

É verdade, mas haverá motivos para ter medo? Medo do que não se sabe e não se vê?

  Bruno Fehr

segunda-feira, novembro 26, 2007 4:15:00 da tarde

deusaminervae:

"Estamos num mundo ocupado por pessoas solitárias como medo de viver, ou que simplesmente, não querem..."


Sobreviver é mais fácil.

  Bruno Fehr

segunda-feira, novembro 26, 2007 4:16:00 da tarde

Marta:

Somos quem somos e não quem queremos ser, o problema é que muita gente não se conhece nem se quer conhecer.

  Ana

segunda-feira, novembro 26, 2007 4:17:00 da tarde

E no fundo é com a foi bom diz. Passamos a vida à procura de quem somos, para onde vamos, de onde vimos... já dizia o carl sagan que o ser humano é um bebe recem nascido deixado na soleira de uma porta sem nenhum bilhete a indicar de onde veio e para onde vai...
Uns sabem o que querem, mas não quem são. Outros sabem quem são, mas não o que querem. Outros acham que sabem...
Olha, e já dizia o Camões (o ganda mulherengo, pra na lhe chamar pior, LOL), "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança...tudo é comoposto de mudança". E as leis da física clamam, como bem descreveste, que nada se cria, nada se perde: tudo se transforma.

  Bruno Fehr

segunda-feira, novembro 26, 2007 4:17:00 da tarde

Ana Reis:

Eu? Eu sou o Crestfallen :)

  Bruno Fehr

segunda-feira, novembro 26, 2007 4:18:00 da tarde

Joana:

Já nem penso nisso :)

  Bruno Fehr

segunda-feira, novembro 26, 2007 4:20:00 da tarde

htsousa:

Essa carapaça de que falas existe, toda a gente a tem. O que o texto fala é de quem somos, quem queremos ser e em que nos tornamos. O eu de hoje, não é o eu de ontem, nem que me conheceu ontem me reconheceria ao ver-me hoje. Refiro a mudanças internas e não à protecção externa, pois essa é fácilmente penetrável usando sentimentos.

  Bruno Fehr

segunda-feira, novembro 26, 2007 4:22:00 da tarde

PsYcHo_MiNd:

As mudanças devem ser voluntárias e pessoais, nunca causadas ou influenciadas por terceiros. Pois nesse caso será tudo falso.

  Bruno Fehr

segunda-feira, novembro 26, 2007 4:22:00 da tarde

tavguinu:

Já vou tratar desse problema :P

  Bruno Fehr

segunda-feira, novembro 26, 2007 4:26:00 da tarde

Bela Sonhadora:

"Génio ou Genial?"

É génio, mau génio ou génio idiótico, pois amanhã terei outra ideia, outro assunto e este será esquecido. Genial seria resolver as questõe que coloco.

Quanto a ver a vida cor-de-rosa, essa tendência está em crescimento. Mesmo com todo o acesso à informação e por mais fodido que esteja o mundo, há cada vez mais pessoas a ver a vida assim.

  Bruno Fehr

segunda-feira, novembro 26, 2007 4:27:00 da tarde

mjf:

"muda-se quase sempre para pior..."

Mas são esses detalhes que devem ser corrigidos.

  Bruno Fehr

segunda-feira, novembro 26, 2007 4:34:00 da tarde

Foi Bom:

"tu não fazes a minima ideia de quem és...sabes o que queres, mas não sabes quem és..."

Saber o que se quer, já é algo. Eu não digo que temos de saber quem somos, isso seria demais. Mas todos nos conhecemos melhor do que o que pensamos.


"De qualquer forma, olha, não gosto de ti, por mais que mudes, ou por mais mutações que venhas a sofrer..."

Tu adoras deixar isto bem claro :)

  Bruno Fehr

segunda-feira, novembro 26, 2007 4:53:00 da tarde

Vanadis:

Ora aqui está um cometário que toca num ponto interessante...

Quem escreve o quê? Eu? Ou o outro eu?

"Eu que absorve dor, pois é ele quem costuma aqui escrever."

Incorrecto. Pode assim parecer mas de facto não é, ele escreve muito pouco neste blogue. Pois não tem pensamento lógico. O outro de facto escreveu 99 de cada 100 textos, ou seja só 2 ou 3 textos é que são desse que tu conheces. O que absorve dor limita-se a ser melancólico e fica quietinho no seu canto, só se mostrando "quando lhe dá na telha".

Eu sei que muita gente mostra ser outra pessoa por medo não ser aceite como é, mas isso não é uma mudança é um jogo que pode acabar bem ou mal. Acho que é um risco desnecessário e perigoso.

  turbolenta

segunda-feira, novembro 26, 2007 5:05:00 da tarde

Infelizes daqueles que se acomodam, que não tentam evoluir e que gostam sempre de si, mesmo sabendo que podiam ser melhores, fazer algo de mais útil, viver mais de acordo com os seus desejos e vontades, lutar pelos seus ideais e consegui-los.Estagnar e acomodação é algo que nunca devemos fazer.
A evolução, o partir à descoberta, à conquista , faz parte da curiosidade do ser humano. Ajuda-o a encarar as coisas por outro prisma.Fá-lo crescer!
É bom que esse dilema esteja sempre presente no teu pensamento.Sendo assim, estás sempre em busca da perfeição e da felicidades.
Que a encontres!
Que sejas feliz!
boa semana (cheia ou não de dilemas)

  camas e algemas

segunda-feira, novembro 26, 2007 5:21:00 da tarde

Se não houvesse outro eu... não aguentavamos dois dias... bjs

  Ana

segunda-feira, novembro 26, 2007 5:23:00 da tarde

Olha, eu tenho visto sempre o outro... ;-p...

Ou então, o semi-outro LOL!

Nestas coisas da net, nós somos "apenas" palavras que aparecem ao sabor de postes...é sempre apenas um bocadinho de um Eu.

  Bruno Fehr

segunda-feira, novembro 26, 2007 6:25:00 da tarde

turbolenta:

Não há dilemas por aqui, foi só uma observação de que é possível corrigir certos aspectos, se o queremos realmente fazer.

  Bruno Fehr

segunda-feira, novembro 26, 2007 6:26:00 da tarde

camas e algemas:

Isso é verdade, a questão é qual deles nos controla.

  Bruno Fehr

segunda-feira, novembro 26, 2007 6:28:00 da tarde

Vanadis:

O outro é quem manda :), pois o eu é anti-social :)

"Nestas coisas da net, nós somos "apenas" palavras que aparecem ao sabor de postes...é sempre apenas um bocadinho de um Eu."

Isto é verdade, mas essas "apenas" palavras podem ser vazias de significado, demonstrativas de quem somos, ou uma simples ilusão. Não acho que seja o poder da Net, mas sim o poder das palavras.

  Ana

segunda-feira, novembro 26, 2007 6:31:00 da tarde

Tb é um pouquinho o poder na net, pois são "apenas" palavras que sabemos que alguém está a ler. Palavras que secalhar brotam facilmente qd há um ecran pelo meio. Cara a cara, secalhar, não brotariam tanto assim. Por isso
e que eu digo que ladro muito, mas às vezes nem sequer mordo...LOLOLOL!

  Teté

segunda-feira, novembro 26, 2007 6:37:00 da tarde

Olha, ando há dias com a música "Logical Song" dos Supertramp na cabeça e foi dela que me lembrei ao ler o teu post:
"I know it sounds absurd... Please tell me who I am..."

E claro também o Fernando Pessoa e os seus heterónimos.

Enfim, todos temos um lado mais racional e um lado mais emocional, suponho que nenhum tem de prevalecer sobre o outro, o melhor é encontrar um ponto de equilíbrio... Ou, pelo menos, é o que tento fazer.

De qualquer forma tentar ser aquilo que não se é, dá sempre mau resultado.

E concordo com a Vanadis, quando ela diz que vê aqui (nos teus posts) os teus dois Eus. Bem sei que o duro, frio e cínico tenta prevalecer, mas o outro também está lá, a jogar com a sua (nossa) emoção!

Jinhos para os dois Eus!!!

I

  Bruno Fehr

segunda-feira, novembro 26, 2007 6:43:00 da tarde

Vanadis:

Mas isso é normal, no meu caso as palavras fluem com mais facilidade quando escrevo do que quando falo. Acho que até me explico melhor. O problema é que muitas vezes temos de falar cara-a-cara, as palavras não soam tão bem, nunca são tão certas, mas tem de ser!

  Bruno Fehr

segunda-feira, novembro 26, 2007 6:47:00 da tarde

Teté:

"I know it sounds absurd... Please tell me who I am..."

Ou pelo menos diz-me quem vês, a mim isso basta-me.

E claro também o Fernando Pessoa e os seus heterónimos.

Eu acho que o eu racional deve prevalecer sobre o eu emocional, pois cegos por emoções só fazemos merda :)

"De qualquer forma tentar ser aquilo que não se é, dá sempre mau resultado."

Disso não tenho duvidas, mas podemos ser sempre quem somos na verdade e nem sempre somos quem pensamos que somos. Aí está a questão, pois quem somos está longe do potencial de quem podemos vir a ser.

"Bem sei que o duro, frio e cínico tenta prevalecer, mas o outro também está lá, a jogar com a sua (nossa) emoção!"

Está, mas não tão patente como se pensa. Eu gosto de jogos de palavras, que por vezes levam a uma interpretação incompleta.

  Lucifer

segunda-feira, novembro 26, 2007 6:56:00 da tarde

Quem és tu? Conheço-te? É tu ou outro tu... outrutu!

Foda-se! Mas que drogas andas tu a tomar? Bebe um copo que isso passa!

  Helluah

segunda-feira, novembro 26, 2007 6:57:00 da tarde

Ai crest... voltamos à sintonia... acabaste de escrever o que o meu alter ego não consegue por lhe faltar coerencia para um discurso desses... em que é mesmo necessario uma grande dose do tal outro eu "O outro eu, é mais forte e sabe o que quer. O outro eu, é mais frio e calculista. O outro eu é mais sóbrio e não gosta muito de mim. Eu invejo o outro eu, mas não gosto dele. O outro eu faz o que quer e diz o que pensa, gosta dele acima de tudo. Eu não, eu gosto dela acima de tudo e depois de mim. Sou fraco, eu sei, mas fui feliz."

Não sei onde é q este outro eu se meteu, mas quando a encontrar dou-lhe uns tabefes por me ter deixado à toa nesta merda!

é bom ter-te de volta maridão!

  Bruno Fehr

segunda-feira, novembro 26, 2007 7:13:00 da tarde

Lésbico:

Eu consumo as drogas e tu apanhas a moca!

  Bruno Fehr

segunda-feira, novembro 26, 2007 7:16:00 da tarde

Helluah:

Olá, olá :)

"Não sei onde é q este outro eu se meteu, mas quando a encontrar dou-lhe uns tabefes por me ter deixado à toa nesta merda!"

Ela está aí contigo, normalmente para a achares, tens de te "passar da cabeça", mas quando a encontrares, aprendes a ser mais ela e logo passar por menos merdas.

  Helluah

segunda-feira, novembro 26, 2007 7:21:00 da tarde

sabes q isso é uma granda foda... tornamo-nos mais máquinas e menos humanos, é fodido, é o q te digo... a natureza humana está cheia de incongruências, e acabamos por não saber como estar, o que ser, o que mostrar...

  Ana

segunda-feira, novembro 26, 2007 7:34:00 da tarde

Achas tu que jogas, ;-). Ou achamos nós que não nos deixamos levar no jogo. Depende tudo do ponto de vista.

Pois, eu, cara a cara, depende do à vontade, que por seu turno tb depende do interlocutor. Mas suponho que hoje em dia sou muito mais extrovertida do que era. Mas, cara a cara, a timidez prevalece sempre...se bem que...olha...já me perdi! Já nem sei dizer se dou tímida ou que...(cara a cara)...talvez uma extrovertida timida!!?? Em todo o caso, o Eu que eu mostro, cara a cara ou ecran a ecran, depende muitas vezes do interlocutor.

  Ana

segunda-feira, novembro 26, 2007 7:34:00 da tarde

Este comentário foi removido pelo autor.
  Anónimo

segunda-feira, novembro 26, 2007 7:44:00 da tarde

Acho que o melhor é quando conseguimos conciliar os dois "eus". São os dois necessários, pelo menos quando se pretende o equilibrio. Eu preciso dele (equilibrio).
Mas esse equilibrio não pode durar muito porque de tempos em tempos sugirão sempre "lutas" entre os dois "eus" porque haverá sempre um a querer dominar o outro... embora também ache que há medida que o tempo passa, aumentam os intervalos das lutas...
Confuso?

  ipsis verbis

segunda-feira, novembro 26, 2007 8:39:00 da tarde

O meio termo é uma seca porque é morno em vez de quente. Por isso, se tivesse que escolher apenas uma EU escolhia a fria e calculista. Porque, como tu (Crestfallen) dizes e bem, é mais forte, sabe o que quer e parece imune a sentimentos. Além disso, também tenho inveja dela.

  Anónimo

segunda-feira, novembro 26, 2007 10:11:00 da tarde

definitivamente....o teu mundo é um sitio muito peculiar!
depois do ultimo post ler um destes....estiveste muiot muito bem crest ;)

e quanto á luta com o eu.....acho que todos sentimos falta do "eu" inocente e crédulo,mas o "eu" ruim e com centro no proprio humbigo é mais bem aceite hoje em sociedade do que o eu bonzinho.normalmente,os bons sao tomados por parvos.
***

  Rafeiro Perfumado

segunda-feira, novembro 26, 2007 10:23:00 da tarde

Grande texto... e quanto a mim, fica descansado, gosto bué de mim.

Um grande abraço, Crest, e mais uma vez os meus parabéns, são textos como este que trazem valor à blogosfera.

  Ana

segunda-feira, novembro 26, 2007 10:54:00 da tarde

"Quanto a mim, sinto, de vez em quando, que sou um personagem de alguém. É incomodo ser duas. Eu para mim e eu para os outros."

Clarice Lispector

  Mulheka

segunda-feira, novembro 26, 2007 11:07:00 da tarde

Em certa parte revejo-me no: "Preferem apreciar o conforto de serem quem são e ignorarem quem podem vir a ser. Preferem viver com o seu conflito eterno, os seus dilemas, os seus "se´s" e os seus "e se´s"." (Não que me orgulho disso.

Quer ser mais, para isso tenho que sair daqui e ainda não o fiz. Não sei do que estou à espera. Primeiro eram os amigos, agora é o irmão que nasceu e apesar de não serem desculpas pelo facto de serem coisas importantes... muito importantes, no fundo, são desculpas. Desculpas que se vão encontrando para não fazer o que se quer e não quer ao mesmo tempo.

  Gaja Boa 2

segunda-feira, novembro 26, 2007 11:54:00 da tarde

acho que fiquei confusa! Vou beber um caneco a ver se as ideias se aclaram...

  Pins

segunda-feira, novembro 26, 2007 11:55:00 da tarde

Senti mesmo este texto. É o retrato da vida, cheia de lições que somos obrigados a aprender. Daqueles textos para guardar

  o segredo da lua

terça-feira, novembro 27, 2007 12:15:00 da manhã

Qualquer semelhança entre este post e o anterior é pura ficçao!

  Francis

terça-feira, novembro 27, 2007 12:29:00 da tarde

pronto lá tás a evoluir pá, tá sossegado rapaz...bebe uns shots de vodka e anda com isso.

seja como fôr, concordo contigo, as pessoas estão muito acomodadas, esperam ver, não andam.

olha eu estou cá numa evolução...daç.

  Bruno Fehr

terça-feira, novembro 27, 2007 1:11:00 da tarde

Helluah:

Mas isso parecem dilemas das idades dos "porquês", temos várias fases dessas durante a vida.

  Bruno Fehr

terça-feira, novembro 27, 2007 1:13:00 da tarde

Vanadis:

Eu percebo, o que digo é que tudo o que dizemos em tempo real, nem sempre pode ser pensado e que mais tarde ou mesmo assim que terminamos o nosso discurso, chegamos à conclusão que poderiamos ter dito o mesmo, de uma forma mais clara, mais simples, mais simpática. O discurso escrito é sempre mais bonito.

Por melhor que seja o improvisador, o que ele pensa no papel vai ser melhor.

Pois, eu, cara a cara, depende do à vontade, que por seu turno tb depende do interlocutor. Mas suponho que hoje em dia sou muito mais extrovertida do que era. Mas, cara a cara, a timidez prevalece sempre...se bem que...olha...já me perdi! Já nem sei dizer se dou tímida ou que...(cara a cara)...talvez uma extrovertida timida!!?? Em todo o caso, o Eu que eu mostro, cara a cara ou ecran a ecran, depende muitas vezes do interlocutor.

  Bruno Fehr

terça-feira, novembro 27, 2007 1:14:00 da tarde

Inês:

Os dois são necessários, mas precisamos de um durante mais tempo como activo, eu escolhi o meu, ou ele escolheu-me a mim!

  Bruno Fehr

terça-feira, novembro 27, 2007 1:16:00 da tarde

ipsis verbis:

Ora lá está, e exactamente isso que penso. O nosso lado frio e calculista que sabe o que quer é o unico que nos pode levar onde queremos ir. O outro, é fraco, consumido por medos e sentimentos, é util para ficar quietinho num canto a ver.

  Bruno Fehr

terça-feira, novembro 27, 2007 1:18:00 da tarde

miss bradshaw:

Após ler os comentários do último post, resolvi fazer algo de complectamente diferente.

Detesto ser previsível :P

O meu "eu" frio e calculista, não é mau, nenhum dos meus eus tem maldade, simplesmente tem objectivos e quer atingi-los, o outro é só um peso que tem de ser arrastado.

  Bruno Fehr

terça-feira, novembro 27, 2007 1:19:00 da tarde

Rafeiro Perfumado:

"e mais uma vez os meus parabéns, são textos como este que trazem valor à blogosfera."

Xii, olhó ego!!

  Bruno Fehr

terça-feira, novembro 27, 2007 1:21:00 da tarde

Ana:

Não conhecia esse pensamento, está correcto, mas no meu caso eu não sou diferente para os outros, sou quem quero ser e estou confortável com isso. Já não sou é o mesmo otário sentimentalista que fui em tempos!

  Bruno Fehr

terça-feira, novembro 27, 2007 1:27:00 da tarde

Mulheka:

Eu quando saí de Portugal e fui para Inglaterra, tive imensos pensamentos contra:
- Deixar família e amigos e ter de contruir uma vida social do zero sem apoio da familia. A minha irmã tinha dois anos e eu não iria brincar com ela. Deixar a minha casa e muitas das minhas coisas. Deixar o meu mundo. Libertar-me das minhas raízes. Perder um pouco de mim.

Depois analisei os Prós:

- A familia estará sempre lá para mim, nos amigos a distância separa o trigo do joio e no meu caso a maioria era joio, iria fazer novos amigos, alargar horizontes, ter oportunidades na área que eu queria, libertar-me das raízes e deixar de me comportar como uma árvore, aumentar o meu nivel de vida e ver os meus sonhos mais perto.

Olha, correu tão bem, que me mudei outra vez e fui para Hamburgo, onde nem sequer falava a língua!

Quer ser mais, para isso tenho que sair daqui e ainda não o fiz. Não sei do que estou à espera. Primeiro eram os amigos, agora é o irmão que nasceu e apesar de não serem desculpas pelo facto de serem coisas importantes... muito importantes, no fundo, são desculpas. Desculpas que se vão encontrando para não fazer o que se quer e não quer ao mesmo tempo.

  Bruno Fehr

terça-feira, novembro 27, 2007 1:28:00 da tarde

Gaja Boa 2:

Eu bebo canecos para as turvar!

  Bruno Fehr

terça-feira, novembro 27, 2007 1:29:00 da tarde

Nieh:

Para guardar, ai que meu ego já não cabe em mim. Acho que vou ter de comprar uma casa maior :)

  Bruno Fehr

terça-feira, novembro 27, 2007 1:29:00 da tarde

o segredo da lua:

Ninguém me pode acusar de ser linear, previsivel ou aborrecido!

  Bruno Fehr

terça-feira, novembro 27, 2007 1:31:00 da tarde

Francis:

Já que falas em shots... eu já venho!

  Anónimo

terça-feira, novembro 27, 2007 2:57:00 da tarde

esse medo da mudança leva-nos a não querer enfrentar essa guerra dos "eu"!

mas, acredita ele está lá!!!

  sunshine

terça-feira, novembro 27, 2007 4:17:00 da tarde

Mudar é evoluir, para melhor ou para pior. Só o saberemos a longo prazo. A comodidade é segura, isenta de riscos.
Todos somos confrontados com este conflito interior, com uma dualidade de sentimentos, com o ter que fazer escolhas, com dúvidas. Temos sempre facetas diferentes da personalidade,é ver qual prevalece e em que circunstâncias.
Medo é o que nos paralisa, impedenos de prosseguir.É preciso ousar, ter coragem e aceitar a mudança como uma realidade inerente à vida.

  iFrancisca

terça-feira, novembro 27, 2007 6:11:00 da tarde

Isto é que é produzir! Uma pessoa não vem cá um dia e o crest já escreveu dois post. Pelos vistos é verdade que a produtividade é alta na Alemanha!
Quanto ao post, eu deixo o eu que me faz mais feliz e espontanea comandar tudo! O outro é muito atinadinho! Lol Bjs

  Vício

terça-feira, novembro 27, 2007 11:38:00 da tarde

é necessária essa evolução para sobreviver mas ao mesmo tempo que evoluimos tornamo-nos predadores de quem não se adapta à evolução ou não consegue evoluir!
a não ser que, tal como tu dizes, que as pessoas que evoluem consigam uma harmonia entre os seus eus e isso não os torne apenas o topo da "cadeia alimentar"!
eu sinto-me como tu e nem sempre estou em harmonia mas esforço-me por isso!

  margarida

quarta-feira, novembro 28, 2007 1:13:00 da manhã

O outro é mais verdadeiro. O que diz o que pensa, o que faz o que quer, o que gosta de si e dos outros mas nunca de si em último lugar.

O eu que vive à sombra mas à superfície do outro é o dos adultos, dos pais, dos avós, o da sabedoria. o que cala, o que espera, o que não cede a impulsos.

Gosto mais do outro, mas o da superfície é o do crescimento, o dos ensinamentos.

  Bruno Fehr

quarta-feira, novembro 28, 2007 9:23:00 da manhã

inês ( a outra):

Então se está lá, a pessoa deve resolver essa luta interna, de uma vez por todas. Isso pressupões mudança.

  Bruno Fehr

quarta-feira, novembro 28, 2007 9:25:00 da manhã

sunshine:

Concordo que mudar é evoluir, mas é sempre para melhor, caso contrário não seria evoluir. Desde que as pessoas param para pensar naquilo que querem realmente e se preparem para atingir esse objectivo é sempre uma mudança para melhor.

O que é mau é a estagnação, o conforto de se ser parte do seu pontencial.

  Bruno Fehr

quarta-feira, novembro 28, 2007 9:27:00 da manhã

iFrancisca:

Ora lá está, isso é o correcto de se fazer. Mas para se chegar a esse tempo, temos de nos conhecer e para isso é necessária alguma introspecção.

Não tenho dúvidas que a produtividade é alta aqui, mas este mês foi o mais fraco em posts... logo não muito produtivo.

  Bruno Fehr

quarta-feira, novembro 28, 2007 9:30:00 da manhã

Vício:

É isso mesmo, estamos a chegar a um ponto, em que há pessoas mais preparadas, mas ambiciosas que se tornam mais capazes. Os menos preparados acabam papados.

Estamos a chegar a uma era em que nem cunhas salvam Zézés.

  Bruno Fehr

quarta-feira, novembro 28, 2007 9:31:00 da manhã

margarida:

O outro é aquele que tentamos conhecer nas pessoas das quais gostamos, mas se o deixamos tomar controlo, a pessoa nem anda nem desanda.

  Margaret

quarta-feira, novembro 28, 2007 9:41:00 da tarde

excelente texto crest! mas olha que eu acho que mudamos quando queremos... assim como as pessoas também nos mudam. e muitas vezes as mudanças também podem ser expontâneas! já aconteceu comigo. algo que estava a matutar dentro de nós pode dar azo a uma dessas mudanças radicais... raras mas acontecem.

  Marta

quinta-feira, novembro 29, 2007 2:20:00 da manhã

F***-** que esta m**** fez toda sentido!
F***-**!!!!

  Bruno Fehr

sexta-feira, novembro 30, 2007 12:06:00 da tarde

alguém+ neste mar de gente:

Eu sei, mas será mesmo uma mudança ou um melhoramento daquilo que somos, é que sendo um melhoramento é um evolução e nada tão simples como uma mudança!

  Bruno Fehr

sexta-feira, novembro 30, 2007 12:06:00 da tarde

Cold_cold_Bitch:

Porquê? Eu não costumo fazer sentido? :P