O tempo!

O tempo cura tudo, dizem... Será?


Então se o tempo cura tudo, porque raio morre gente de cancro, de fome, de sida e atropelados pelo camião do lixo? Talvéz no caso dos atropelamentos o tempo não tenha tempo. No caso das doenças o tempo esquece-se.

As pessoas morrem e dói a quem fica. O tempo cura?
O nosso coração é partido. O tempo cura?

Mas cura o quê? O tempo não é um antibiótico, uma droga ou supositório. O tempo não é nada, portanto nada pode fazer.
O meu pai dizia duas frases, que eu levei muito tempo a conseguir repetir e, só a consegui repetir quando percebi o seu significado:

"O tempo pergunta ao tempo,
Quanto tempo o tempo tem.
O tempo responde ao tempo,
Que o tempo tem tanto tempo,
Quanto o tempo, tempo tem"

Pois é mesmo isto mesmo. O tempo não tem tempo, o tempo não é nada. O tempo não passa, nós é que passamos por ele, pois andamos aqui com o tempo contado e é contado por nós.
Inventámos o tempo simplesmente para medir a nossa passagem pela vida. Nós passamos, o tempo fica.
O tempo cura todas as dores. No entanto morre-se de dor. Porquê? Porque o tempo não chega? Foi pouco tempo... Talvéz...

Para mim esperar que o tempo cure, não é mais do que perder o nosso tempo, pois ele está-se a cagar para nós. Nós não temos tempo a perder esperando, temos de agir, seguir em frente, por nós, sem a ajuda dele.
Como muita gente já perdi e já sofri por perder. A dor está cá, não dói mais nem menos, mas uma pessoa habitua-se a ela e parece doer menos. Os anos passam e nada muda.

É caso para perguntar:
"Se o tempo cura, será que quando o tempo tiver tempo de curar a nossa dor, ainda temos tempo de viver sem ela?"

Não, pois se a dor passou, provávelmente já não estamos vivos.

54 Comentários:

  André

segunda-feira, outubro 01, 2007 11:22:00 da manhã

as pessoas sofrem,muitas durante toda a vida,mas acabam por se acomodar
à dor, pois só esperam que o tempo passe e que acabe com essa dor... não é o tempo que cura tudo, mas sim o passar do tempo que nos aproxima da morte. as pessoas não temem a morte, mas sim o sofrimento até ela, o tempo que passará até que ela chegue.

  Ana

segunda-feira, outubro 01, 2007 11:27:00 da manhã

Bolas!! Agora deixaste-me mesmo a pensar... logo eu, que não funciono muito bem da parte da manha!

  Vício

segunda-feira, outubro 01, 2007 12:09:00 da tarde

só passei pra te dizer que tens uma nomeação no meu blog mas que não entendas mal.
é sem segundas intenções!

  Teté

segunda-feira, outubro 01, 2007 12:22:00 da tarde

O tempo atenua os sofrimentos, até porque vamos tendo outros de caminho... Mas esquecer, não se esquece nunca!

Aliás, nem os bons nem os maus momentos do passado se conseguem esquecer, mas a verdade é que temos de seguir em frente, "ultrapassando" todas essas fases próprias da vivência humana.

Mudando de assunto, ontem perdi-me várias vezes na água de sanita, aquela matemática e estatística baralhou-me o sistema e depois um outro comentador explicou tudo o que havia a explicar sobre perfumes, talvez esquecendo que o Rei Sol era um grande porcalhão, que nunca (ou poucas vezes, que vem a dar no mesmo!) tomou banho na vida e que para disfarçar o cheirete se encharcava em perfumes... E essa deve ter sido parte importante no desenvolvimento da perfumaria francesa!

Obridada pela dica!

  Anónimo

segunda-feira, outubro 01, 2007 12:41:00 da tarde

Cura o caraças, temos é que nos habituar à merda da dor.
E nem sei o que é pior, se a habituação se a própria dor.

  Anónimo

segunda-feira, outubro 01, 2007 12:50:00 da tarde

O tempo é realmente um conceito abstracto, ao qual nos, normalmente atribuimos capacidades curativas que ele não possui!
A cura parte de nos, o atenuar do sofrimento!Por mais que o tempo passe e volte a passar, as coisas não mudam, e se mudam so pioram, cabe-nos a nos agir sermos agentes da nossa propria cura!
Se calhar sou so eu, mas sou incapaz de esquecer seja o que for, bons ou maus momentos, o tempo so funciona na medida em que ajuda a ver as coisas à distância, sob outra perspectiva!
As magoas, a dor, fazem parte de nos na mesma medida da alegria e da felicidade, esquecer não é bom!
O que é bom é relativizar, aquilo que me fez sofrer ha alguns anos atras apenas me faria rir agora, isso é o que o tempo tem de melhor...

  Bruno Fehr

segunda-feira, outubro 01, 2007 1:00:00 da tarde

PsYcHo_MiNd:

É como festejar os aniversários. Festejamos mais um ano de vida ou um ano mais próximo da morte?

  Bruno Fehr

segunda-feira, outubro 01, 2007 1:01:00 da tarde

Ana:

É, eu da parte da manhã é quando ideias mais malucas, ao fim da tarde é que já não digo nada que se aproveite...

  Bruno Fehr

segunda-feira, outubro 01, 2007 1:02:00 da tarde

VICIO:

Ainda bem, assim faço um 2 em 1, visto que fui desafiado por duas pessoas ;)

  Bruno Fehr

segunda-feira, outubro 01, 2007 1:05:00 da tarde

Teté:

Eu acho é mais a nossa habituação que faz a dor parecer atenuada.

"...o Rei Sol era um grande porcalhão, que nunca (ou poucas vezes, que vem a dar no mesmo!) tomou banho na vida e que para disfarçar o cheirete se encharcava em perfumes..."

O rei sol e muitas madames. Antes dos perfumes serem líquidos, usavam saquinhos de ervas aromáticas.

Se eu fosse o Rei Sol, tomava banho de 5 em 5 minutos, pois teria meia duzia de malucas para me dar banho!
Viste o filme "Um principe em Nova York"? Era assim que eu queria tomar banho :)

  Bruno Fehr

segunda-feira, outubro 01, 2007 1:06:00 da tarde

Musa:

Normalmente quem diz que cura, nunca passou pela experiência. Por isso fala sem conhecimento.

  Bruno Fehr

segunda-feira, outubro 01, 2007 1:08:00 da tarde

Maya Gaarder:

"o tempo so funciona na medida em que ajuda a ver as coisas à distância, sob outra perspectiva!"

Concordo.

"esquecer não é bom!"

Por vezes custa, mas damos por nós a lembrar. Lembrar para não esquecer.

  André

segunda-feira, outubro 01, 2007 1:23:00 da tarde

exacto! mais um ano que passa e mais perto se fica da inevitável morte. a morte é a unica coisa certa na vida e esse caminho até lá ninguem o quer fazer em sofrimento. a dor e a mágoa fazem parte da vida de todos,mas a morte não trás sentimento e a dor sim. ainda que não se esqueçam dores do passado,
preferimos esquecê-las, guardá-las num cantinho lá bem longe, por que estas lembranças trazem-nos dor,dor maior que o enfrentar da própria morte que temos como certa.
quem não daria a vida por alguem, mas ninguem quer a dor de outrem.

  Marta

segunda-feira, outubro 01, 2007 1:41:00 da tarde

O tempo não cura mas, a distância temporal em relação ao acontecimento que despoletou o sofrimento, permite-nos adquirir outra perspectiva sobre o passado. O presente atenua o passado. Por outro lado, sem esse passado dificilmente existiria este presente (isto é verdade à La Palisse, lol).
O tempo atenua mais a dor que o espaço mas, às vezes, a dor é tanta que não é suficiente esperar: temos de partir para bem longe ou ficar incontactáveis.

  Anónimo

segunda-feira, outubro 01, 2007 1:48:00 da tarde

Eu ainda me lembro dessa lengalenga, o que é impressionante tendo em conta que a aprendi na primária. Isto é um dilema filosófico bicudo. O tempo em si não cura nada, se tal for possível, é o próprio corpo/mente que o faz, mas dito isto, o corpo ou mente também precisa do tempo para se curar. Por isso acho que é mais um trabalho de equipa.

Mas na maioria das vezes, e tal como tu disseste, as "dores do coração" não se curam, apenas nos habituamos à sua presença. É um pouco como trabalhar num camião do lixo, ao principio aquilo cheira muito mal, mas depois já não faz diferença nenhuma lol

  Margaret

segunda-feira, outubro 01, 2007 2:31:00 da tarde

o tempo existe para todas as coisas... nós é que inventámos as horas minutos e segundos. nós é que nos regemos sob esse calendário circadiano. agora que o tempo cura tudo é bem verdade! quando está sol não andas mais alegre?? :p o sol cura as depressões, a chuva cura a seca e por aí ehe

  Bruno Fehr

segunda-feira, outubro 01, 2007 2:51:00 da tarde

PsYcHo_MiNd:

"mas ninguem quer a dor de outrem."

Há casos em que aceitariamos receber a dor sentida por alguém que amamos.

  Bruno Fehr

segunda-feira, outubro 01, 2007 2:53:00 da tarde

Cold_cold_Bitch:

"sem esse passado dificilmente existiria este presente"

Mas certamente seria em muitos casos um presente melhor, não em todos os casos, mas em muitos.

  Bruno Fehr

segunda-feira, outubro 01, 2007 2:54:00 da tarde

Skynet:

A analogia ao camião do lixo faz sentido, sim senhor.

  Bruno Fehr

segunda-feira, outubro 01, 2007 2:56:00 da tarde

alguém+ neste mar de gente:

"quando está sol não andas mais alegre?? :p o sol cura as depressões"

Curar não cura, mas é certo que anima, no entanto a noite é quem nos faz enfrentar os nossos fantasmas e só enfrentando podemos superá-los.

  Ana

segunda-feira, outubro 01, 2007 3:31:00 da tarde

Eu costumo dizer que o tempo é carrasco, mas também salvador!

Mas um dia destes lembrei.me que há coisas que mesmo com o tempo não passam nunca. Uma pessoa amputa o braço e isso não passa. Uma prótese não é o seu corpo. Mas adapta.se a ela e assim segue a sua vida. O marido perde a mulher e isso então não passa mesmo! Ele pode até vir a casar novamente, mas AQUELA mulher, ele não terá mais.

A dor não passa com o tempo, a saudade não passa. O que eu acho é que são "camufladas" por um ou outro acontecimento feliz. Estar com pessoas de quem gostamos ajuda a aliviar um pouco... ocupa a cabeça.... e desta forma não sobra tempo para pensar em tristezas.

Não é o tempo que "cura", é o viver.

  Lucifer

segunda-feira, outubro 01, 2007 3:35:00 da tarde

Crest, dá uma vista de olhos neste texto! Não sei o que fazes às gajas mas elas gostam!

http://alienscorner.blogspot.com/2007/09/quem-quem-afinal-este-tema-no-novo.html

  Bruno Fehr

segunda-feira, outubro 01, 2007 3:50:00 da tarde

Ana:

Concordo, mas no caso dos amputados, eles têm a dor fantasma regularmente, ou seja chegam a sentir dor no dedos da mão que não têm.

  Bruno Fehr

segunda-feira, outubro 01, 2007 3:51:00 da tarde

Lésbico:

Já vi esse texto, está giro. Poderia ter colocado o meu nome lá, respeitava-a mais se o fizesse!

Falem bem ou falem mal de mim, mas falem!

Eu escrevo porque gosto e sobre o que gosto e não para agradar nem engatar. Há pessoas que deviam estar caladinhas!

  NiNa

segunda-feira, outubro 01, 2007 4:02:00 da tarde

Bolas..já percebi porque é que a Beta tem acumulada tal carga de boa-disposição :P
Concordo com algumas coisas sim :) e acredito que somos nós a passar por ele como dizes...de outra forma pk é que as "horas voam" qdo menos queremos?! Mas para mim, o sentimento de habituação a uma perda, é uma questão de tempo...ele n desaparece claro, mas a habituação a ele torna-o mais suportável, penso eu de que... :P
Para mim pior que o tempo só a nossa memória: se n nos lembrássemos de nada tlvz fossemos mais afoitos a viver o momento e n a recordar: "ah como fui feliz", mas certamente mto mais vazios :(
bjinhos bom post!

  Bruno Fehr

segunda-feira, outubro 01, 2007 4:04:00 da tarde

NiNa:

É a Beta ficou com a minha boa disposição hoje. Mas o dia está a melhorar :)

"ah como fui feliz"

Pensar assim é um sinal de esperança, pois poderá voltar a ser. Eu penso é em quem não tem razões para o dizer. Isso sim deve ser triste!

  tavguinu

segunda-feira, outubro 01, 2007 4:23:00 da tarde

olha quanto ao tempo tenho duas coisas a dizer-te :

1º tá um tempo de merda;
2º estamos a perder tempo em não provar o vinho.

:-)

  Bruno Fehr

segunda-feira, outubro 01, 2007 4:27:00 da tarde

tavguinu:

Isso também é verdade, mas eu não tenho jeito para provas de vinhos, pois bebo-o não o cuspo!

  o segredo da lua

segunda-feira, outubro 01, 2007 6:06:00 da tarde

Nao sei se ja tinha dito, mas este blog é brilhante!

  tavguinu

segunda-feira, outubro 01, 2007 6:36:00 da tarde

mas quem te disse que isso é falta de jeito !

engolessssssss ! tudo até ao fim ! :-)

  Margaret

segunda-feira, outubro 01, 2007 8:12:00 da tarde

ai não me fales nas noites em que estamos sozinhos a enfrentar os nossos fantasmas... ai o 'tempo' encarrega-se de passar e ai sempre se dissipam os fantasmas

  Anónimo

segunda-feira, outubro 01, 2007 8:15:00 da tarde

Quando o meu irmão morreu, o meu pai dizia-me:
-Faço de conta que o mano foi viajar, por muito tempo, tanto que quando eu morrer ele ainda não teve tempo de voltar.
E perdi os dois!
Fica bem ou como poderes.
Beijo.

  Oásis

segunda-feira, outubro 01, 2007 9:28:00 da tarde

Ok... fui ver o texto da alien... quer isto dizer que afinal és uma gaja? loooooool (por mim tudo bem)

  Anónimo

segunda-feira, outubro 01, 2007 10:44:00 da tarde

"O tempo cura tudo ou quase tudo" - escrevi num dos meus posts um dia destes, no entanto não pense que o tempo cure, apenas ajuda a que saibamos a viver com a dor, a tristeza, a desilusão e por aí fora...

  Inês Almeida Lima

segunda-feira, outubro 01, 2007 10:49:00 da tarde

O tempo funciona como digestivo... ajuda-nos a digerir a dor e o sofrimento.

  suz

segunda-feira, outubro 01, 2007 11:23:00 da tarde

A minha avó diz o mesmo que o teu pai.

E a verdade é mesmo essa. O tempo não faz nada, a não ser passar...

  Vício

segunda-feira, outubro 01, 2007 11:49:00 da tarde

o tempo cura mas é preciso tempo para que essa cura seja encontrada!

  Helluah

terça-feira, outubro 02, 2007 12:09:00 da manhã

Crest_ o tempo cura, o tempo cria e o tempo destroi...

e mais, mesmo q sejas gaja, ou um gajo muita feio e gordo, continuo casada contigo, o amor (aos diamantes) é incondicional!!

  luafeiticeira

terça-feira, outubro 02, 2007 1:28:00 da manhã

Desculpa, mas preciso que vás ao meu blog.
Obrigada
jocas

  Anónimo

terça-feira, outubro 02, 2007 10:35:00 da manhã

Perdemos é imenso tempo com o tempo...

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 12:45:00 da tarde

o segredo da lua:

Há um grande cresciemnto de opiniões contrárias, neste últimos dias :)

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 12:47:00 da tarde

tavguinu:

No dia 23 irá haver uma prova de vinhos, organizada pela Casa de Portugal, o Consulado e o Paraíso dos vinhos, que é a maior casa em Hamburgo de vinhos Portugueses... Tiveram o descaramento de me convidar para a prova...

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 12:48:00 da tarde

alguém+ neste mar de gente:

Eu prefiro enfrentá-los e lidar com as coisas desde cedo.

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 12:49:00 da tarde

Carpe Diem:

Acho a maneira que o teu arranjou de lidar com isso, bonita.

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 12:50:00 da tarde

Orquidea:

Eu gaja, não, isto quer dizer que ela é atrasada mental!

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 12:51:00 da tarde

sexy hot:

Eu acho que é o nosso trabalho mental que faz isso passando pelo tempo e não o tempo como factor de cura.

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 12:51:00 da tarde

Inês:

Digestivo, dessa não me lembrei :)

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 12:53:00 da tarde

barbiedoll:

Eu gosto destas frase a que a minha avó chama de "dizeres populares".

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 12:54:00 da tarde

VICIO:

E não será uma perda de tempo esperar em vez de actuar?

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 12:55:00 da tarde

Helluah:

Que remédio tens tu :)

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 12:55:00 da tarde

luafeiticeira:

Já lá dou um salto.

  Bruno Fehr

terça-feira, outubro 02, 2007 12:56:00 da tarde

deusaminervae:

Ora é isso mesmo. Uma perda de tempo!

  Mulheka

sábado, outubro 06, 2007 2:36:00 da manhã

Há uma música que diz: "And time, makes it harder!"

  Bruno Fehr

domingo, outubro 07, 2007 8:17:00 da tarde

Mulheka:

Tudo depende da dor...