Vazios


Escrevi umas palavras que a dado momento senti. Não escrevi para que ao leres sentisses igual, unicamente para que ao ler percebesses. Não é preciso dizer muito, basta "eu li", ou quando possível um olhar, um sorriso, algo.

Escrever numa folha de papel que ninguém irá ler, é como gritar num quarto vazio. Alivia. Mas se o vizinho bate na parede mandando-nos calar, é ainda melhor, pois mesmo sem perceber, alguém ouviu. Escrever algo que muitos vão ler, é receber de volta as pancadas na parede desse vizinho. Nada muda na nossa vida, mas sabemos que alguém, algures ouviu e se percebeu ou não, isso é secundário. Ouviu. O que mais custa é quando escrevemos com um objectivo. e sentirmos que falhamos, é como dizer "olá" a alguém na rua e essa pessoa fingir não ouvir, não nos ver...

É suposto sempre que escrevo sentir-me um pouco melhor, mas nem sempre acontece. Por vezes escrever é uma tortura, uma morte lenta. Sem que se perceba, a cada partilha estamos a colocar cá fora um pedaço de nós, e desabafo após desabafo libertamos tudo o que achamos ser mau e que não precisamos. Um dia olhamos para dentro de nós e estamos mortos. Foi tudo dito, foi tudo partilhado, ficámos sem nada. Vazios.

57 Comentários:

  mf

segunda-feira, abril 13, 2009 6:02:00 da manhã

Estamos mortos porque partilhamos o mau e o que não precisamos? A meu ver, não. Pelo contrário. Um dia olhamos para dentro de nós e estamos mais vivos que nunca, porque só resta o que é bom...
Isto falando em termos utópicos, claro, porque a cada dia que passa vamos experimentando outros males e outros bens que nos vão preenchendo por dentro.
Vazios estamos se nos recusamos a pensar e a sentir. Isso sim, é morte lenta.

  JS

segunda-feira, abril 13, 2009 10:25:00 da manhã

Eu leio-te sempre, às vezes mesmo antes de abrir o meu mail.

  Claudia Oliveira

segunda-feira, abril 13, 2009 11:06:00 da manhã

credo

maufeitio

  Pronúncia

segunda-feira, abril 13, 2009 11:36:00 da manhã

Quantas vezes uma palavra, um sorriso ou um gesto têm muito mais significado que mil palavras?! Muitas.

Apesar de partilharmos muito de nós, quando escrevemos, não acho que fiquemos vazios, nem que morremos. Há sempre qualquer coisa nova para nos preencher, se nós deixarmos. E há sempre o muito que não partilhamos, mas está lá, é e será sempre nosso.

Fica bem ;)

  Dida Prazeres

segunda-feira, abril 13, 2009 12:58:00 da tarde

É por isso que eu digo que não entendo o silêncio...ainda não encontrei um dicionário para isso!!

O vazio dentro de nós só há na morte...podemos é estar perdidos nas palavras já escritas ou partilhadas sem resposta (sinto isso muitas vezes!!)
Mas esse vazio é falso...olha bem...:)

  Rita Carapau Sardinha Frita

segunda-feira, abril 13, 2009 1:08:00 da tarde

Gostei muito deste texto. :)

Beijinhos e bom fds

  Pepita Chocolate

segunda-feira, abril 13, 2009 1:16:00 da tarde

Não podia estar mais de caordo contigo!
Escrever pode ser uma purga, uma catrase. Mas em certos momentos, não nos alivia a alma, não nops descomplica os pensamentos. Por vezes, até os adensa. E escrever, traz-nos outras coisas, muitas vezes, expectativas e outras emoções. Porque, por palavras que escrevemos e alguém leu, esperamos po novas palavras que se liguem às nossas.

Às vezes, escrever é um alívio, outras vezes um purgatório...

  Fada

segunda-feira, abril 13, 2009 2:58:00 da tarde

:)

Nunca é tudo dito nem tudo partilhado, e mesmo que fosse, isso seria algo de um instante (tal como o teu post da morte instantânea), porque no instante seguinte, já mudaste, não és o mesmo, tens mais alguma coisa diferente em ti.

E partilhar não é só dar, é receber, portanto, nunca poderás ficar vazio, pois se dás pedaços de ti, recebes pedaços de outros.

Nem partilhar é só desabafar o "mau", também é partilhar o "bom", cuja existência ou experiência nos enriquece, e àqueles com quem partilhamos.

Mortos por dentro? Não, nunca, mesmo que exista apenas uma sensação de vazio, se sentimos, não estamos mortos. E estamos conscientes.

Vazio por dentro?... Vai comer, isso deve ser fome!* :p

Beijitos

*Tinha de aparvalhar :D , o comentário estava sério demais e SÓ TU para me fazeres escrever "testamentos" nos coments de alguém... :s


PS-E quando escrever é uma tortura, respira fundo... Dói menos e flui melhor. :)

PS 2 - E em relação ao teu 1º parágrafo, e apesar de já lhe responder no meu 1º, aqui está:

:)
:p
;)
:D

EU LI, e gosto do que leio. As usual... :)

:*

  VCosta

segunda-feira, abril 13, 2009 3:56:00 da tarde

É tão bom ter segredos... bons ou maus!!!
Partilhar pode fazer muito bem à alma mas o corpo pode acabar por pagar!!!
Eu gosto muito de guardar muitas coisas que vejo e sinto, só para mim!!! Os outros acabam por descobrir mas por mim não o é...

  Green Eyes

segunda-feira, abril 13, 2009 4:07:00 da tarde

Concordo que a cada partilha estamos a colocar cá fora um pedaço de nós, só não percebo porque achas que só o fazemos com o que é mau e que não precisamos, a mim parece-me que também partilhamos o que é bom.
As pancadas, na parede, dos vizinhos não nos deixam ficar vazios, digo eu que ainda acredito em mim e nos outros :)

O 1º parágrafo é muito bom o que me deixa a pensar… andas a escrever o que eu penso ou eu penso o que tu escreves? :{

  izzie

segunda-feira, abril 13, 2009 4:14:00 da tarde

Meu Deus... Bruno, a meu ver disseste tudo.
Exposeste aqui, por palavras tuas, a finalidade do meu cantinho. A razão porque ele apareceu.
O motivo porque os meus textos nas ultimas 3 semanas dizem tanto, sentem tanto... mas no final me deixam assim. O estranho é que só ao ler-te, compreendi.

Obrigada,

Beijinho,

  Fia

segunda-feira, abril 13, 2009 5:06:00 da tarde

Bruno,

Até o próprio silêncio pode ser uma forma de resposta. Uma palavra, um olhar, um gesto, depois de dita, não há nada que faça o tempo voltar a trás e se possa engolir de novo essa palavra. Que se possa voltar atrás e refaze-lo. Mal dita, dita no momento errado, a uma palavra errada é preferível o silêncio, que assume o papel de moderador, de um “tem calma, sê paciente…”. Se temos dúvidas, até que nos provem o contrário, acreditamos sempre no cenário mais positivo. Se não o fazes, não acreditas tu antes e mais que os outros, ninguém o fará por ti nem com tanta vontade como tu, e aí sim tens razão, o que fizeste foi em vão e ficarás vazio.

Quem me conhece, sabe perfeitamente que se não me manifesto em dada circunstância ou momento, nem sempre é sinónimo que não saiba o que se passa, nem tão pouco que ignore ou despreze. Simplesmente não quero, ou tenho um timing e uma forma diferente de o fazer, e aprendi a esperar por ele e a que quem verdadeiramente me interessa, aprenda a compreender essa minha forma de ser. Se perco tempo com isso? Perco oportunidades? Com toda a certeza: ganho e perco!

Independentemente a quem se destinam as tuas palavras, a forma como as expressaste… Há quem componha músicas, há quem escreva, há quem se dedique uma vida inteira a tirar de dentro de si o seu melhor e a dá-lo aos outros, sem que nunca seja ouvido ou lido, sem que nunca seja compreendido, correspondido, ou lhe seja dado o devido valor. É um trabalho de ambas partes, mas a nossa enquanto orador, podemos controla-la, a outra enquanto receptor da nossa mensagem, nunca lhe poderemos passar a real interpretação, tal e qual nós a sentimos.

Tens a certeza absoluta que não foste interpretado e lido com olhos de ler e coração a sentir? E se não o foste será que te fizeste ouvir da melhor forma ou não haveria outras? Há algum facto científico indubitável que te prove o contrário, se é que estás seguro que colocaste as tuas palavras ao seu alcance?

Nunca ficará tudo dito, nunca será tudo partilhado, nunca morrerás vazio, se realmente não desejas mudar, mas desejas ser melhor. Simplesmente, porque para tal, até ao fim da tua vida, estarás em continua aprendizagem. A perfeição não se atinge, mas pode perseguir-se. Podemos sempre melhorar, estamos sempre a tempo de acrescentar algo mais à nossa história, de fazer mais uma descoberta, de crescer, o que nos faz ter um maior, mais consistente e coerente conhecimento de nós próprios. Morre-se quando perdemos a capacidade de nos surpreendermos a nós próprios e deixamos de acreditar. Quando julgamos inocentemente que todos os nossos limites já foram testados. Nunca se morre vazio, morre-se com vontade de fazer muito mais, morre-se por cansaço, mas nunca por vazio e despojo de nós mesmos.

  Inconstante

segunda-feira, abril 13, 2009 5:14:00 da tarde

quando já não tiveres mais nada mau que não queiras dentro de ti, partilha o que ficou de bom...pronto agora que já disse a frase profunda
a verdade é que há dias que nos sentimos assim, esvaziados de nós mesmos

  Soraia Silva

segunda-feira, abril 13, 2009 6:42:00 da tarde

por vezes queremos escrever tudo e mais alguma coisa num papel, deitar tudo para fora, que temos lá dentro, transcrever-lo para um papel... mas nem sempre é facil... nao nos sai nada, mas com tanta coisa para dizer, ou entao, sai-nos tudo e por algum motivo achamos nesnecessario tudo o que escrevemos, pois isso só deveria ficar para nós. entao, rasgamos o papel, ou guardamos num sitio onde ninguem o encontro (pois nao queremos que alguem o faça, sao pensamentos nossos, apenas nossos e poderemo-nos sentir mal depois, se alguem o fizer)...

por vezes achamos que aquela pessoa devia ler, mas no fundo arrependemo-nos, queriamos estar resguardados, apenas com os nossos pensamentos!!!

beijo

  Oásis

segunda-feira, abril 13, 2009 6:58:00 da tarde

Subscrevo o que a mf disse!
Além disso, gosto de partilhar o que escrevo e de ler o que os outros escrevem. Fico mais rica e liberta. Rica porque recebo o que os outros dizem, não todos, os que escolho. Liberta porque deito para fora o que sinto. Mas também me sinto mais rica quando liberto momentos/pensamentos bons que fazem sorrir os outros.

  Marta

segunda-feira, abril 13, 2009 7:44:00 da tarde

Este é dos textos que serve a muitos dos teus leitores e sem duvida dos que eu mais gosto.

Concordo com a primeira parte do texto. Escrever para ninguém ler alivia, apenas alivia, é pouco, mas muitas vezes é o bastante. Quanto ao "ouvi" do lado de lá da parede... já não concordo tanto. Por vezes, se nos ouvem apenas, mas não nos entendem, isso sim é morte lenta, isso é um "olá" na rua e em resposta um "São dez horas".
Que me importa se me ouvem, mas não me escutam?
... quero que o mundo me esqueça se tiver que ser, mas que naquele momento, naquele texto, naquele segundo de partilha de algo tão meu, que alguém, Alguém entenda finalmente.

Vazios ficamos não porque dissemos tudo, mas porque não soubemos seguir viagem. Vazios e atafulhados de monos...

  Maria...ia

segunda-feira, abril 13, 2009 11:47:00 da tarde

:)

Nós já somos "vazios" a priori, acho. Apenas andamos incessantemente às voltas a tentar tapar o buraco. Quando nos apercebemos que nada preenche a falta, incomoda... Mas a roda continua a girar.

*Reparei hoje... Obrigada por "me cobrir"!

  Carlos II

terça-feira, abril 14, 2009 12:08:00 da manhã

O quê estás a referir ao teu mundo interior ou a este da blogosfera. Às vezes estamos de facto a escrever para o vazio aqui. Mesmo que digamos que não, aqui também estamos sózinhos. Por exemplo no meu blog, quse ninguém lá vai. Não me importo. Um dia vou.

Abraço

  I.D.Pena

terça-feira, abril 14, 2009 3:08:00 da tarde

Bruno :
Escrever pode ser uma terapia e eu acho que estás a dar-te bem, mas esperas reciprocidade da tua escrita porquê?

Se bastantes te lêm e entendem.

Alguns se calhar sentem até mais do que tu.

Não me parece que tenhas muito de te queixar quanto à reciprocidade do teu blog, és um sucesso.

:)

E os vizinhos hão de ser sempre chatos mesmo que sejam daqueles que são tão boas pessoas que até irritam com as suas atenções.

E sim concordo, já senti a escrita como uma pequena morte lenta, como se fosse o dissecamento de um sentimento se isso figuradamente couber na tua mente, claro.

E não acredito que estejas Vazio. Pelo contrário. Mas isso é só a meu ver :

Este texto, explica por 3 parágrafos a razão porque andamos todos nesta esfera e aproveitamos a net para compartilhar o que nos passa na mona.

Beijos.

:)

  Diabólica

terça-feira, abril 14, 2009 3:34:00 da tarde

Subscrevo inteiramente o que disses-te. A escrita é a voz da alma.

Bjcs.

  Afrodite

terça-feira, abril 14, 2009 4:05:00 da tarde

Eu li :)!

Abreijinhos :)

  aNGie

terça-feira, abril 14, 2009 9:01:00 da tarde

Parece que não há muito mais a acrescentar naquilo que já aqui foi dito, mas não resisto a deixar os meus pensamentos e intenções por aqui, ainda que repetidos serão sempre, inquestionavelmente, meus!

Dos textos acima, não posso deixar de salientar as palavras de Fada e Fia, com as quais tão bem me identifiquei.

Sem dúvida, escrever funciona como uma catarse, uma libertação de
"tudo" o que nos vai na mente.. Mas, será que nos revelamos totalmente por mais pessoais que sejam os nossos textos? Eu não o faço.. recuso-me a viver um big brother. Quando escrevo, mesmo quando falo, partilho apenas aquilo que quero partilhar.. E haverá sempre algo meu escondido por trás do olhar.. Algo que será sempre um mistérios para quem me "lê".. Será, inclusive, um mistério para mim.

Por vezes, escrever sobre o que nos entristece bifurca-se em alívio e desespero. Tão somente porque escrever implica um acto organizado e consciente dentro do seu caractér desorganizado e inconsciente (se é que faz sentido esta antítese). Um acto em que desconstruímos o pensamento e o encaramos de forma mais crua. Em certos casos isso apenas resulta em maiores angústias, noutros permite-nos clarificar ideias e resolver tormentos..

De qualquer das formas, nenhuma destas opções resulta num vazio..
A não ser que seja tão essencial para ti ser lido.. (talvez sejas uma Florbela Espanca, ainda que te veja como um Fernando Pessoa)

  Mafal∂a

terça-feira, abril 14, 2009 10:27:00 da tarde

Primeira questão? =P
A pessoa sabia que escreveste para ela?
Quando escreves mesmo que não tenhas as respostas ou os comentários que pretendias não quer dizer que as tuas palavras não tenham ficado em “algum lado” não quer dizer que não tenhas conseguido fazer mudança com as tuas palavras em alguem.
….
Segundo: Se ao escreveres libertas tudo o que é mau e de que não precisas também te esvazias dessa parte, para que precisas dela dentro de ti? è algo positivo, não?

As palavras são um instrumento poderoso e tu tens um talento muito especial ao lidar com elas, assim…que aproveito a ocasião por agradecer todas as palavras que li tuas. Sinto que cresci um bocadinho mais e que muitas palavras tuas vieram de forma a ficar para sempre, talvez por terem chegado em momentos críticos, nos momentos certos.
A verdade é que comprei uma agenda de 2009 do Fernando Pessoa, com excelentes frases do poeta para cada dia do ano e até ao momento já deve ter mais frases tuas do que dele. Pronto fiquei tímida, porque tu és homem a quem não se deve dizer coisas destas. Hehe

  ઇઉ Aralis ઇઉ

terça-feira, abril 14, 2009 11:11:00 da tarde

É através da escrita e nomeu caso também do canto que exorcizo os meus demónios!
Exponho sentimentos ao vento, proclamo aquilo que a minha alma já sabe...

O texto está excelente (como sempre), e os comments também, a tua escrita faz-nos identificar a mágoa nos nossos corações...

bj

  São

quarta-feira, abril 15, 2009 3:33:00 da manhã

Há tempos dizias que não tinhas mais necessidade de partilhar, até entendo, mas dizeres que ao partilhar ficas sem nada, vazio, não entendo, penso que uma pessoa mesmo que já por si rica ao partilhar se torna mais rica e que partilhar ajuda de alguma maneira a conhecer-se e a melhorar-se.
Costumo ouvir mais que falar, eu ouvi, neste caso li, leio sempre, tento entender, faço a minha interpretação que nem sempre estará de acordo com o que realmente queres dizer, tenho evitado comentar, este tipo de textos com receio dizer algo menos conveniente que me leve a ter novamente que me desculpar.
As palavras têm realmente um imenso poder, mais até do que aquele que lhe queremos atribuir e tu sabes usa-las muito bem. Faz sempre o que for melhor para ti, se não te sentes bem ao partilhar não o faças, a mim só me resta agradecer tudo o que tens partilhado :)

  Jo

quarta-feira, abril 15, 2009 2:23:00 da tarde

Estas palavras sao mesmo o que estas a sentir? é que se sao... XOOOOOOOOOOOOOOO depressao... anima-te... entao?
beijinhos

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:26:00 da manhã

mf disse...

"A meu ver, não. Pelo contrário. Um dia olhamos para dentro de nós e estamos mais vivos que nunca, porque só resta o que é bom..."

Eu esperava que alguém dissesse isto. Mas como sabes o ser humano conhece melhor o que tem de mau e raramente dá o devido valor ao seu lado bem. Por vezes considera um lado bom, algo que é na verdade mau, ou simplesmente banal.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:26:00 da manhã

JS:

:O Muito obrigado, isso sim é um elogio.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:26:00 da manhã

Claudia Oliveira:

:)

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:26:00 da manhã

Pronúncia disse...

"Quantas vezes uma palavra, um sorriso ou um gesto têm muito mais significado que mil palavras?! Muitas."

E quantas mil palavras não se escrevem em busca desse gesto ou sorriso?

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:26:00 da manhã

Dida Prazeres disse...

"Mas esse vazio é falso...olha bem...:)"

Tenho de procurar melhor.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:27:00 da manhã

Rita Carapau Sardinha Frita:

Obrigado.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:27:00 da manhã

pepita chocolate disse...

"Escrever pode ser uma purga, uma catrase. Mas em certos momentos, não nos alivia a alma, não nops descomplica os pensamentos. Por vezes, até os adensa."

Acho que por vezes começamos a escrever com algo que é pequenino e no final reparamos que libertámos um monstro.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:27:00 da manhã

Fada disse...

"Nunca é tudo dito nem tudo partilhado, e mesmo que fosse, isso seria algo de um instante (tal como o teu post da morte instantânea), porque no instante seguinte, já mudaste, não és o mesmo, tens mais alguma coisa diferente em ti."

Mudar não, evoluir. Mas podemos partilhar tudo o que é importante e dada altura sentir que o que temos de só nosso é banal. O problema nao é o instante seguinte é o mal que o instante em que sentimos isso, nos pode fazer.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:27:00 da manhã

VCosta disse...

"É tão bom ter segredos... bons ou maus!!!"

É um misto de bom e mau. Tudo o que nao devo dizer e digo, tudo o que nao digo e devo dizer.... acho que acontece com todos.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:27:00 da manhã

Green Eyes disse...

"só não percebo porque achas que só o fazemos com o que é mau e que não precisamos, a mim parece-me que também partilhamos o que é bom."

Nao queria pluralizar, refiro-me obviamente a mim e ao meu ponto de vista. Há textos que em atormentam, partilhas por vezes indecifráveis que acho que nao deveria ter tentado transformar em palavras.

"O 1º parágrafo é muito bom o que me deixa a pensar… andas a escrever o que eu penso ou eu penso o que tu escreves? :{"

Nao sei :)

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:28:00 da manhã

izzie disse...

"O motivo porque os meus textos nas ultimas 3 semanas dizem tanto, sentem tanto... mas no final me deixam assim. O estranho é que só ao ler-te, compreendi."

Por vezes mesmo quando não percebem o que escrevemos, nós também no momento não percebemos o que escrevíamos mas no final, ao interpretar percebemos que fomos longe demais e colocámos cá fora, algo que precisávamos lá dentro.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:28:00 da manhã

Fia disse...

O que quero dizer é que nem sempre sabemos bem o que estamos a escrever e no final, que é o que acontece comigo, o que escrevo faz-me sempre chegar a uma conclusão. Ou seja, começo por uma dúvida, massacro o assunto e chego a uma conclusão e é esse conclusão que fere, que mata um pouco. Por vezes precisamos de deixar certos sentimentos em paz, pois de certa maneira precisamos deles, lá dentro, por explicar. É isso que nos mata um pouco, racionalizar. Compreender o que sentimos e os motivos faz com que esse sentimento por vezes perca a sua função em nós, que pode ser uma bóia de salvação, um fonte de forca, algo.

Há textos que não deveria ter sido escritos e com o tempo encontro cada vez mais nos meus devaneios.

Eu sei, que na maioria das vezes poucos percebem o verdadeiro objectivo do que escrevo, pois na verdade as mensagens, as origens do texto estão de tal forma camufladas que só eu percebo, mas é mesmo isso, por eu perceber acho que partilhei e por vezes não gosto dessa partilha.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:28:00 da manhã

Inconstante disse...

"quando já não tiveres mais nada mau que não queiras dentro de ti, partilha o que ficou de bom..."

Nem toda a gente consegue identificar o bom.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:28:00 da manhã

Soraia disse...

"transcrever-lo para um papel... mas nem sempre é facil... nao nos sai nada, mas com tanta coisa para dizer, ou entao, sai-nos tudo e por algum motivo achamos nesnecessario tudo o que escrevemos, pois isso só deveria ficar para nós."

O problema é que acho que transformar os sentimentos em palavras se torna cada vez mais fácil. Fácil demais o que torna todo o sentimento banal. Esse é o problema.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:28:00 da manhã

Marisa disse...

Gosto de partilhar quando partilho, mas não é um questão de partilha pois não gosto de certos resultados quer partilhe ou não, o simples facto de colocar cá para fora, é o erro.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:28:00 da manhã

Marta disse...

"Por vezes, se nos ouvem apenas, mas não nos entendem, isso sim é morte lenta"

E quem é que nos entende? Por vezes andam lá perto, ou no meio da sua opinião tocam nuns pontos importantes, mas será que alguém percebe realmente sentimentos em palavras? As analogias baralham tudo e quem lê, usa das suas vivência e interpreta consoante as mesmas, o que foge ao assunto. Mas o que afecta não é isso é o facto de sendo lido ou não, explicámos a nós mesmo, algo que deveria ter sido deixado em paz.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:29:00 da manhã

Maria...ia disse...

"Nós já somos "vazios" a priori, acho. Apenas andamos incessantemente às voltas a tentar tapar o buraco."

Conheço essa teoria, mas não me consigo identificar com ela.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:29:00 da manhã

Carlos II disse...

"O quê estás a referir ao teu mundo interior ou a este da blogosfera."

A tudo o que retiramos de dentro para fora, mesmo que não seja exposto publicamente, foi expulso de dentro de nós.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:29:00 da manhã

I.D.Pena disse...

"Escrever pode ser uma terapia e eu acho que estás a dar-te bem, mas esperas reciprocidade da tua escrita porquê?"

Não é isso, este texto tem duas partes distintas. Quando escrevemos para sermos percebidos e ninguém percebe e quando escrevemos e só no final percebemos que tocámos num ponto que não deveríamos ter tocado.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:29:00 da manhã

Diabólica:

É sim, mas essa nossa vozinha poderia ficar caladinha por vezes :)

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:29:00 da manhã

Afrodite:

Eu sei!

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:30:00 da manhã

aNGie disse...

"Mas, será que nos revelamos totalmente por mais pessoais que sejam os nossos textos? Eu não o faço.."

Nas não é isso, é o simples facto de pegares num pedaço de ti que não entendes, escreveres sobre ele e chegares a um conclusão, essa conclusão estar correcta e ser uma conclusão à qual não deverias ter chegado.

"De qualquer das formas, nenhuma destas opções resulta num vazio..
A não ser que seja tão essencial para ti ser lido."

Não. Não é ser essencial ser lido é ser essencial não explorar todos os buracos negros, não escrever tudo o que queremos, deixar alguns sentimentos maus e bons lá dentro, pois são fontes de energia. Ao escrever sobre tudo, ao explicar tudo, retiramos muito de nós que cá fora passa a ser banal, quer seja lido ou não.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:30:00 da manhã

Mafal∂a disse...

"A pessoa sabia que escreveste para ela?"

Regra geral sabe, não escondo para quem escrevo e no meio das minhas metáforas há sempre uma parte literal.

"Segundo: Se ao escreveres libertas tudo o que é mau e de que não precisas também te esvazias dessa parte, para que precisas dela dentro de ti? è algo positivo, não?"

Precisas de um equilíbrio dentro de ti, coisas boas e más, se perdes esse equilíbrio cria-se um vazio.

"A verdade é que comprei uma agenda de 2009 do Fernando Pessoa, com excelentes frases do poeta para cada dia do ano e até ao momento já deve ter mais frases tuas do que dele."

Ahahahahahaah, isso é um insulto ao Fernando Pessoa que deverá ter dado 15 voltas no caixão a ler isto.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:30:00 da manhã

★ Aralis ★:

Muito obrigado.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:30:00 da manhã

São disse...

"Há tempos dizias que não tinhas mais necessidade de partilhar, até entendo, mas dizeres que ao partilhar ficas sem nada, vazio, não entendo, penso que uma pessoa mesmo que já por si rica ao partilhar se torna mais rica e que partilhar ajuda de alguma maneira a conhecer-se e a melhorar-se."

Mas aqui entra a definição de partilha. Não me refiro à partilha com as pessoas mas sim com o mundo, o simples facto de escrever e explicar, partilhando comigo mesmo conclusões, às quais por vezes não deveria ter chegado. Expliquei-me o que não me queria explicar, mas não sabia que não queria. A partilha é unicamente o tirar de dentro para fora, seja ou não lido por mais alguém.

"receio dizer algo menos conveniente que me leve a ter novamente que me desculpar."

Já te disse que não deves ter esse receio. Até porque fazes por vezes associações lógicas que me passaram ao lado, ligando palavras novas com palavras que já escrevi e esqueci.

  Bruno Fehr

sexta-feira, abril 17, 2009 5:30:00 da manhã

Jo:

Não é depressão é uma constatação :)

  mf

sexta-feira, abril 17, 2009 2:55:00 da tarde

Fehr disse:
"o ser humano conhece melhor o que tem de mau e raramente dá o devido valor ao seu lado bem. Por vezes considera um lado bom, algo que é na verdade mau, ou simplesmente banal."

Concordo plenamente. Mas por vezes pode considerar um lado bom que o é, de facto. Não dás esse benefício da dúvida a ti próprio?


Algures em outros comentários disseste:

"Só no final percebemos que tocámos num ponto que não deveríamos ter tocado"

Não devias porquê? Se calhar, em vez de te fixares no facto de que não devias ter tocado ali (ficando a flagelar-te nem que seja por uns segundos), devias fixar-te no motivo que originou o mal estar, ou seja, escavar as razões de fundo, o que é que o inconsciente te está a dizer.

  HCS

sexta-feira, abril 17, 2009 5:45:00 da tarde

Bruno,

Tu fazes parte do meu quotidiano e como isso é bom. Fazes parte do meu ritual de todos os dias. É bom ter algo que permanece.É o nosso porto seguro, nesta vida que muda todos os dias. Ainda que eu não comente aqui, porque não tive tempo ou simplesmente não me apeteceu, tu estás no meu pensamento.Como alguém chegado de família. Um beijinho

  I.D.Pena

sexta-feira, abril 17, 2009 6:06:00 da tarde

"Não é isso, este texto tem duas partes distintas. Quando escrevemos para sermos percebidos e ninguém percebe e quando escrevemos e só no final percebemos que tocámos num ponto que não deveríamos ter tocado."

E qual é o mal?

Porque é que tem que existir assuntos tabu ?

  Green Eyes

sexta-feira, abril 17, 2009 8:40:00 da tarde

então após a tua resposta continuo a achar que partilhas o que é bom, pelo menos na minha perspectiva ;)

"Há textos que em atormentam, partilhas por vezes indecifráveis que acho que nao deveria ter tentado transformar em palavras."

será sim apenas se não fores "bem" interpretado, se o que querias dizer não for o que os outros interpretam, se bem que continuo sempre a achar que mesmo assim deves sempre tentar, até porque entre tantos vizinhos que tens e que te vão dando pancadas na parede há sempre quem se "aproxime" mais :)

fui confusa? espero que não...

de qualquer modo keep going :)

  aNGie

sábado, abril 18, 2009 11:29:00 da tarde

penso que espelhaste muito bem nas tuas respostas algo a que não tinha prestado verdadeira atenção..

então, concordo contigo..
o nosso equilíbrio emocional depende de sentimentos que estão dentro de nós camuflados e inexplicáveis..
suponho que existam limites na exploração verbal da nossa essência incompreensível.. descodificar isso é trazer à luz do dia tormentos que deveriam estar inacessíveis à nossa componente consciente..

sem dúvida, nem tudo tem de ter uma razão.. assim como nem tudo deve ser explorado..

como te compreendo! (segundo me tenho apercebido estás a tornar-te cada vez mais emocional e frágil.. estarás a descontrolar-te? tu que tens uma postura tão controlada e estruturada..)