Portugal na guerra de mentiras 4

Durante a recruta, especialização, cursos e por todo o serviço militar, cada ramo das forças armadas tem as suas canções, que cantadas em grupo durante as penosas e longas marchas ajudam a manter a moral e a chegar ao fim. De todas essas canções, há uma que se destaca por ser a mais usada e aquela que ninguém esquece, por mais tempo que passe após o final do serviço militar. É também aquela que foi cantada durante o último desfile antes da partida para Bósnia na presença das elites governamentais, militares bem como de pais e amigos dos militares que iriam partir. O tema em questão chama-se: Ó pátria mãe

Ó Pátria Mãe
Por ti dou a vida
Há sempre alguém
Que não te quer perdida.


Ó Pátria Mãe
Reza a Deus por nós
Há sempre alguém
Nunca estamos sós.


Ó Pátria eu vou partir
Por essas terras de além
Quem sabe se torno a vir
Só Deus sabe e mais ninguém.


Despedida amargurada
Com mil tristezas sem fim
Daquela que é minha amada
E tanto chora por mim


Há tristezas e amarguras
Nos lares de quem vai lutar
Tristezas daquelas tão duras
Difíceis de suportar


Tantos lares desamparados
Pois falta quem lá viveu
Tantos pais torturados
Pois o seu filho morreu.

Sempre achei esta mais uma de muitas de canções para passar o tempo em marcha, pois Portugal não tem guerras e a canção é pessimista demais...mas ao não regressarem todos vivos da Bósnia tal como de outras missões, o poema acaba por ser uma despedida entre soldados, os que voltam e os que lá deixam a vida. Para terem uma ideia de como esta letra é cantada, aqui fica um vídeo:



Honestamente a forma como ela está a ser cantada no vídeo, soa mais a um coro de monges do que uma unidade paraquesdista, pois ela é cantada com mais convicção e força.

De modo algum eu critico as tropas portuguesas, critico sim todo o sistema politico, todo o cancro internacional que é a politica aliada aos lucros. Muitos me dizem que é estúpida e existência de um exercito, que ir à tropa é uma perda de tempo. Eu não concordo pois é a existência dos militares que garantem que um governo não se torne tirânico destruindo a constituição. Os militares não existem para defender o poder politico mas sim para defenderem a constituição, os civis e os seus direitos. Os militares são o último recurso.
São eles que perdem amigos e perdem a vida e são eles que recebem as culpas pelas politicas mal pensadas e estratégias mal estudadas. Claro que os militares erram, pois são humanos mas lembrem-se que os militares cumprem ordens sem as questionar e se vos apresentam uma noticia de um erro de um militar, esse erro começou no seu oficial superior e no superior acima dele, culminando no Presidente da Republica, mas é sempre o soldado mais baixo que fica com as culpas, cabe aos civis perceberem que um soldado não age por iniciativa, é treinado, programado e recebe ordens.

A nossa presença na Bósnia não foi humanitária, foi a forma encontrada pelo governo Português de se fazer ao investimento militar europeu, uma forma de poderem justificar mais despesas em armas, pois Portugal não participava em missões internacionais desde os anos 60.

Estes últimos 13 textos também não pretendem desculpar esta guerra, nem colocar os Sérvios no papel de inocentes, pretende sim esclarecer que eles cometeram talvez menos monstruosidades do que os heróis desta guerra (Eslovenos, Croatas e Bósnios). A História é escrita pelos vencedores, escrevem o que querem que seja lido, é História como todas as Histórias cheia de lacunas e tendenciosa onde há sempre um herói e um monstro, certo e errado, preto e branco. A História é escrita para que se acredite que só há dois lados, tal como em qualquer discussão ou conflito se espera que as pessoas tomem um lado, aceitem uma opinião e combatam a outra. Não há só dois lados, não precisamos de tomar partidos e lá por acharmos que ao tomarmos um lado estamos do lado certo, certo ou errado é uma questão de perspectiva. 

Se surge uma noticia em que o homem A mata o homem B temos a tendência para ficar do lado do homem B pois matar é errado, e tomamos esse partido baseados unicamente nesse pressuposto sem nos importarmos com o que o homem B fez ao A para que ele o matasse. Mas ser errado matar, é uma questão de perspectiva pois se por exemplo o homem B era um pedófilo que molestou o filho do homem A, o caso muda de figura, o certo e errado mudam de posição para muita gente. O problema é que História documentada oficialmente só nos dá um lado, obrigando toda a gente a aceitar tudo isso como um facto e a ver o certo e errado que querem que vejamos.

Nunca devemos tomar partido baseados nas palavras de terceiros, por mais oficiais que elas sejam... duvidem, pois temos de duvidar sempre de tudo o que nos querem empurrar à colherada.

(fim das séries)

13 Comentários:

  Anónimo

segunda-feira, março 08, 2010 12:26:00 da manhã

Tinha-o em melhor conta... esperava mais educação vinda da sua parte, não o recrimino por não me ter dado ajuda quando lha pedi, mas não posso deixar de demonstrar o meu desagrado por nem uma resposta negativa que fosse,me ter dado. Foi de mau tom e vejo com dificuldade a ideia que por vezes faz passar. Enfim, lá por um mau gesto seu não irei deixar de ler este blog, a sua escrita sim continuará igual... tenho pena que já não o veja é a si com os mesmos olhos... mas isso, não importa a qualquer dos seres, só espero é que um dia precisar de ajuda ou quiser muito ser ouvido por alguém, não lhe virem as costas como me fez.
Está à vontade para publicar este comentário, e olhe, tanto melhor se responder Lol!

Tenha uma boa noite.

  Bruno Fehr

segunda-feira, março 08, 2010 1:42:00 da manhã

Anónimo:

Não sei que você é, nem sei do que está a falar.

  lunatiK

segunda-feira, março 08, 2010 2:50:00 da tarde

Viva Bruno
pois também eu tenho os militares em boa conta, ou não fosse filho de um, e sabes que acho que já vi a intervenção deles para defender a constituição mais longe, quase diariamente se vêm ataques á mesma.
Cumps.

  Bruno Fehr

segunda-feira, março 08, 2010 4:32:00 da tarde

lunatiK:

"e sabes que acho que já vi a intervenção deles para defender a constituição mais longe, quase diariamente se vêm ataques á mesma."

Em particular tendo em conta algo que um membro do governo Sócrates disse há uns meses: "o estado deveria estar acima da lei", o último a por isto em prática na Europa foi Adolf Hitler.

  Anónimo

segunda-feira, março 08, 2010 10:45:00 da tarde

Deverá lembrar-se sim, a não ser que alguém que não você, me tenha respondido pelos seus mails expostos. bbernardo, diz-lhe alguma coisa? ;)

  Bruno Fehr

segunda-feira, março 08, 2010 11:56:00 da tarde

Anónimo:

"Deverá lembrar-se sim, a não ser que alguém que não você, me tenha respondido pelos seus mails expostos. bbernardo, diz-lhe alguma coisa? ;)"

Olhe terá de me desculpar não faço ideia de quem seja, usei o motor de busca no meu mail para buscar esse nome e a única coisa que aparece é este comentário. Eu recebo uma média de 120 mails por dia, chego a acumular mais de 400 não lidos dos quais quando me parecem ser e-mails forward nem sequer os abro. É normal não responder a todos os mails e até me escapam alguns de amigos pessoais. Portanto se tem o meu mail e se necessita de uma resposta minha a uma questão ou pedido que já colocou, use-o.

  I.D.Pena

terça-feira, março 09, 2010 1:04:00 da manhã

Bruno,

Sempre tive curiosidade por conhecer os militares mais velhinhos(veteranos) do ultra mar e foi nessas histórias bem sangrentas , que percebi na quantidade de injustiça que é ser soldado de um país como este (PORTUGAL) eu sei que somos pequenos e que já fomos grandes, etc, mas se for para contabilizar mesmo vidas humanas perdidas, basta seguir o rasto mórbido que a imposição de uma religião deixa.

É preciso sim cultivar a paz e não é nada dificil isso, basta não complicar.

Obama ter recebido o nobel da Paz foi uma ofensa à própria paz, porque embora admire as suas capacidades como orador, não o acho lider, é mais uma marionette que serve para cumprir uma agenda de interesses. Interesses que não servem o bem comum, servem os bolsos de alguns. Esperemos que não haja também interesses por detrás de todas estas catastrofes ambientais.

Essa música é negra triste e lamentável, ou seja boa para suicidas.

A série guerra de mentiras foi como um balde de água fria para muita gente. Ainda assim respeito e admiro a tua coragem em desmascarar e desmistificar toda a propaganda que a guerra incentiva.

Boa semana para ti

  M

terça-feira, março 09, 2010 5:03:00 da manhã

Falando mal e porcamente, esse hino faz-me lembrar os KAMIKAZE.

Acho que não é preciso dizer mais nada!

  Bruno Fehr

terça-feira, março 09, 2010 7:47:00 da manhã

I.D.Pena:

"Essa música é negra triste e lamentável, ou seja boa para suicidas."

O que no fundo é o que faz o mais perigoso dos soldados. A única coisa a que um soldado se pode prender é à vida e se estiver preso à vida irá ser egoísta e manter-se vivo a todo o custo. Basta uma acção de cobardia para salvar a própria pele para que sejamos parcialmente responsáveis pela morte do homem ao nosso lado.
Se um soldado tiver consciência que que já está morto, é tudo uma questão de tempo, já não tem limitações e no fundo isso aumenta a probabilidade de sobreviver.

Quando se ouvem histórias de actos heróicos é isso mesmo que os cria, o facto de já se ter despedido e não ter nada a perder.

  Bruno Fehr

terça-feira, março 09, 2010 7:49:00 da manhã

M:

"Falando mal e porcamente, esse hino faz-me lembrar os KAMIKAZE.

Acho que não é preciso dizer mais nada!"

Mas não é cantar sobre a morte por querer morrer ou por saber que vamos morrer, é cantar sobre a morte pois temos de a aceitar que isso é um probabilidade e ao aceitar isso não há distracções e no fundo acabamos por ter mais probabilidades de voltar ilesos.

Já reparaste em filmes que os soldados com medo de morrer são os primeiros a levar um tiro? Isso não é ficção.

Tenho algumas histórias de guerra do meu pai, entre elas a mais grave onde uma pequena unidade de 20 homens, esteve cercada uns dias por mais de 1000 soldados Africanos e foi quando perceberam que era uma questão de tempo até morrerem, perceberam que não tinham nada a perder pois a vida deles já estava perdida. Por isso atacaram o inimigo, o meu pai e todos os 19 colegas estão todos vivos e com filhos a quem contar a história.

  B.barbosa

terça-feira, março 09, 2010 5:13:00 da tarde

boas,

acredito que os militares sao os unicos que "jogam com amor a camisola" no sector estado .... os políticos tal como o bruno ja tem vindo a dizer é tudo a base de interesses....corruptos

...eu estive para ir votar nestas ultimas legislativas.. no entanto e á ultima hora nao fui... e ainda bem..pois ia arrepender-me ...

PS- nao
psd - nem pensar
cdu; bloco esquerda -só se estivesse maluco

estava mais inclinado para o cds... sobre o qual logo apos as eleições rebentou o escandalo dos submarinos... enfim o país está perdido cm esta classe política...

parabens pelo blogue
cumps

  Anónimo

quarta-feira, março 10, 2010 2:18:00 da manhã

sim esta música é uma arma e uma ferramenta psicológica fantástica com a intenção de nos programar para o assumir que na verdade já morremos! eu gostei muito da música! a maneira como é cantada neste vídeo é mesmo gregoriano mas se cantada com alma e convicção é extremamente poderosa!!! para mim, reconheço que deverá ser um exercício essencial para o aniquilar de qualquer medo de morte que ainda possa restar nos militares! eu por vezes também faço isto mas não em canto mas em pensamento e ao sentir, por vezes sinto que na realidade não estamos vivos e que isto é só uma grande experiência holográfica de uma complexidade tão perfeita que nos dá a sensação de ser real mas não é! como os islâmicos dizem, isto é só um sonho, o verdadeiro vem depois!!! é tão verdade isso bruno!!!

bjs

  Anónimo

sábado, março 13, 2010 1:05:00 da tarde

Olá de novo, agradeço o seu mail, acabei de o ler agora. De facto é estranho,pois ainda trocamos alguns mails... mas se não falei consigo, com quem falei eu?! E respondo por aqui,porque plos vistos este é o local mais "seguro" por onde lhe responder. Quanto aos mails que supostamente trocamos só mantenho um pois achei por bem apagar tudo o quanto falasse consigo.