Dualidade!


A noite passada não saí. Não atendi o telemóvel.
Recebi mais de 30 chamadas até a bateria ter acabado.
Queria estar comigo. Falar comigo. Falar com a pessoa que fui.

Deitei-me mas não dormi. Fechei os olhos e não sonhei.
Andei pela casa, a tocar objectos. Objectos que não eram tocados por ninguém desde que parti. Objectos que há muito não viam a luz do dia.
Pedaços da pessoa que fui e perdi.

Quando parti, optei por deixar tudo. Levei roupa, documentos, dinheiro, um livro solitário e um sonho.
Na minha nova vida tenho duplicados daquilo que tenho aqui.

Uma vida nova, com objectos novos.

Nunca senti falta de nada. Tinha tudo. Novo. Diferente.
De acordo com a minha nova vida. O novo eu.


Ontem à noite, um pedaço de quem fui, voltou.
Não sei se gostei. Mas não desgostei.
Abri a janela e ali fiquei a olhar para o mar.


Como vezes sem conta, fiz no passado, perguntei ao meu grande amigo e companheiro de alegrias e tristezas. O mar. O que faço agora?
Ele respondeu suavemente como sempre, "Ouve o teu coração e segue os teus sonhos".
É isso que faço, foi isso que fiz e sempre farei.

Mas por melhor que seja o sitio onde os sonhos nos levam nem sempre é onde está o coração.

E agora? Será que ouvi mal o conselho do mar?
Será que ouvi mal o meu coração?

47 Comentários:

  Tony Soprano

quinta-feira, agosto 23, 2007 6:54:00 da tarde

Não sei bem se queres respostas, comentários, ou se apenas querias por isso cá para fora, mas seja como for, acho que compreendo um pouco do que dizes...

Eu também escolhi mudar a minha vida por completo há bem pouco tempo. Mudei de país, horários de trabalho, tipo de trabalho, alguns hábitos diários, acabei com a namorada, enfim... E agora quando voltar, ainda que só de férias não sei bem como vai ser...

Todos os dias dou por mim a fazer a mesma pergunta; mas será que estou a fazer bem? não estarei iludido e vou-me arrepender pa caralho daqui por uns meses ou anos? A verdade é esta: tomei uma opção e agora tenho que aguentá-la e fazer o melhor que posso, dia, após dia, após dia...

Se só houvesse preto e branco era mais fácil... Mas infelizmente há para aí um colhão e meio de cores lá pelo meio...

fica bem...

  Particulas da Vida de Alguém

quinta-feira, agosto 23, 2007 7:49:00 da tarde

Primeiro de tdo deixa-me dizer k fikei admirada por nao dizeres um unico palavrao..lol...
Bem...mas akilo k li foi bonito!!Axo k deves sguir smp o teu coraçao e sim...ouviste bem o teu mar...é o teu melhor conselheiro.
jokas pa ti ;)

  Bruno Fehr

quinta-feira, agosto 23, 2007 7:59:00 da tarde

Tony Soprano:

São momentos. É como quando a tia de Cascais, se passa da cabeça e lhe foge o "pé para o chinelo" e começa a gritar tipo peixeira. Há alturas em que o "pé me foge para o chinelo".


No entanto, se tiveste a força de partir é porque acreditavas em algo. Enquanto acreditares naquilo pelo que estás a lutar, nunca te vais arrepender. Mas há momentos, mesmo para as pessoas que nunca sairam da sua cidade.

  Bruno Fehr

quinta-feira, agosto 23, 2007 8:02:00 da tarde

Mente mais k perversa:

Pois foi, nem um palavrão. Quando estava a transcrever o texto, ainda pensei que faltava qualquer coisa. Agora sei o que é.

  Francis

quinta-feira, agosto 23, 2007 8:07:00 da tarde

grande luta que aí vai.
grandes lutas, grandes decisões.
esperemos que acabe em vitória.

  Bruno Fehr

quinta-feira, agosto 23, 2007 8:25:00 da tarde

Francis:

Já passou, devo ter comido algo estragado :)

  Lucifer

quinta-feira, agosto 23, 2007 8:33:00 da tarde

Mas que merda é esta? Quer dizer, no dia em que vou para aí para fazer festa, tu estás numa crise existêncial?

Deixa-me lá despachar isto dos beijinhos da famelga, que já vou para aí. Pelo sim pelo não, levo um taco de Baseball para to partir nos cornos, se ainda estiveres com gazes.

  Anónimo

quinta-feira, agosto 23, 2007 8:38:00 da tarde

E agora? Já custar partir?
Era bom termos um botão em que bastava clicar e apagar a luz do que já fomos um dia...azarinho, estamos por nossa conta!

  Bruno Fehr

quinta-feira, agosto 23, 2007 8:44:00 da tarde

Lésbico:

Tá calado!

Tenho comida e bebida à espera da malta, o taco podes enfià-lo no...

Bem, eu gostaria de continuar sem "palavrões" neste texto!

  Bruno Fehr

quinta-feira, agosto 23, 2007 8:46:00 da tarde

Musa:

Não, não custa a partir. É uma questão de prioridades. Quando for mais velho e tiver realizado tudo aquilo pelo qual luto. Sei que este é um sitio onde posso sempre voltar. A não ser, que o nível do mar suba tanto que eu fique sem casa :)

  Anónimo

quinta-feira, agosto 23, 2007 8:48:00 da tarde

Calma, ainda só está a afundar a Costa da Caparica, com um pouco de sorte chegas lá!

  Sleeping Angel

quinta-feira, agosto 23, 2007 10:22:00 da tarde

todos nos somos apenas uma estrela a brilhar ate ke passamos a acreditar em nos mesmos e nos tornamos um "sol" radiante....

  Hugo Gonçalves

quinta-feira, agosto 23, 2007 10:27:00 da tarde

Enquanto ouvires e seguires o que o teu coração diz nunca te arrependerás, mesmo que a tua decisão te deixe mal no futuro. Porque ele sabe SEMPRE aquilo que precisamos em determinado momento. É com base nas suas palavras que aprendemos...

Sem medo!

Beijo

  Bela Sonhadora

quinta-feira, agosto 23, 2007 10:35:00 da tarde

CresT e nao é bom ter sonhos e sobretudo ter a coragem necessaria para lutar por eles?!

Tu tiveste, tu tens... e agora? irão surgir novos sonhos e tu mais uma vez destemido irás lutar por eles...
e so mais uma coisinha: "tudo vale a pena se a alma nao é pequena" Pessoa ;)

estou errada?

axo que nao ;)

  Flor

quinta-feira, agosto 23, 2007 11:24:00 da tarde

Por falar em dualidade, gostaste de conhecer a outra flor?

  Inês Almeida Lima

quinta-feira, agosto 23, 2007 11:25:00 da tarde

Para mim esses momentos são preciosos. De vez em quando é bom estarmos connosco.
Quanto ao resto acho que é sempre bom seguirmos aquilo em que acreditamos.
Mau mesmo é não ter nada em que acreditar nem projectos para o futuro, mas há sempre alturas em que nos questionamos mas depois passa :)

  Unknown

sexta-feira, agosto 24, 2007 12:11:00 da manhã

Partir, regressar, tomar uma vida nova... não há como fugir da evidência. somos o resultado de toda a nossa existência. nem vale a pena lutar contra...
somos o k vivemos.
boa sorte nas partidas e e seja sempre benvindo às chegadas
beijinho da pekena

  ah e tal

sexta-feira, agosto 24, 2007 12:31:00 da manhã

que se foda!Fica!Fica!Fica!;)

  Mulheka

sexta-feira, agosto 24, 2007 12:41:00 da manhã

Quando oiço o mar, costumo safar-me! Às vezes nem é pelos conselhos que me dá... simplesmente põe-me a "funcionar" e fica tudo ok novamente!

  Cláudia

sexta-feira, agosto 24, 2007 11:33:00 da manhã

Se a vida fosse facil...Não tinha a minima piada :)
Beijinho

  2 idiotas super hiper ri fixes

sexta-feira, agosto 24, 2007 11:55:00 da manhã

Nunca te arrependas de seguir o teu coração e de ouvir os conselhos do mar, não há nada mais sincero.

Bjs Borboleta Azul

  Borboleta Endiabrada

sexta-feira, agosto 24, 2007 5:29:00 da tarde

Desde que te sintas bem ctg mesma, tá tudo bem. É um caminho que escolheste..agora nao podes voltar atras... Encontra a felicidade!
Beijinhos endiabrados

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 24, 2007 5:56:00 da tarde

Musa:

Sei lá, vejo a minha praia cada vez mais pequena.

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 24, 2007 5:58:00 da tarde

Sleeping_Angel.69@Hotmail.com :


De modo nenhum duvido de mim, às vezes duvido dos sentimentos e pensamentos quando são contraditórios.

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 24, 2007 6:01:00 da tarde

hugation:

O que me questiono não é se a minha vida me vai deixar ficar mal, mas sim se eu a vou deixar ficar mal a ela!

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 24, 2007 6:23:00 da tarde

bela_sonhadora:

Estás certa, certississímma.

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 24, 2007 6:36:00 da tarde

Flor:

Gostei, estou a conhecê-la melhor.

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 24, 2007 6:42:00 da tarde

Inês:

Sim, passa. Assim que o sol nasceu eu pensei, "o que raio foi aquilo?".

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 24, 2007 6:43:00 da tarde

maria:

Vale sempre a pena lutar. Caso contrário os sonhos fogem e não construímos nada.

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 24, 2007 6:47:00 da tarde

ah e tal (c):

O facto de me ter questionado não significa que não tivesse já a resposta. O meu passado foi aqui e talvez volte, mas o que procuro não está aqui.

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 24, 2007 6:51:00 da tarde

Mulheka:

Dá novas forças, o estar ali com ele.

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 24, 2007 6:52:00 da tarde

Cláudia:

Isso é verdade, mas às vezes complicamos tanto aquilo que é simples...

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 24, 2007 6:53:00 da tarde

2 gajas super mega ri idiotas:

Concordo, mas estes momentos existem. Feliz ou infelizmente.

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 24, 2007 6:56:00 da tarde

Borboleta Endiabrada:

Posso sempre voltar atrás. Normalmente é o que digo a mim mesmo, se tudo correr mal nas minhas viagens e nas minhas buscas, nunca acabo sem nada. Tenho sempre o meu cantinho junto ao mar para onde voltar. Nem todos podem dizer o mesmo.

  ah e tal

sexta-feira, agosto 24, 2007 6:58:00 da tarde

eu percebi...;) apeteceu-me puxar a brasa à nossa sardinha...:P

  ah e tal

sexta-feira, agosto 24, 2007 7:08:00 da tarde

(sim, podia ter dito milhares de coisas mas o meu primeiro impulso foi dizer: fica!) :D

  tavguinu

sexta-feira, agosto 24, 2007 8:30:00 da tarde

A noite passada acordei com o teu beijo
descias o Douro e eu fui esperar-te ao Tejo
vinhas numa barca que não vi passar
corri pela margem até à beira do mar
até que te vi num castelo de areia
cantavas "sou gaivota e fui sereia"
ri-me de ti "então porque não voas?"
e então tu olhaste
depois sorriste
abriste a janela e voaste

A noite passada fui passear no mar
a viola irmã cuidou de me arrastar
chegado ao mar alto abriu-se em dois o mundo
olhei para baixo dormias lá no fundo
faltou-me o pé senti que me afundava
por entre as algas teu cabelo boiava
a lua cheia escureceu nas águas
e então falámos
e então dissemos
aqui vivemos muitos anos

A noite passada um paredão ruiu
pela fresta aberta o meu peito fugiu
estavas do outro lado a tricotar janelas
vias-me em segredo ao debruçar-te nelas
cheguei-me a ti disse baixinho "olá",
toquei-te no ombro e a marca ficou lá
o sol inteiro caiu entre os montes
e então olhaste
depois sorriste
disseste "ainda bem que voltaste"

  Unknown

sábado, agosto 25, 2007 12:11:00 da manhã

O mar a mim nunca me disse nada... já alguma vez pensaste em visitar um psiquiátra? Isso de ouvir vozes... lembra-te o que aconteceu à Jeanne D'arc...

Kidding, kidding!! Não ligues apenas fiquei impressionada com o teu texto pois viu-se um outro lado do Crestfallen...
Seguir o coração é uma boa opção, afinal a vida é curta demais.
Acima de tudo, deves seguir o caminho da tua felicidade, o tempo passa depressa. Daqui a nada quando fores mais velho ao avaliar o que fizeste da tua vida, pensarás que apesar das dificuldades, valeu a pena. É melhor arrepender-se das coisas que fizemos mesmo tendo-as feito mal do que arrepender-se de não ter feito nada quando podíamos...
O mar é um grande conselheiro!

Pronto chega de conversa lamecha... não te esqueças do psiquiátra! ;P

  Jo

sábado, agosto 25, 2007 2:39:00 da tarde

Acabares sem nada nunca acabas, viveste um sonho e lutaste por ele, quantas pessoas o querem fazer e não tem coragem?
Acabas com diferentes formas de vida e possiveis sonhos realizados e ficas tranquilo contigo mesmo porque foste ao encontro dos teus desejos na altura que os querias! Isso não é ficar sem nada! Eu também já saí de Portugal e fui para ao Egipto em busca de um sonho que correu mal! Voltei sem nada mas com a minha alma satisfeita por ter lutado sempre pelo meu desejo!

  Bruno Fehr

sábado, agosto 25, 2007 4:28:00 da tarde

ah e tal (c):

Eu percebi :)

  Bruno Fehr

sábado, agosto 25, 2007 4:29:00 da tarde

Tavguinu:

Muito bonito, obrigado por partilhares.

  Bruno Fehr

sábado, agosto 25, 2007 4:31:00 da tarde

Silvia F.:

Já pensaste se talvez o mar não queira falar contigo?

Quanto a psiquiátras... recuso-me a pagar a alguém que é mais louco do que eu :)

  Bruno Fehr

sábado, agosto 25, 2007 4:33:00 da tarde

Joana:

Eu sei, que sem nada nunca ficamos. Vazios ficamos quando deixamos os sonhos passar e os ignoramos por medo.

  Anónimo

segunda-feira, agosto 27, 2007 12:10:00 da manhã

O quarto ou a sala é um mau sítio para se ter crises existenciais. Experimenta tê-las quando estás na sanita, assim quando puxares o autoclismo as dúvidas vão todas por água abaixo lol

O que está feito, feito está. Não penses mais nisso.

  Bruno Fehr

segunda-feira, agosto 27, 2007 12:21:00 da manhã

Skynet:

É pá, um gajo às vezes tem gases...

  Ana

sábado, fevereiro 23, 2008 3:11:00 da manhã

gosto bastante desta tua faceta e de ler muito do que tento dizer a mim mesma sem conseguir achar as palavras certas...

este texto é divinal. adorei. mesmo.

  Bruno Fehr

sábado, fevereiro 23, 2008 3:56:00 da manhã

Vanadis:

"este texto é divinal. adorei. mesmo."

Divinal? Ahahaha