Cemitério de amigos!


O Gabriel faleceu. Aos 30 anos, a caminho de casa depois de uma noite de divertimento, perdeu a vida num acidente de viação.
Mais um, no meio de muitos. Mais um, no meu cemitério de amigos.

Conheci o Gabriel "Gabiru", nos tempos de escola, um dos raros amigos de infância ainda vivos.
Pego nas minhas fotos de escola e se riscar as caras dos falecidos, sobram poucas, muito poucas, pelo menos daquelas que deixei entrar no meu grupo de confiança.

Em comum com todos os amigos que perdi, além de meu amigo, faleceu de uma forma violenta e durante o verão.

Ao receber a notícia, senti-me mal, não pela perda, mas sim por não ter ficado chocado. Pela forma fria com que aceitei o que aconteceu, como se já fosse algo de normal. Não deveria ser, mas a lista é tão grande nos últimos 11 anos, que parece que já não sinto como deveria.
Senti-me mal ao pensar nele e perceber que tinha esquecido outros. Amigos que perdi e que arrumei num canto escuro da minha memória. Lentamente fiz a lista mental, em poucos segundos tinha mais 22 nomes. 22+1! Quantas pessoas perderam 23 amigos em 11 anos, sem haver uma guerra ou uma catástofre? Não percebo, nem posso perceber. Não estou a falar de conhecidos, mas sim de pessoas que, 99% delas, conhecia desde o tempo em que subia a árvores e roubava fruta às vizinhas. Mas, cruelmente, já aceito o inaceitável de uma forma incompreensível.

Sempre fui o candidato numero 1 a morrer, seria impossível sobreviver a todos eles, sendo o mais louco e irresponsável, fazendo as mesmas loucuras sempre com uma pitada a mais de risco. Mas em pouco tempo fui apelidado de "protegido", uma estrelinha da sorte que me retirava de dentro de um monte de sucata, sem um arranhão. Uma estrelinha da sorte que desviava árvores do meu caminho. Uma estrelinha da sorte que nunca percebi, mas gostaria de ter partilhado com todos deles.

"Viver depressa, morrer jovem, deixando um cadáver bonito", era um lema apelativo. O facto de ver amigos em caixões fechados, não nos tirava a ideia de que não havia maneira de deixar um cadáver bonito, neste nosso processo suicida.
A minha consolação, foi saber sempre, que todos eles viverem mais em 20-30 anos, do que a maioria das pessoas numa vida inteira. Aos 23 anos eu achava que já tinha feito tudo o que havia para fazer e se morresse, não me importaria. Talvez o facto de eu aceitar a morte como consequência dos meus actos, tenha sido o que a afastou de mim... só para me contrariar. Mas, para castigo, levava e leva as pessoas que me são mais chegadas, em situacoes idênticas a algumas das quais, eu saí a rir.

A nossa vida não deveria ser, após o nascimento iniciar uma louca corrida para a morte. Deveríamos sim ter feito o oposto, estarmos com 80 anos, velhos e chatos num lar a fazer apostas sobre quem seria o mais teimoso e ultimo a partir.

O Gabriel morreu e eu friamente aceitei. Por um lado, sei que um lamento, uma lágrima da minha parte, para ele seria uma ofensa. Sei que para ele um verdadeiro tributo póstumo vindo de um amigo seria:

"Este cabrão, fez tudo o que que quis, quando quis e como quis e agora mandou-nos para o caralho".

Sei que algo assim o faria sorrir, principalmente por chocar toda a gente.

A morte dele fez-me lembrar muita outras:

Paulo R. - Acidente de mota - Agosto 97
Gonçalo - Assassinado - Julho 98
Erica - Doença prolongada - Julho 98
Sérgio - Acidente de mota - Agosto 98
Pedro - Acidente de carro - Agosto 99
João T. - Acidente de mota - Setembro 99
Sapatinho - Acidente de carro - Agosto 99
Anselmo - Acidente de carro - Agosto 99
Jorge - Acidente de carro - Agosto 99
Sofia - Acidente de carro - Agosto 99
Andreia - Acidente de carro - Agosto 99
Zeca - Acidente de carro - Setembro 99
Sílvia - Acidente de mota - Junho 2000
Goncalo - Acidente de carro - Setembro 2000
Fernando - Acidente de mota - Agosto 2001
André - Suicídio - Outubro 2002
Vítor - Intoxicação - Maio 2003
Susana - Doença prolongada - Maio 2003
Bruno S. - Desaparecido - desde Maio 2005
Filipe - Acidente de mota - Junho 2005
Bruno A. - Suicídio - Setembro 2007
Ricardo - Suicídio - Dezembro 2007
Gabriel - Acidente de carro - Agosto 2008

Uma lista de nomes, com caras que se vão desvanecendo na minha memória, mas de todos eles ainda hoje lembro momentos divertidos e os sorrisos. Tentei apagar com algum sucesso, o fim das suas vidas e lembrar unicamente as gargalhadas que demos juntos.

Talvez... Começo a acreditar que foi no ano de 1999, que algo mudou em mim e me tornei aparentemente mais frio.

Gostaria de partilhar um pouco da história de cada um deles, como maneira de honrar a sua memória e de os manter vivos no meu coração, mas para isso precisaria de infinitas páginas e no final... nunca diria tudo.

Gostaria que o Gabriel, encerrasse o meu cemitério de amigos, mas acho que ele só poderá ser encerrado quando um dia me juntar a eles.
Pessoalmente, nunca temi a morte, mas sim o momento, aquele segundo em que deixamos de existir em nós para existir nos outros.
Mas uma coisa é certa, o que quer que aconteça a quem somos, após a morte, não deverá ser muito mau, pois estará lá uma sala cheia de amigos para me receber. Por isso, sorrio e não tenho pressa. Os verdadeiros amigos, são-no sempre e eles são!

35 Comentários:

  SolitaFit

quinta-feira, agosto 21, 2008 9:07:00 da manhã

Os meus pesames. De resto não há muito a comentar.

  Anónimo

quinta-feira, agosto 21, 2008 10:03:00 da manhã

Não há muito a comentar, só a solidariedade para contigo. Pois também sei o que é perder amigos na flor da idade. Infelizmente.

  Abobrinha

quinta-feira, agosto 21, 2008 10:30:00 da manhã

Crest

Um post que estou para escrever há muito (mas que podes pegar no título e no tema à vontade) terá como título qualquer coisa como "quando eu morrer quero que chorem por mim". Tem que ver com a nossa vida deixar uma marca importante nos outros ao ponto de lhes arrancar lágrimas sinceras, em vez de alívio ou lágrimas de derramar no funeral.

A tua lista é grande (assustadoramente grande!) mas estas pessoas foram devidamente choradas (ainda hoje) e não desapareceram da tua memória. Com amigos assim valeu a pena viver. Se quiseres fazemos uma corrida para a vida: é que eu estou a apostar nos 100 anos! E ganho-te na boa!

Lamento muito.

  SP

quinta-feira, agosto 21, 2008 12:09:00 da tarde

È triste mesmo... Não tenho palavras. Apenas te deixo um beijinho grande

  SP

quinta-feira, agosto 21, 2008 12:09:00 da tarde

È triste mesmo... Não tenho palavras. Apenas te deixo um beijinho grande

  Vitória

quinta-feira, agosto 21, 2008 3:35:00 da tarde

Sem palavras mesmo.

Beijo

  Ana

quinta-feira, agosto 21, 2008 3:51:00 da tarde

possa, crest...possa... isso são demasiados amigos... :( lamento... não sei que mais te dizer, porque não há palavras novas nem consolo. Talvez só o saberes que, ao menos, viveram.
Força, sim.

  Anónimo

quinta-feira, agosto 21, 2008 4:53:00 da tarde

"amigos, sao anjos que nos levantam pelos pés quando as nossas assas teimam em nao voar"
um abraço sentido
beto nunes

  Anónimo

quinta-feira, agosto 21, 2008 5:10:00 da tarde

....ja perdes-te mais amigos do que aqueles que tenho....

nao sei o que dizer,nunca soube nestas situaçoes,mas por aquilo que contas-te do teu amigo,agora ta num sitio mesmo á maneira com uma gaja bem boa( nao frita e sem gato) enquanto nós é que nos vamos f*****

beijinhu =)

  Ana

quinta-feira, agosto 21, 2008 6:50:00 da tarde

E há lá dor maior que perder quem gostamos... é esse o meu maior e unico medo.

Um abraço!

  Foi Bom

quinta-feira, agosto 21, 2008 10:57:00 da tarde

Quando o meu Miguel morreu, uma das coisas que mais me veio a cabeça foi: "E agora? Como e' que o mundo vai saber que ele existiu e que foi uma criatura maravilhosa?"- Apetecia-me gritar, dizer que ele tinha desaparecido e que isso era muito injusto... Como que se essas palavras, como muitos outros actos, o pudessem trazer de volta. Perdi 2 amigos, aos 9 e aos 17 anos, nao voltei a perder mais nenhum e nao quero voltar a passar por isso. A minha frieza ficou-se por outros caminhos, que nao a perda. Essa ainda doi horrores. No entanto compreendo-te e lamento que, mais uma vez, tenhas que passar por tudo isso. Beijo bem grande, do fundo do coraçao!

  T

quinta-feira, agosto 21, 2008 11:15:00 da tarde

Diz um Provérbio Chinês que "A vida é um corredor, e a morte só uma porta."

Como dizes, atrás dessa porta sabes quem vais encontrar! Até lá é tirar o maior proveito da vida! Como eu costumo dizer já não é viver "dia a dia" é viver o melhor possível "hora a hora" e isso (pelo que dizes) o Gabriel soube fazer!

Um beijo
T

  André

quinta-feira, agosto 21, 2008 11:26:00 da tarde

Felizmente durante a minha vida só perdi um único amigo, era ainda novo, mas lembro-me como hoje que marcou bastante, mas agora porém (não que possa ser devido a esse único caso) encaro a morte de outra forma, sei que se perde-se alguém por certo iria magoar, mas iria aceitá-lo de forma quase que distante, não querendo sentir mais do que uma perda. Talvez também por isso eu mesmo nunca considere actualmente as pessoas próximas de mim mais que conhecidos, colocando apenas um rosto na pessoa por quem tenha amizade, mas como em tudo não somos imunes aos sentimentos e quem sabe se quando a morte nos bater à porta não iremos lembrar todos aqueles que perdemos e ai sentir toda a perda da qual criámos distância!

  afectado

sexta-feira, agosto 22, 2008 1:03:00 da manhã

Assim próximo perdi um amigo ainda era puto. Ainda hoje me sinto marcado por isso. Talvez fosse novo demais para ver a morte tão perto...

Reparei que em 99 no espaço de 2 meses perdeste 9 ou 10 amigos... nem sei como aguentaria isso.

Abraço e os meus pêsames.

  Maria Prazeres

sexta-feira, agosto 22, 2008 1:25:00 da manhã

Os meus sentimentos... :(

Beijinhos

  ipsis verbis

sexta-feira, agosto 22, 2008 1:45:00 da manhã

Beijo-te.

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 22, 2008 4:02:00 da manhã

Obrigado a todos os que comentaram!

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 22, 2008 4:07:00 da manhã

Abobrinha:

"quando eu morrer quero que chorem por mim"

Um tema complicado, assim à primeira vista, nao me sai nada, o que nao é normal, pois mal ou bem tenho sempre algo a dizer.
Talvez seja a parte do "quero que chorem" que me confunde, pois eu acho que chorem ou nao, isso nao me fará diferenca. Desde que nao sejam hipócritas.

"Se quiseres fazemos uma corrida para a vida: é que eu estou a apostar nos 100 anos! E ganho-te na boa!"

Há muito que me deixei de corridas, fico-me por o agora e depois logo se ve, quando lá chegar.

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 22, 2008 4:08:00 da manhã

Anónimo (Beto Nunes)

"amigos, sao anjos que nos levantam pelos pés quando as nossas assas teimam em nao voar"

Um bonito pensamento, mas muitos dos meus amigo foram tudo menos anjinhos :)

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 22, 2008 4:12:00 da manhã

miss bradshaw:

"...ja perdes-te mais amigos do que aqueles que tenho..."

Muitos nesta lista, nao eram amigos confidentes ou inseparáveis, eram sim aqueles com que crescemos, que apesar de a certa a altura alguns terem seguido rumos opostos, quando nos encontrávamos, havia sempre uma amizade. Nao como aqueles que passado uns anos reconhecemos na rua, mas nem "olá", dizemos.

Poderia nao estar com eles, mas quando estava, era como se estivesse novamente na escola.

"agora ta num sitio mesmo á maneira com uma gaja bem boa( nao frita e sem gato)"

Desde que tenha gajas, um bar e mar, estará bem. Bem melhor que eu :P

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 22, 2008 4:13:00 da manhã

Ana:

"E há lá dor maior que perder quem gostamos... é esse o meu maior e unico medo."

Nem é a perda, sao as perguntas sem resposta que ficam...

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 22, 2008 4:15:00 da manhã

Foi Bom:

"E agora? Como e' que o mundo vai saber que ele existiu e que foi uma criatura maravilhosa?"

A unica resposta que encontro é, quem o amou lembrar-se dele, mantedo-o vivo na nossa memória.
O mundo que se lixe, a memória dos momentos bons e maus, é nossa e só nossa.

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 22, 2008 4:18:00 da manhã

Teresa:

Diz um Provérbio Chinês que "A vida é um corredor, e a morte só uma porta."

Respeito os provérbios chineses, pois quase sempre fazem sentido. Mas neste caso se imaginar um corredor como sendo a vida e a morte uma porta, imagino uma vida igual para todos.

A vida será sim, um corredor com imensas portas, um jogo de sorte, numas nao está nada, noutras tudo termina.

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 22, 2008 4:24:00 da manhã

PsYcHo_MiNd:

"Felizmente durante a minha vida só perdi um único amigo"


Felizmente porque nao foram mais, infelizmente por ele ter partido.
A línguagem consegue ser injusta por falta de palavras. Quer tivesses usado "felizmente ou infelizmente", corrias o risco de ser mal interpretado.

"sei que se perde-se alguém por certo iria magoar, mas iria aceitá-lo de forma quase que distante, não querendo sentir mais do que uma perda."

A forma distante depende da proximidade da pessoa. Há perdas que custam a aceitar, mas parece que aceitamos friamente e há perdas que nos deixam no limiar da loucura.

"...não iremos lembrar todos aqueles que perdemos e ai sentir toda a perda da qual criámos distância!"

É inevitável. Estar numa conversa, lembrando uma hitória de infancia e do nada um nome, que há muito nao era mencionado, pois há muito que nos deixou.
Esquecer é bom para nós, mas quando lembramos, sentimos que fomos injustos para com a sua memória.

Se nós esquecermos, será que alguém os lembra? Pelo sim, pelo nao prefiro lembrar.

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 22, 2008 4:31:00 da manhã

afectado:

"Reparei que em 99 no espaço de 2 meses perdeste 9 ou 10 amigos... nem sei como aguentaria isso."

É um ano que me lembro ao detalhe. 5 deles foi num único acidente, com 7 vitimas mortais e 1 sobrevivente.

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 22, 2008 4:31:00 da manhã

Mais uma vez, obrigado a todos.

Irei animar um pouco o blogue, em breve.

  Maria Manuela

sexta-feira, agosto 22, 2008 12:20:00 da tarde

Aquele abraço Crest.

  Anónimo

sexta-feira, agosto 22, 2008 11:34:00 da tarde

Crest,

Quando dizes "Nem é a perda, sao as perguntas sem resposta que ficam..." é exactamente isso, pelo menos para mim.

Sabes, eu nunca fui crente, mas sobretudo a perda de dois dos "pilares" em que assenta a minha vida, alimentou-me por algum tempo um sentimento de quase revolta, e descrença, sobretudo num Ser que dizem ser justo.

Questionei-me muitas vezes o porquê, fiz perguntas e mais perguntas sem obter resposta. Ainda hoje não tenho muitas dessas respostas. Não que me tenha conformado, mas aprendi que muitas dessas perguntas requerem tempo até serem respondidas, outras tantas ficarão sem resposta... Até um dia, acredito eu, que voltarei a estar com todos Eles que partiram. Neste ponto vejo a morte de alguém querido, como viajens diferentes que cada um fez, que a dada altura, seguiram para outros destinos, mas quero acreditar que algum dia, em algum lugar lugar, essas viajens irão terminar num mesmo destino. :) Nos vamos voltar encontrar. Pelo menos a mim faz-me bem acreditar, ter a esperança que isso irá acontecer.

“O que quer que aconteça a quem somos, após a morte, não deverá ser muito mau, pois estará lá uma sala cheia de amigos para me receber.” No meu caso estará mais alguém que alguns amigos, felizes e orgulhosos de mim por eu ter vivido tanto, não tão orgulhosos dos meus erros, mas satisfeitos por eu ter crescido e aprendido com eles. Sei que desejariam ter estado por perto para partilhar comigo os bons e os maus momentos, para me terem chamado à razão, para me terem dado a força que precisei ter quando partiram... por tudo isto e muito mais, mas sei que o estarão por os ter honrado e lembrado :) na forma e no quanto só nós ( eu e Eles ) sabemos que eu os amo.

“Por isso, sorrio e não tenho pressa. Os verdadeiros amigos são-no sempre e eles são!” E são mesmo. E também aqueles que partiram e deixaram em em mim algo mais que sentimentos, histórias, aprendizagens, mas que me legaram um pouco de si. Hoje vivo, porque dois desses seres sublimes que partiram, me deram um pouco das suas próprias vidas e proporcionaram a minha existência, me deram a oportunidade de viver, fizeram de mim, em muito, aquilo que eu sou hoje.

:) Sabes o quanto eu me orgulho, o quanto lhes estou grata, o quanto é bom para mim isso? O saber que as suas vidas não se extinguiram completamente e vivem ainda em mim? :) Eu sei... :)

O sentimento de perda, já não o sinto verdadeiramente. Lá porque a vida de um ser querido se tenha esgotado, não implica que eu o tenha perdido para sempre. Não! Perdi sim a sua presença física, perdi a oportunidade de partilhar muito mais com cada um deles, mas não o que me liga a essa pessoa. A dor e a ausência, foram inevitáveis. Mas agora lido com elas da mesma forma que outros lidam com uma amputação de um membro. Aprendi a saber conviver com elas, a saudade, a dor, a perda da presença física de um ser querida, adaptei-me essa nova condição, que é viver sem essa pessoa por perto, sem que isso seja uma necessariamente uma limitação.

Da mesma forma que desenvolvemos a capacidade de comunicar sem palavras, onde elas sobram e são inúteis, por uma cumplicidade que nada tem a ver com palavras, aprendi a falar com o coração e com o pensamento. É estranho, não tenho resposta do outro lado, mas acredito que ainda assim Eles me ouvem. Por vezes isso da-me algum conforto. :) Talvez seja essa a forma que Eles têm de me responder. Já não sinto tristeza, mas saudades, muito fortes e desgarradoras por vezes.

Relembro-Os todos com alegria, com vontade, da mesma forma que eles me recordam a mim. :) A pessoa alegre e forte, inteira, que eles conheceram, que amaram e com quem partilharam a um pedaço da vida que viveram. :)

Eles não nos querem ver tristes ;)

  I.D.Pena

sábado, agosto 23, 2008 7:17:00 da tarde

Olá :) opá o que dizer ,não há muito a dizer, são muitas pessoas de facto, mas agora neste momento, nascem e morrem milhões de pessoas, não há nada a fazer , somos impotentes contra a morte e contra a vida, ah! mas até já inventámos o aborto legal, que se lixe não falam, não pensam , dizem eles, que nada sabem , mas que pensam , é revoltante ao início , mas com a morte aprendemos a nos resignar, nem mais nem menos.
Sempre que morre alguém do meu meio, lembro-me daquela pessoa que mais amo - o meu filho, e lembro-me das pessoas que já perderam filhos , não consigo imaginar a dor, choro ímenso só com o pensamento , mas nem sequer imagino o que será...
Dos que partiram ficam as memórias.
Por isso enquanto cá estamos , há que aproveitar , beijar os vivos e fazê-los sorrir.
Carpe diem Crest©

  Anónimo

segunda-feira, agosto 25, 2008 4:18:00 da manhã

Deixaste-me a lágrima no cantinho do olho...

  Afrodite

segunda-feira, agosto 25, 2008 12:58:00 da tarde

:(

Abreijos

  Bruno Fehr

terça-feira, agosto 26, 2008 1:42:00 da manhã

Fia:

"Neste ponto vejo a morte de alguém querido, como viajens diferentes que cada um fez, que a dada altura, seguiram para outros destinos, mas quero acreditar que algum dia, em algum lugar lugar, essas viajens irão terminar num mesmo destino. :)"

Espero sinceramente que assim seja.

"No meu caso estará mais alguém que alguns amigos, felizes e orgulhosos de mim por eu ter vivido tanto, não tão orgulhosos dos meus erros, mas satisfeitos por eu ter crescido e aprendido com eles. Sei que desejariam ter estado por perto para partilhar comigo os bons e os maus momentos, para me terem chamado à razão, para me terem dado a força que precisei ter quando partiram..."

Duvido que olhem para os nossos erros. Podem é dizer "que tolinha" ou virar a cara para o lado e dizer "eu nao vi nada".

"Hoje vivo, porque dois desses seres sublimes que partiram, me deram um pouco das suas próprias vidas e proporcionaram a minha existência, me deram a oportunidade de viver, fizeram de mim, em muito, aquilo que eu sou hoje."

E desde que te lembres deles, eles estarao vivos no teu coracao. O lembrar é a unica maneira de nao ficarmos sós.

"Eles me ouvem"

Eles ouvem e a resposta deles, está na maneira como hoje lidas com a situacao.

  Bruno Fehr

terça-feira, agosto 26, 2008 1:51:00 da manhã

Naturezas:

"Sempre que morre alguém do meu meio, lembro-me daquela pessoa que mais amo - o meu filho, e lembro-me das pessoas que já perderam filhos , não consigo imaginar a dor, choro ímenso só com o pensamento , mas nem sequer imagino o que será..."

Acompanhei de perto uma situacao dessas. A minha tia/madrinha após ter duas meninas, finalmente teve um rapaz. Ele nasceu com deficiencia nas pernas e após 4 anos de cirurgias, estava curando. Na vespera de Natal ele faleceu por irresponsabilidade dos responsáveis de uma festa de natal religiosa. Tinha quase 5 anos, era o melhor amigo do meu irmao.

A minha tia entrou num estado de loucura do qual nunca saiu, até que aos 43 anos, 12 anos depois, ela engravidou e teve um rapaz. Foi este filho que a curou.

Nunca esqueceu o outro, nunca deixa de o visitar e ele está presente do dia-a-dia daquela familia.

Ela olha para este filho, como uma segunda oportunidade.

O natal naquela casa, só voltou a existir desde que este rapazinho nasceu.

  Estranha pessoa esta

quinta-feira, agosto 28, 2008 6:43:00 da manhã

........Um abraço!

  Anónimo

quinta-feira, setembro 04, 2008 3:13:00 da manhã

A sua lista de amigos falecidos é chocante, só posso dizer que sinto muito.
“Li uma frase á alguns anos numa revista que assinei e que acabou a Grande Reportagem, em que o jornalista fazia uma pequena homenagem a um amigo falecido e nunca mais me esqueci “Se o mais importante na vida são as boas marcas que deixamos gravadas nos outros então a tua foi uma grande vida.”
São essas boas marcas que fazem com que permaneçam na nossa memória, aquelas pessoas de que gostamos e que não estão mais fisicamente presentes, enquanto estiverem na nossa memória continuaram a existir.