Stephen King

O livro The Stand de Stephen King é um dos melhores livros e dos piores livros que li este ano. Na categoria dos melhores, coloco metade do livro no top100 das minhas preferências e na categoria dos piores, coloco a outra metade do livro no top10 dos detestáveis.

Antes de vos explicar a lógica de poder gostar e odiar ao mesmo tempo este livro, gostaria de referir que o meu texto irá abordar o final da história e por isso quem estiver a ler, ou tencionar ler este livro, deverá parar de ler esta minha critica.


Ainda aqui estão? OK, eu avisei!

Não vou falar mal só por falar, vou tentar argumentar os motivos que me levam a odiar o livro apesar de ser bom. A leitura é fácil e livro entra na nossa mente, sempre que o pousamos ficamos a pensar nele e isto faz de um livro um bom livro. Desde as viagens do Capitão, ao desenvolvimento das personagens, as mortes e toda a história em si, tudo é escrito de uma excelente forma. Quando chegamos a meio do livro já percebemos que estamos na presença de um dos melhores trabalhos deste autor.

O que me levou a ler este livro foi a arrogância do autor ao dizer que a sua intenção era criar um livro épico Americano ao estilo do Senhor do Anéis. Este tipo de arrogância irrita qualquer pessoa arrogante com eu, e por isso fui ler o livro só para poder dizer que ele falhou redondamente. Como já disse, na primeira metade do livro quase me vi forçado a engolir a arrogância e assumir que ele tinha conseguido.

O problema deste autor foi quando tentou incluir religião no livro, estabelecendo ligações entre esta história e o velho testamento. Por exemplo, a caminhada de 3 homens até Las Vegas como se fossem uma espécie de profetas bem ao estilo de diversas histórias do velho testamento. Estes homens ao chegar a Las Vegas iriam liderar as pessoas até à liberdade, um pouco como os escolhidos a salvarem-se de Sodoma antes de Deus destruir a cidade. Deus neste livro iria também destruir uma cidade, Las Vegas, conhecida como a cidade do pecado, o que reforça a ligação que fiz a Sodoma. Mas não foi bem assim...

O que aconteceu foi: "O punho de Deus apareceu dos céus e detonou uma bomba nuclear matando toda a gente".

Fiquei confuso e volto a página só para confirmar que o livro terminou mesmo. Mas que merda foi esta? Tanta qualidade na escrita, tanto esforço a estabelecer paralelismos religiosos e terminar o livro desta forma? Ao ler isto o leitor lê nas entrelinhas: "Vão todos para o caralho que eu estou farto de escrever isto e como não sei como terminar o livro vou matar estes cabroes todos. Além disso, tudo o que escrevo dá um filme, por isso vão-se foder!".


Se o Stephen King ou Rei Estefano, como preferirem, queria dar um tom religioso à história, deveria ter prestado mais atenção ao textos do velho testamento nos quais se inspirou e iria perceber que nessas histórias Deus não manda profetas a uma cidade para depois matar toda a gente. Sempre que há profetas, há escolhidos e há pessoas que por diversas razoes são poupadas. Se é para matar tudo e todos, porque raio mandaria Deus, profetas? E porque raio com todo o poder divino, Deus iria detonar uma bomba nuclear? Já não basta o Homem com estas bombas e agora também temos de ter em conta um arsenal nuclear divino?

O Sr. King falhou ao querer comparar esta treta ao Senhor dos Anéis, pois este último tem um bom final onde os justos, mesmo que fracos e desarmados, podem vencer todo o mal se mantiverem os seus corações puros. Pode até não ser verdade que os justos vençam sempre mas soa bem e é de longe um final melhor do que um:  

- foda-se, vou matar toda gente com uma bomba nuclear", disse Deus.

A primeira metade do livro comparo-a por analogia à descoberta de cura da SIDA. Excelente!
A segunda metade do livro é como se essa cura fosse matar todos os seres Humanos. OK, sem Humanos não há SIDA. Mas é uma merda de ideia!

2 Comentários:

  Anónimo

quarta-feira, novembro 17, 2010 3:59:00 da tarde

O SK é um dos meus escritores preferidos, desde que li o "pet sematary" no final dos anos 80. E preferido porque a escrita é realmente involvente e muitas vezes assustadora, e bem eu gosto de "gore". Este livro que referes ja é antiguinho, anos 90 se não me engano, e como alguns dos livros dele, tem um final desapontante.
Essa historia do épico equiparavel ao Senhor dos Aneis é recorrente nele, na colecção Dark Tower ele também refere isso no prefacio do primeiro livro da série, e na verdade... nope :) São extremamente interessantes os livros desta série, um universo paralelo onde um gunslinger (o ultimo) procura a torre; Ha alguns paralelismos na série da torre com a busca do anel nos livros do Tolkien. Dai a ser equiparavel, nao creio.
Estou actualmente a ler o ultimo livro (novel) que ele publicou "Under the dome", ainda não cheguei ao fim, espero que não desaponte :)

  Anónimo

quarta-feira, novembro 17, 2010 3:59:00 da tarde

O SK é um dos meus escritores preferidos, desde que li o "pet sematary" no final dos anos 80. E preferido porque a escrita é realmente involvente e muitas vezes assustadora, e bem eu gosto de "gore". Este livro que referes ja é antiguinho, anos 90 se não me engano, e como alguns dos livros dele, tem um final desapontante.
Essa historia do épico equiparavel ao Senhor dos Aneis é recorrente nele, na colecção Dark Tower ele também refere isso no prefacio do primeiro livro da série, e na verdade... nope :) São extremamente interessantes os livros desta série, um universo paralelo onde um gunslinger (o ultimo) procura a torre; Ha alguns paralelismos na série da torre com a busca do anel nos livros do Tolkien. Dai a ser equiparavel, nao creio.
Estou actualmente a ler o ultimo livro (novel) que ele publicou "Under the dome", ainda não cheguei ao fim, espero que não desaponte :)