Luís Miguel Rocha é o autor do livro mais difamado em Portugal dos últimos anos, em contradição é um aclamado Best Seller internacional. O livro é O último Papa.
Num texto da série Veritas este livro foi mencionado por uma comentadora e depois um anónimo forneceu o nome do autor, falando de uma forma deselegante do mesmo.
Por toda a blogosfera encontro textos difamadores, que colocam em causa todo o livro, reputação do autor mas sem referirem dados que contradigam a obra. Como é óbvio comprei o livro e li. Ao ler concluí que sempre estive certo em relação ao povo Português. Nós odiamos ver um outro Português com sucesso e temos de o derrubar a todo o custo. Os Portugueses acreditaram que:
- o Texas Chainsaw Massacre foi baseado em factos reais, e não foi.
- Que o Blair Witch project era real, e não era.
- Que Dan Brown escreve a verdade, e não escreve.
- Que a J.K. Rowlins é uma simpática senhora com muita imaginação, e não é.
Não ligamos quando somos enrabados e enganados pelos estrangeiros e mesmo após a enrabadela, muitos continuam a acreditar. Mas um Tuga? Um Tuga não, por isso temos de o difamar a todo o custo.
As principais criticas a Luís Rocha são:
- Dizer que viveu e trabalhou em Inglaterra, mas o seu Inglês não é bom.
Quanto a isto posso dizer por experiência pessoal que nunca conheci em Inglaterra um Português não nascido em Inglaterra ou numa família bilingue, com bom Inglês.
- Ele disse que escreveu um trabalho para a revista Time, mas não existe nenhum trabalho publicado por ele.
Não sei se o disse para efeitos promocionais ou não, ou se realmente escreveu sobre este assunto e simplesmente não foi publicado. Por eu já ter trabalhado nesse meio, já vi pilhas e pilhas de trabalhos recebidos que: ou nos queriam vender, ou nos deram. ou que até tínhamos encomendado e pago por ele e nunca foram nem serão publicados.
- Ele disse que o seu livro iria tornar-se filme.
O que não é mentira, confirmei que os direitos de adaptação para o cinema foram comprados e que o guião está a ser escrito, o inicio das filmagens está previsto para este ano.
Aqui na Alemanha saiu um livro e foi feito um filme semelhante, chamado "A Papisa" que explica que a época do papa desconhecido, uma altura em que parece não ter havido Papa, se deve ao facto de ter sido nomeado Papa uma mulher cujo pai sempre a vestiu de rapaz e ela sempre escondeu o seu sexo. É possível, é? Aconteceu? Não sabemos! Mas ninguém está a difamar o autor da obra.
Vamos aos detalhes polémicos do livro. Ele relata:
"A 29 de Setembro de 1978 o mundo é chocado pela morte de Joao Paulo I, que tinha sido eleito 33 dias antes".
Facto!
"O comunicado oficial do Vaticano foi: Sua Santidade faleceu de causas desconhecidas, possivelmente associadas a um ataque do coração".
Facto!
"O corpo do Papa foi embalsamado nas 24 horas seguintes, impedindo a possibilidade de uma autópsia"
Facto!
"O Papa reinou durante 33 dias a idade com que Cristo morreu"
Facto!
"O Papa referiu saber que iria reinar unicamente 33 dias"
Hipótese adiantada por dezenas de historiadores.
"O Papa foi assassinado"
Hipótese sustentada por diversos investigadores e Luís Rocha não é o primeiro a escrever um livro com essa hipótese. David Yallop escreveu In God's Name onde refere algo de muito parecido estabelecendo ligações entre o Vaticano, as elites bancárias, a maçonaria e a máfia. Que ligações fez Luís Rocha? Basicamente as mesmas com um detalhe extremamente importante, ligou este caso à loja maçonica P2, e isto na minha opinião só eleva a qualidade do livro dele.
A loja P2 era uma loja maçónica como qualquer outra com ligações à Mafia, sim pois os mafiosos podem ser maçons pois até são menos criminosos que eles. Mas o mais interessante da loja P2 é que cometeu tantos crimes que foi impossível para as elites os protegerem, desde o Vaticano, máfia e até toda a maçonaria se afastaram deles, tendo pela primeira vez na história da humanidade membros da maçonaria sido presos e os seus crimes expostos.
Luís Rocha, pegou em factos severamente debatidos, adicionou novos que diz serem verdades e que podem até não ser mas ele acreditar que sim, trabalhou-os para escrever um livro e os Portugueses crucificaram-no, enquanto aceitam que Dan Brown faça o mesmo, no entanto como é estrangeiro é louvado.
Luís Rocha disse saber quem foi o assassino. E isto é um problema para os Portugueses.
Dan Brown disse que o Priorado do Sião era real. E isto já não é um problema para ninguém.
É um facto que para sermos merecedores do respeito do público Português temos de ter sucesso fora de Portugal, mas há casos onde nem com esse sucesso há respeito. Os Portugueses preferem respeitar José Luís Peixoto que dá o seu nome a um prémio literário que viola direitos de autor e castra à partida qualquer novo autor que o vença, do que dar o beneficio da dúvida a alguém que escreveu um livro com uma história interessante.
Os Portugueses só querem livros com verdades absolutas, por isso é melhor não lerem livros, jornais, revistas, não ligarem a TV, rádio, Internet e ficarem toda a eternidade na sua gruta de verdades. Mas tenho a certeza que muitos destes críticos leram tretas com de: Alexandra Solnado, José Rodrigues do Santos ou... e este é fácil demais pois é o top of the tops de vendas em Portugal... O segredo!
Este senhor escreve bem? Não, ele escreve mal, tenta escrever bem mas não consegue. No entanto isso não é um impedimento para ter uma boa história, basta lerem Dan Brown em Inglês ou o Best Seller internacional PS: I Love You, também em Inglês para se perceber que há muita gente a escrever mal mesmo tendo boas histórias.
Na contra capa deste livro está escrito: "Desta vez a conspiração é baseada em factos reais". Qual é a parte de baseada que os portugueses não percebem? O que é baseado tem parte de verdade mas não é toda a verdade.
Anda por aí um pirolito em todos os blogues que falaram deste livro a fazer criticas idiotas, espero sinceramente que ele não passe por aqui, ou o Bruno Fehr voltará por momentos a ser o velho Crest e dar-lhe-à uma já saudosa enrabadela de palavras!