Erros no Hino!


Num dos textos que escrevi por altura do campeonato da Eurpoa, num comentário foi mencionado o facto de muitos Portugueses não saberem o hino nacional, por isso neste texto, resolvi falar um pouco dele e deitar por terra, teorias de merda em volta do hino.

O nosso hino nacional intitula-se "A Portuguesa", este hino veio substituir aquele que ainda em 1826, em Portugal era considerado como hino oficial o "Hymno Patriótico", em que a letra era um incentivo Monárquico à continuação de actos heróicos por parte dos Portugueses.

Entretanto, na sequência da revolução de 1820, foi aprovada em Setembro de 1822 a primeira Constituição Liberal Portuguesa, que foi jurada por D. João VI. D. Pedro, então Príncipe Regente no Brasil, compôs o "Hymno Imperial e Constitucional", dedicado à Constituição.
Após a morte do Rei, e com a subida de D. Pedro IV ao trono, este outorgou aos portugueses uma carta Constitucional. O hino de sua autoria generalizou-se com a denominação oficial como "Hymno nacional", e por isso obrigatório em todas as solenidades públicas, a partir de Maio de 1834. Este hino começou a ser chamado de "A Carta" e teve diversas letras consoante a situação nacional, pois a letra mudava consoante a vontade do Rei.

"A Portuguesa" não nasceu como hino nacional para substituir "A Carta", não passava de uma canção popular de cariz Republicano, adoptado por estes como hino e proibida pelo regime Monárquico.
Devido à altura conturbada que vivemos devido ao facto de a Inglaterra ter dado um ultimato a Portugal para retirar as tropas estacionadas nos territórios entre Angola e Moçambique (à boa maneira Tuga estávamos a ver se juntávamos os dois países sem ninguém ver), existe a teoria que este hino foi escrito, como resposta a esse ultimato e que existia um verso que dizia "contra os Bretões marchar, marchar". Isto é errado e ridículo.


Na verdade "A Portuguesa", surgiu nessa altura como canção popular revolucionária e o que o ultimato Inglês nos fez, foi trocar "canhões" por "bretões", como trocadilho, mas nunca fez parte da letra, nem nunca essa foi a intenção. Foi uma alteração popular tal como dezenas de outras versões existentes na altura. Este trocadilho, deve-se unicamente ao facto dos Portugueses sempre terem lidado melhor com as tragédias usando o humor.

O que é dito sobre o assunto, em imensos blogues é ridículo. O que é dito sobre o assunto na Wikipédia é ridículo. Acreditar que que no final do Séc. XIX Portugal estava disposto a enfrentar a Inglaterra militarmente, é ridículo. Tão ridículo que negociámos a retirada das nossa tropas desses territórios Ingleses.

A Assembleia Constituinte de 19 de Junho de 1911, que aprovou a Bandeira Nacional, proclamou "A Portuguesa" como Hino Nacional. Sendo assim oficializada a composição de Alfredo Keil e Henrique Lopes de Mendonça que em 1890, conseguiram interpretar com elevado sucesso, o sentimento patriótico de revolta contra o ultimato que a Inglaterra, em termos arrogantes e humilhantes, impusera a Portugal mas nunca nesta letra figurou a palavra "Bretões".

Agora vou transcrever o hino e falar da parte onde todos os Portugueses, mesmo que saibam o hino, tropeçam. Está uma multidão inteira a cantar em coro e quando chegam ao segundo verso, já ninguém se entende. Um terço perde-se, um terço canta mal e outro terço disfarça:


I
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós
Que há-de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar Contra os canhões marchar, marchar!


ERRO 1:
Ora bem... "Heróis do mar, nobre povo, Nação valente, imortal"

Como é que devemos cantar a merda da virgula depois de "valente"?
Uns cantam "Nação valente e imortal" outros cantam "Nação valente (pausa) e mortal". Seja qual for a forma usada, soa a sempre a "e mortal" o que não me soa nada bem. Não dá para cantar a virgula, por isso a malta perde-se. Não dá, por mais que se tente, cantar este verso, sem soar mal.

ERRO 2:
"Ó Pátria, sente-se a voz, Dos teus egrégios avós, Que há-de guiar-te à vitória!"

O erro comum nestes 3 versos... é que malta canta "Que hão-de guiar-te à vitória!"
Errado. O avós já morreram e não vão guiar ninguém à vitória, o que vai guiar à vitória é a voz deles, por isso a voz "há-de". Este erro, sim, dá para ser corrigido!

Apesar de só cantarmos este versos como hino, a letra do nosso hino continua:

II
Desfralda a invicta Bandeira,
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu
Beija o solo teu jucundo
O oceano, a rugir d`amor,
E o teu Braço vencedor
Deu mundos novos ao mundo!

Às armas, às armas!
Sobre a terra sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

III
Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal de ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.

Às armas, às armas!
Sobre aterra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

Para terminar, mas quem é que contra os canhões marcha?
Eu que estive durante perto de 2 anos nas forcas aero-transportadas e estive durante 6 meses numa missão internacional de paz, nunca me foi dito para pegar na minha arma e enfrentar canhões, antes pelo contrário, o que me foi dito, foi para encontrar soluções de maneira a minimizar os estragos que esses canhões poderiam fazer, ou seja, solicitando um ataque aéreo ou pedir reforços blindados.

"Contra os canhões, improvisar, improvisar"

35 Comentários:

  Anónimo

segunda-feira, julho 28, 2008 9:03:00 da manhã

Acha que um país que começou com um tipo a bater na mãe podia resultar em coisa boa? Termos Hino já não é mau!
Mas os erros que menciona, realmente, são de bradar aos céus!

  Pax

segunda-feira, julho 28, 2008 11:40:00 da manhã

O hino não ser cantado em latim já é uma sorte!
:)

  Sílvia

segunda-feira, julho 28, 2008 2:52:00 da tarde

Longe vai o tempo em que levava nas orelhas do professor se não soubesse cantar o Hino correctamente.lol.

  Anónimo

segunda-feira, julho 28, 2008 3:41:00 da tarde

Admito que passo por todas as fazes, primeiro canto mal, depois perco-me e por fim começo a disfarçar lol

Mas esse último verso do "improvisar, improvisar" acho que até nem ficava mal, somos afinal um povo desenrascado :)

  Vitória

segunda-feira, julho 28, 2008 8:05:00 da tarde

Ah cada vez que venho ao teu blog fico mais culta..;)

Muito bem gostei da dissertação.;)

  Grafonola

terça-feira, julho 29, 2008 12:05:00 da manhã

Sempre cantei "e imortal" =D e sempre troquei com a voz e os avós =D

Mas sempre preferi a versão parodiada: heróis do mar, nozes pobres, do meu quintal! levantai hoje de novo,as cuecas do general! :-p

Acontecia enganar-me e gritar nozes podres em vez de nobre povo...

Não sabia de nada dessa coisa dos bretões no hino, nunca tal ouvi.

  Kátia

terça-feira, julho 29, 2008 9:22:00 da manhã

Eta criatura que reclama!Não vou opinar acerca disso,porque do hino de Portugal cuida tu.
Vim aqui só avisar-te que deixei 2 prêmios pra ti lá na casa soteropolitana,tu nuca mais foi me visitar...vai ao menos buscar teus prêmios.
:P
Beijo!

  Kátia

terça-feira, julho 29, 2008 9:23:00 da manhã

"Tu nunca mais foi me visitar..." consertei antes que reclame também! Loooool

  Patrícia Grade

terça-feira, julho 29, 2008 8:36:00 da tarde

Olá de novo meu querido Crest,

faltou-te mencionar um erro fatal, no segundo verso, penso eu. É que toda a gente canta - Ó pátria sente-se a voz - mas a voz dos egrégios avós não se sente, ela ergue-se:
"Ó Pátria ergue-se a voz
Dos teus egrégios avós
Que há-de guiar-te á vitória"

Assim é que reza o poema.
Mas é sempre bom saber que estás mais atento que o comum dos tugas...
Saudade da nossa troca de palpites, pá!

  Jorge Pessoa e Silva

quarta-feira, julho 30, 2008 2:32:00 da manhã

Há muito tempo que um post não me surpreendia tanto. Por isso, eu sou o maluquinho da última fila que está a bater palmas.

Aquela abraço

  Ricardo Mota

quarta-feira, julho 30, 2008 9:46:00 da manhã

É muito bom que faças aquilo que deveria ser o ministério da educação a fazer...
Se disseres a um teenager que o hino não acaba ali, dás-lhe uma agradável surpresa (fútil, mas agradável).
e concordo com o skynet:
"Contra os canhões, desenrascar, desenrascar!!!!" à boa moda Portuguesa.

Um Abraço.

  Blondewithaphd

quarta-feira, julho 30, 2008 11:54:00 da tarde

Mas lá que os ingleses foram uns trastes lá isso foram!!! E que no tratado de 1891 fomos uns pacóvios e perdemos o corredor de influência com que eles tinham concordado também fomos!!! E que o hino está uma desactualização penosa de ouvir, pois... também está!

  mjf

sábado, agosto 02, 2008 12:25:00 da manhã

Olá!
Boa, inteligente e divertida interprtação do nosso hino :=)
passei para matar saudades!!!!

Beijocas
Bom fim de semana

  caditonuno

sábado, agosto 02, 2008 10:59:00 da manhã

gostei de ler a história do hino.

ah, eu sou daqueles que disfarça e só canta a parte final.

  Ana

sábado, agosto 02, 2008 12:03:00 da tarde

esta malta qd tira férias, tira férias de tudo...querem ver que só se bloga quando há trabalho???????

  Bruno Fehr

segunda-feira, agosto 04, 2008 1:17:00 da manhã

AP:

"Acha que um país que começou com um tipo a bater na mãe podia resultar em coisa boa?"


Contra factos nao há argumentos :)

  Bruno Fehr

segunda-feira, agosto 04, 2008 1:18:00 da manhã

Pax:

"O hino não ser cantado em latim já é uma sorte!"

Poderia ser nao cantando, tal como o hino Espanhol... ou pior ainda poderia ser o hino Espanhol.

  Bruno Fehr

segunda-feira, agosto 04, 2008 1:19:00 da manhã

SílviA:

"Longe vai o tempo em que levava nas orelhas do professor se não soubesse cantar o Hino correctamente."

É verdade.

  Bruno Fehr

segunda-feira, agosto 04, 2008 1:20:00 da manhã

Skynet:

"Mas esse último verso do "improvisar, improvisar" acho que até nem ficava mal, somos afinal um povo desenrascado :)"

Quanto a isso nao há dúvidas.

  Bruno Fehr

segunda-feira, agosto 04, 2008 1:22:00 da manhã

vita:

"Ah cada vez que venho ao teu blog fico mais culta..;)"

É um blogue muito "cultivado" e "instrumado".

  Bruno Fehr

segunda-feira, agosto 04, 2008 1:24:00 da manhã

Ácido Cloridrix HCL:

"Estarás de acordo com o casamento ou adopção entre homossexuais???"

Estou a escrever um texto sobre isso. Mas digo desde já que para bem das criancas, isso nunca deria ser permitido. O casamento é outro assunto, cada qual faz o quer quer, agora, adoptar Nao!

  Bruno Fehr

segunda-feira, agosto 04, 2008 1:26:00 da manhã

A Grafonola:

"Sempre cantei "e imortal" =D e sempre troquei com a voz e os avós"

"e imortal", soa sempre a "e e mortal".


"Não sabia de nada dessa coisa dos bretões no hino, nunca tal ouvi."

Consta da Wikipédia, ou seja a enciclopédia online dos idiotas.

  Bruno Fehr

segunda-feira, agosto 04, 2008 1:28:00 da manhã

Kátia:

"vai ao menos buscar teus prêmios."

Vou sim.

  Bruno Fehr

segunda-feira, agosto 04, 2008 1:29:00 da manhã

indomável:

"faltou-te mencionar um erro fatal, no segundo verso, penso eu. É que toda a gente canta - Ó pátria sente-se a voz - mas a voz dos egrégios avós não se sente, ela ergue-se:
"Ó Pátria ergue-se a voz
Dos teus egrégios avós
Que há-de guiar-te á vitória""

Correcto, muito obrigado :)

  Bruno Fehr

segunda-feira, agosto 04, 2008 1:30:00 da manhã

Jorge Pessoa e Silva:

"Há muito tempo que um post não me surpreendia tanto. Por isso, eu sou o maluquinho da última fila que está a bater palmas."

Eheheh

  Bruno Fehr

segunda-feira, agosto 04, 2008 1:31:00 da manhã

Odracir:

"É muito bom que faças aquilo que deveria ser o ministério da educação a fazer...
Se disseres a um teenager que o hino não acaba ali, dás-lhe uma agradável surpresa (fútil, mas agradável)."

Isto se nao me perguntarem, "o que é um hino?"

  Bruno Fehr

segunda-feira, agosto 04, 2008 1:35:00 da manhã

Blondewithaphd:

"Mas lá que os ingleses foram uns trastes lá isso foram!!! E que no tratado de 1891 fomos uns pacóvios e perdemos o corredor de influência com que eles tinham concordado também fomos!!!"

Mas nós sempre fomos tótós, demos a Inglaterra tudo aquilo que nao queriamos, dezenas de ilhas e território, dos quais destaco:

-Seischelles, hoje um paraíso na terra.

-Bahrain, o centro enconómico do médio Oriente.

-Madagáscar, India, Africa do Sul e até a Austrália onde chegámos quase um século antes dos Ingleses.

  Bruno Fehr

segunda-feira, agosto 04, 2008 1:35:00 da manhã

mjf:

Obrigado, espero que os exames tenham corrido bem.

  Bruno Fehr

segunda-feira, agosto 04, 2008 1:36:00 da manhã

caditonuno:

"ah, eu sou daqueles que disfarça e só canta a parte final."

eheh

  Bruno Fehr

segunda-feira, agosto 04, 2008 1:37:00 da manhã

A Grafonola:

"esta malta qd tira férias, tira férias de tudo...querem ver que só se bloga quando há trabalho???????"

A culpa é das gajas, do sol, das gajas, da praia, das gajas, dos copos, das gajas, das ressacas e claro, das gajas :P

  Ana

quarta-feira, agosto 06, 2008 3:06:00 da tarde

Bem me parecia que devia haver gaijas ao barulho. Anda tudo doido. Até o meu piri se passou (mas lixou-se porque filmei tudo heheheheheheh! queres ver queres ver?)

  Bruno Fehr

sexta-feira, agosto 08, 2008 12:13:00 da tarde

A Grafonola:

"Bem me parecia que devia haver gaijas ao barulho. Anda tudo doido. Até o meu piri se passou (mas lixou-se porque filmei tudo heheheheheheh! queres ver queres ver?)"


O teu piri? Queres dizer piriquito ou chamas piri ao teu homem? Coitado do rapaz...

  Pax

sábado, agosto 09, 2008 1:48:00 da tarde

"ou pior ainda poderia ser o hino Espanhol."

Ou podia ser (para tua grande felicidade) uma letra do JP Pais.
;)

  Bruno Fehr

terça-feira, agosto 12, 2008 10:24:00 da tarde

Pax:

"Ou podia ser (para tua grande felicidade) uma letra do JP Pais."

Renunciava à nacionalidade sem pensar duas vezes.

  Pax

quarta-feira, agosto 13, 2008 1:48:00 da manhã

Lol, eu sabia que irias gostar ;)