Falência económica 1/2 - Prelúdio

Faço uma pausa na série Bastidores da música para falar da teórica falência económica da Grécia e da teórica pré-falência de Espanha e Portugal. Vou tentar estabelecer uma sequência cronológica de acontecimentos até este momento.


Nos anos 90 a Europa era dominada por 3 grandes potências económicas: Alemanha, Inglaterra e França, mas em 2000 França entrou em recessão sendo o domínio Europeu partilhado pelos outros dois países.

A crise Americana que já se arrastava há quase uma década tornou-se impossível de ser escondida após os casos Enron, AIG entre outros, onde burlas no valor de triliões de dólares colocaram a económica Americana de joelhos. Os Americanos combateram a crise imprimindo dólares sem controlo nem limites, dinheiro criado do nada que ao entrar em circulação retirou valor ao dinheiro já em circulação. Esta crise ao atingir a Europa foi combatida de forma diferente pois o banco central Europeu parou de imprimir Euros por forma a não desvalorizar o dinheiro em circulação. Este acontecimento fez com que todos os países Europeus entrassem em recessão, atingido gravemente a Espanha que era o país com maior crescimento. A crise Francesa é agravada e Inglaterra junta-se a  quase todos os países da UE ao passar a ter crescimento negativo, mas aqui destacam-se dois países Portugal e Alemanha. A Alemanha nunca se ressentiu tendo unicamente passado os primeiro 8 meses de 2009 em crescimento zero e isto em nada afectou o dia-a-dia nem o nível de vida na Alemanha, excepto o caso de milhares de despedimentos que foram equilibrados por um excelente programa de apoio social que permite a qualquer pessoa ter casa, despesas e bens de primeira necessidade pagos pelo Estado mesmo que não tenham direito a fundo de desemprego.  
Portugal nesse tempo, pela boca de Sócrates apresentou as suas contas que mostravam a Alemanha e todos os países Europeus com crescimento negativo e Portugal como o único país Europeu com crescimento económico positivo. A Alemanha respondeu a Sócrates dizendo que as contas de Portugal estavam mal feitas propositadamente para apresentarem um falso crescimento positivo.


A Islândia declarou falência devido a uma crise que teve inicio no ano 2000 quando o governo deixou de controlar os bancos tendo optado pela privatização. O controlo dos bancos por parte de grupos internacionais colocou os interesses internacionais acima dos nacionais onde num país como poucos recursos económicos só poderia gerar uma crise.
O que é que os governos internacionais fizeram? Nada!
Faliu um país mas essa falência deu lucros imensos às instituições Britânicas e Alemãs que controlavam os bancos Islandeses. A recuperação económica Islandesa foi e é um processo interno a custo de cortes orçamentais, congelamento de salários, vendas de ouro, redução do consumo e do nível de vida e ainda de emigração em massa. Sem grandes alaridos este país lentamente recupera isolado do resto do mundo.


No final de 2009 a Alemanha começa a apresentar crescimento positivo e a Inglaterra recupera do negativo em 2010. Nesta altura, os principais jornais Alemães são publicados com a noticia de que o governo Alemão acusava a Grécia, Espanha, Itália e Portugal de burlas à União Europeia na má aplicação e até na ausência de aplicação das ajudas económicas e que iria solicitar a investigação sobre o paradeiro desses fundos, bem como, exigir o pagamento integral dos valores não aplicados nas áreas devidas. A Grécia responde no dia seguinte com noticias de primeira página comparando a politica actual Alemã com a politica Nazi de controlo Europeu. Começa uma crise politica pouco publicitada onde a Alemanha vetou ajudas a estes 4 países até que a situação seja esclarecida. A Grécia responde com uma ameaça de falência do país. Esta falência não passa de uma pressão politica de um menino mimado que quer brinquedos caros mesmo que os seus pais ganhem mal, mas esta brincadeira irá doer imenso aos eleitores Gregos que a vão sentir na pele como sendo real.


Acredito que estas acusações da Alemanha não tenham chegado a Portugal, da mesma forma que o jornal Francês Líbération do dia 18 de Março de 2010 não saiu em Portugal. O jornal Expresso disse que houve um problema de impressão, mas a verdade é que o jornal foi censurado pelo Governo Português por conter uma reportagem pouco simpática mas verdadeira sobre o nosso governo. Dá para acreditar numa imprensa que é neste momento mais controlada do que no tempo de Salazar?

Próximo texto:  Falência económica 2/2 (segunda e última parte)

9 Comentários:

  I.D.Pena

quinta-feira, abril 29, 2010 7:33:00 da manhã

Mais pessoas sabem que esse artigo foi censurado, mas infelizmente os media estão controlados e não mostraram nada àcerca disso, e isso é um escandalo.
Será que podias fazer um favorzinho ? Estava a precisar dos artigos que fizeste sobre as torres gémeas e simplesmente perdi-me no teu blogue, precisava dos links para partilhar as informações.

  Mulheka

quinta-feira, abril 29, 2010 10:15:00 da manhã

Eu já tinha ouvido falar nesse artigo e na "falha de impressão" do jornal. Já tinha visto o link mas não percebo a ponta de francês...

  Manula

quinta-feira, abril 29, 2010 10:26:00 da manhã

Obg Bruno.

Algo se passa, fala-se ai de um colapso económico em 2010, o maior de sempre.

Será que isto é o começo? Ou não passam de especuladores manhosos?
Mas o mercado é liderado pelas elites que têm muito dinheiro e que controlam os media, por isso parece haver aqui jogada calculada, os mercados não são "um exercito sem general" como alguém disse...

  Jane Doe

quinta-feira, abril 29, 2010 2:11:00 da tarde

Embora ande um pouco perdida nas "informações" sei que em Espanha se está a falar muito da possibilidade de falência de Espanha e Portugal.

No que respeita a Portugal não tenho muito conhecimento das notícias.

Ainda bem que estás a escrever sobre isto.

  cadu1981

quinta-feira, abril 29, 2010 3:38:00 da tarde

mulheka podes tentar perceber aquio

http://translate.google.com/translate?hl=en&sl=fr&tl=pt&u=http%3A%2F%2Fwww.liberation.fr%2Fmonde%2F0101625174-jose-s-crates-le-portugais-ensable

  Mulheka

quinta-feira, abril 29, 2010 5:13:00 da tarde

Cadu, obrigada!

  Anónimo

quinta-feira, abril 29, 2010 5:47:00 da tarde

Achei óptima esta pausa, no tema anterior, porque a gravidade da situação actual o justifica; desconhecia esse " último número de censura"; já fui ler, ao contrário dos jornalistas portugueses, os franceses não são falinhas mansas...

É o que eu digo: se o meu avô voltasse cá, iria arrepender-se de ter feito oposição a Salazar!

Um país que nada produz, onde todos os dias fecham fábricas e empresas e que ao contrário da Alemanha, não tem condições financeiras para dar apoio social, pode esperar o quê?! Estamos num túnel sem saída, meus senhores!

E ainda assim quer o Governo fazer obras megalómanas: tgv novo aeroporto em Lx, mais uma auto-estrada Pt-Lx!

Andarão todos doidos ou é mesmo incompetência??

F.M.

  Manula

quinta-feira, abril 29, 2010 6:18:00 da tarde

Pois é.

Este pais não tem industria, agricultura, pescas, fazemos o quê?

Turismo e serviços?

Seja o que for o pessoal não pode perder a esperança mas também é preciso que a estratégia seja bem definida e bem comunicada ao mais alto nível.

O problema é que entrámos para a UE para sermos mais um cliente dos que realmente produzem na Europa, foram-nos tirando a agricultura, as pescas, as industrias também já foram à vida, ficámos sem produzir, somos um cliente que compra carros aos alemães, roupas aos espanhóis e italianos etc, compra com credito, compra com os subsídios que entraram e ainda entram.
No fim ficaremos com as dividas e os bens que comprámos para serem penhorados.

Que cenário tão negro.

Espero que não, temos que ser uteis todos os dias, fazer o que há para fazer e deixar de ter a mania das grandezas, dos Srs. Drs e engs., ser humildes e trabalhar no que houver para fazer.

  Anónimo

sexta-feira, abril 30, 2010 11:31:00 da manhã

Sim, Manula, é isso mesmo que querem de nós, que nos dediquemos ao Turismo e Serviços!

Sermos compradores do que é produzido noutros países, coloca-nos numa situação de extrema dependência; até hoje, "eles" oferecem-nos preços imbatíveis ( e com isso estão a levar à falência os nossos agricultores, pescadores e trabalhadores da Industria), a partir do momento em que a produção nacional for 0%, então vamos ver os preços subir, com toda a certeza!Estaremos nas mãos "deles"!

O cenário é realmente negro; entretanto, podemos fazer alguma coisa, comprar Made in Portugal, comprar nos mercados e feiras, e viver conforme as nossas possibilidades, sem recorrer a créditos, por exemplo!

Ah! E deixamos de ser tão passivos perante os Governos!
Basta de carneirismo.

F.M.