Destino vs Fado


Há dias, em conversa pediram-me para definir Portugal e os Portugueses numa só palavra, sem pensar e nem sei bem porquê, disse "Fado". Depois de o dizer é que comecei a pensar no que disse. Cheguei à conclusão, que nenhuma outra palavra, nos define tão bem.

Digo fado, não como o estilo musical. Digo fado, como o sentimento patente em todos os Portugueses. Poderia ter dito "saudade", por regra geral sermos saudosistas. Temos saudades de um passado perdido, temos saudades dos tempos recentes e chegamos a ter saudades de um futuro incerto. Vivemos em saudade de algo, mas acho que "fado" é uma definição mais correcta.

Somos por natureza pessimistas. Os impostos aumentam, mas poderia ser pior. Os hospitais fecham, mas poderia ser pior. Os aumentos são pequenos, mas poderia ser pior. Se algo acontece que é mau, deixa de ser assim tão mau, pois poderia ser pior.

Somos trágicos, precisamos de sentir, quer seja algo de bom, ou de mau, temos necessidade de nos sentirmos vivos e humanos. Não temos a capacidade de sermos como os nórdicos, cyborgs frios e sem sentimentos, que cumprem ordens cegamente, que seguem regras sem pensar. Nós não, gostamos de perguntar porquê, gostamos de quebrar as regras para ver o que acontece. Fazemos por nos sentirmos mal, pois isso faz-nos sentir Portugueses.

Saudade é tipicamente Português mas fado define o nosso povo bem melhor. Agora, se temos "fado", como palavra, sentimento, musica, canção, porque motivo usamos erradamente a palavra "destino". Usamos "destino", como um ponto a atingir, que pode ser bom ou mau, por seu lado usamos "fado" como algo sempre mau e triste, bonito mas triste.

Alguém que eu conheci aqui na Alemanha, um rapaz de 26 anos, cometeu suicídio na passada sexta-feira. Num local remoto, sem vigilância, colocou-se na linha de metro de superfície e esperou. No seu funeral, ouvi muita gente a falar que era o seu destino, que estava escrito.

Ora bem, se essas pessoas acreditam num Deus grande e bom, como podem aceitar isto como um destino escrito. Qual é o Deus que escreve no destino de uma criança, que seria violada e morta?
Estou a imaginar Deus a escrever o destino de alguém. Ao chegar ao dia 33,568 às 19:55, repara que está quase a começar a final da taça de Portugal e resolve abreviar: "estava a atravessar a estrada e foi atropelada pelo camião do lixo".

Isto cabe na cabeça de alguém? Destino, escrito?
Quem acredita em destino, deveria ficar quieto e não fazer nada, não lutar por nada. Para que lutar, se já está tudo escrito? Quem se torna rico, fez algo por isso, não foi o destino!

Morrer não é destino é Fado! O destino é algo que muda constantemente à medida que vivemos, o fado são todos os obstáculos a transpor, que por vezes não são transpostos.

Se eu quero ir a Portugal, compro um bilhete de avião. Aqui o meu destino é Lisboa, o meu obstáculo a transpor é a viagem. Se o avião cai em Espanha, isso não é o meu destino, é um azar do caralho, ainda por cima em Espanha, como tanto sitio jeitoso para se morrer. Ao morrer eu iria processar a Sra. Dona morte, "desculpe lá, mas o meu destino era Lisboa e não o inferno. Está aqui escrito no bilhete, pode confirmar".

O destino é temporário, pois ao chegar a Lisboa o meu destino muda, para uma praça de táxis, muda para a central de expressos, muda para a minha cidade. Passado algum tempo, o meu destino volta a mudar para Hamburgo. O meu fado é tudo o que acontece pelo caminho.

Não acredito em destino, pois isso tira a alegria de viver. Se a vida já tem um destino escrito, para que raio vivemos? Não devemos nunca viver em função de um destino, mas sim da viagem que é viver. No fim das nossas vidas o que fazemos? Apreciamos o final, ou recordamos o tempo vivido, como fotografias mentais de toda a nossa viagem?

Por algum motivo, se escreveu e muito bem, "tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado", este verso usa "fado" não como o estilo musical, mas sim como obstáculos a transpor. O destino, não é mais do que a desculpa fácil, de quem não quer perguntar porquê, pois sabe que não irá obter resposta. Mas, para mim isto não é resposta, prefiro deixar uma pergunta perdida no ar, do que receber uma resposta errada.

53 Comentários:

  Ana

quinta-feira, abril 10, 2008 11:49:00 da manhã

ENA! Gostei! Deu-me um baque na descrição do suicidio do rapaz... :( chiça... =(

Concordo no que dizes sobre o "destino", nos moldes em que o colocas. Penso, também, que acreditar no destino é uma forma de desresponsabilização perante as próprias atitutes. Atropelamos alguém numa passadeira e em excesso de velocidade e dizemos "olha, a culpa não foi minha, já estava escrito, ia acontecer desse por onde desse, era a vontade de Deus, Alá, Jeová, Zeus, Cronos, um-dessoutros-deuses-que-povoam-o-imaginário-religioso-espiritual".

No entanto, há uma questão engraçada no meio disto tudo, a questão do determinismo. Não confundir com destino, ;-).
Numa perspectiva da Física, tudo no Cosmo já está determinado. Contudo, não é determinável.
Isto, à luz da Lei da Acção e Reacção: para toda a acção existe uma reacção. Essa acção, por seu turno, é reacção a outra acção. E assim sucessivamente. As reacções a uma determinada conjuntura de variáveis (que podem ser milhentas) já estão pré-determinadas. No caso das decisões humanas, por exemplo, poder-se-ia dizer que está escrito nos nossos genes e no ambiente em que nos desenvolvemos (desde o intra-uterino ao actual) como vamos reagir perante determinada situação. Contudo, as situações podem ter milhentas variáveis diferentes, que condicionarão a nossa reacção.
Assim, nesta perspectiva, poder-se-ia dizer que não temos propriamente um livre arbitirio nas nossas atitudes e escolhas?...secalhar, vendo a coisa desta forma abstracta, não temos. Mas, algumas das variáveis que há que ter em conta são, precisamente, a inteligência, auto-consciência, capacidade de escolher os vários caminhos que nos são apresentados. Isso influirá no modo como faremos as nossas escolhas. Não podemos propriamente dizer que já estava escrito que iriamos pela direita e não pela esquerda, não é assim tão simples...o que estava escrito era que se mil e uma variáveis se conjugassem (e não esquecer que entre elas está a complexidade que é a inteligencia e capacidade de escolha) de uma determinada, precisa e rigorosa maneira, iriamos adoptar determinado caminho. Mas, bastava, por exemplo, a nossa inteligencia desviar-se, sei lá, no seu valor enquanto variável, para escolhermos outro. Portanto, no fundo e em termos práticos, o destino não existe. Existe, sim, o determinismo. Que não é determinável. E não nos sacode a água do capote. ;-)
Será que é fado? ;-)

  Anónimo

quinta-feira, abril 10, 2008 12:22:00 da tarde

Apetecia-me ser má e dizer que "FADO", invertendo o lugar das vogais... dá outra coisa que também define os portugueses... mas não vou ser tão má assim e, portanto, não o vou dizer.
:)
O que está escrito no destino é que todos os dias, em cada momento, temos de tomar determinada opção que nos levará a uma nova opção, que nos levará a outra e assim sucessivamente até ao dia em que uma delas (nossa ou de outro) terá sido a errada e deixamos de ter de optar mais.
Somos nós quem decidimos, certo ou errado, o nosso próprio destino.
Pelo menos eu quero acreditar que sim.
Mal ou bem, sou eu quem o tenta, dentro dos meus possiveis, escrever.
E ainda bem que não somos como os nórdicos: frios como o clima em que vivem.
Ainda bem que o nosso humor varia consoante as estações do ano, a hora do dia, a queca de ontem ou os resultados do futebol.
Ainda bem que somos humanos.

  Anónimo

quinta-feira, abril 10, 2008 5:27:00 da tarde

:)o meu fado às vezes é tortuoso porque normalmente a meio do vôo resolvo mudar o destino, mas eu sou meio parva...

bjs
Ana

  Teté

quinta-feira, abril 10, 2008 6:25:00 da tarde

Estava destinado que hoje ambos falássemos de destino... :)

Não me considero nada pessimista, mas normalmente vejo as coisas por esse prisma do "podia ter sido pior": se alguém partiu uma perna ao ser atropelado, podia ter morrido; se é detectado um cancro em alguém e é operado, ainda bem que foi a tempo; e por aí fora.

Não acredito nada nessa de um ser supremo (Deus, Alá, a.s.o.) escrever um guião para as vidas de cada um: este puto aqui, vai ser maltratado por um pai bêbado; esta gaja vai ter muita massa, mas não lhe vai valer de nada, que vai ficar sem todos os familiares a amigos aos 60 anos e ainda há-de cá ficar a pastar até aos 80; este fulano vai ser um crápula sortudo, mas vai ser apanhado num erro de identificação e bater com os costados numa prisão turca durante uns 10 anitos.

Enfim, todos temos oportunidades de escolha, alguns erros pagam-se para o resto da vida, outros infortúnios batem-nos à porta de repente, sem sabermos como.

Mas que divindade seria essa, que um dia lhe dava na mosca "olha, hoje há terramoto no Irão!" Ninguém que devessemos venerar e idolatrar, pois não?

Quanto ao fado, acho engraçado esporadicamente, nas casas onde ele se canta, em ambiente próprio. Fora disso, passo! :)

  luafeiticeira

sexta-feira, abril 11, 2008 1:28:00 da manhã

Mas há que explicar aos leigos na matéria que fado tem origem na palavra latina "fatum" que significa destino.
jocas

  maria inês

sexta-feira, abril 11, 2008 12:57:00 da tarde

"O orgulho de uma nação com 3 F’s = Fado, Futebol e Fátima"

isto somos nós!

  Moyle

sexta-feira, abril 11, 2008 4:28:00 da tarde

e isso é tão assim que num fado de coimbra - o único tipo que o Moyle aprecia além da voz (só a voz) da Amália - há um verso que diz mesmo que chega a ter saudades de Coimbra quem nunca lá viveu.

ora tirando coimbra da equação e limitando-nos ao espírito da letra está tudo quanto à validade do fado como definidor do portuguesismo.

  Suzy

sexta-feira, abril 11, 2008 6:19:00 da tarde

Se é fado ou destino, n sei.
O q sei é q saudade é de facto uma palavra que só podia ser portuguesa:
Saudade dos tempos sem crise
Saudade dos tempos em q n havia tanta miséria
Saudade dos tempos em q n havia tanta corrupção
Saudade de chegar ao final do mês com dinheiro
Saudade de viver e n sobreviver
Saudade...

  André

sexta-feira, abril 11, 2008 6:45:00 da tarde

"Morrer não é destino é Fado!"

E eu que não suporto ouvir fado...

  Ana

sexta-feira, abril 11, 2008 11:59:00 da tarde

"Rapaz", que se passa contigo? Muito trabalho?

  Anónimo

sábado, abril 12, 2008 12:30:00 da manhã

Comecei a ler post …
Pois … sim… é verdade… nada de novo… concordo … espera lá … hum… ah … era aqui que querias chegar… brilhante!!... muito bom … eu sabia que também partilhavas essa visão da vida, não podia ser de outra forma! Estava escrito! (não resisti… tinha que dizer esta)

Preparava-me para escreve um comentário brilhante em que concordaria sem deixar de discordar num ou noutro ponto mas começo a ler o 1º comentário (o d’ “a grafonola”) e fiquei maravilhado – há muito que não lia um texto em que uma perspectiva cientifica encaixasse tão bem no discurso (parabéns a esta blogger que também gosto de ler)

Bem mas finalmente comentando direi que:

Destino é para mim um objectivo e não um fim. Se há aqueles que precisam de acreditar que tudo está pré determinado para poderem ver um sentido na vida, bom para eles, desde que não me queiram convencer que tem de ser assim (mesmo que tentassem só perdiam tempo).

“Não acredito em destino, pois isso tira a alegria de viver. Se a vida já tem um destino escrito, para que raio vivemos? Não devemos nunca viver em função de um destino, mas sim da viagem que é viver. No fim das nossas vidas o que fazemos? Apreciamos o final, ou recordamos o tempo vivido, como fotografias mentais de toda a nossa viagem?”

Assino em baixo!


Quanto à nossa maneira de ser pessimista, não concordo totalmente pois se, por um lado, estamos sempre a achar que tudo vai piorar por outro, vejo o facto de pensarmos que podia ser pior como um optimismo dentro do pessimismo… (é discutível eu sei…)

Mas voltando ao fado, ah desculpa destino, lá está, é a riqueza da nossa língua que nos leva a estar a aqui a debater a diferença entre fado e destino, que nos leva a ter uma palavras como saudade, que nos leva, talvez, a ser como somos… se disser que apenas acredito no acaso chamas-me louco ou, quem sabe, mentiroso mas é no que acredito. Destino é, como dizes, uma forma de tentar explicar o que não se consegue entender recusando aceitar que não há um sentido para a vida… a direcção e o sentido somos nós que o encontramos… condicionados por um conjunto de variáveis/constantes (necessidade básicas, instintos, valores, meio ambiente, etc…) somos nós que escolhemos o que fazer, mesmo quando escolhemos acreditar no destino!! Pensar de outra forma faria de nós peças de dominó (e mesmo essas nem sempre caem como era suposto!).

FATifer

  crazy_girl

sábado, abril 12, 2008 3:08:00 da manhã

Lá dizem os árabes: Maktub (tem um significado parecido ao nosso fado).

Divaguei um pouco em relação a esta coisa de fado e destino, e dei comigo numa posição bastante dúbia.
Ora eis a minha brilhante constatação:(lol)
Quando algo me corre espectacularmente bem, digo que tal acção ou consequência se deve a mim , e auto congratulo me com isso sendo eu a escritora da minha vida...

Mas quando algo me corre mal, esqueço me da existência do livre arbítrio, e culpo a P*T* da minha sorte, a minha sina, o meu fado... o que quer que seja... desde que não me tenha de martirizar muito com a culpa das minhas decisões livres...
Ora me apetece ser uma marioneta, pra não me ter de preocupar muito com responsabilidades, ora qual rebelde sem causa me apetece cortar uns fios inexistentes entre mim e quem quer que seja que escreva os guiões das nossas vidas...

Conclusão disto tudo: Vivo bastante feliz na minha humilde ignorância... :)))

Bjokas ;)

  Maria Manuela

sábado, abril 12, 2008 3:44:00 da manhã

Oh Crest
Assim de repente lembrei-me da Hermínia Silva
"reza-te a sina que trazes traçada na palma da mão!!!"

oh pá o meu destino é aquilo que eu quiser....

bjos

  Marta Teles

sábado, abril 12, 2008 3:16:00 da tarde

Eu por acaso penso que nós somos óptimistas, e usando precisamente as mesmas frases que usou.
É só a minha ideia.
Também acho que a palavra fado nos define muito bem, quer pelo fado enquanto música e que nos está na alma, quer pelo fado enquanto saudade , quer pelo fado, como destino.
Gostei deste blogue e voltarei.

:-)

  China Girl

sábado, abril 12, 2008 10:27:00 da tarde

Dizer que a nossa vida esta nas mãos do destino,de deus ou de alguma entidade desconhecida é retirar-nos o livre arbítrio,a independência,a determinação,a vontade de lutar por aquilo que pretendemos alcançar.A nossa vida,toda ela,depende das escolhas que fazemos e até mesmo a mais pequena escolha pode influenciar o resto das nossas vidas...
A saudade é típica de todos os povos que sejam carregados de sentimento e emotividade e nós portugueses somos ,de facto,um povo saudosista...
Já o fado...o fado fáz inevitávelmente parte da nossa história e do sentimento de todo um povo...Mais do que um estilo musical o fado é uma forma de cantar a vida e de lavar a alma!

Beijos e Keijos

  Ana

domingo, abril 13, 2008 2:24:00 da manhã

FATifer, gracias ;-). Se gostas desse tipo de intercação entre ciência e filosofia, lê a Fórmula de Deus do JR dos Santos. ;-) Ele é um excelente comunicador, e tem a capacidade de reunir informação e transmiti-la de um modo simples e contagiante. É física pura misturada com filosofia pura, numa linguagem extremamente acessível. Adorei.

  Ana

domingo, abril 13, 2008 2:25:00 da manhã

intercalação... ;-)

Crest...where are you?... how are you?...

  Sílvia

segunda-feira, abril 14, 2008 1:26:00 da manhã

Eu também nao acredito em destino traçado...bem ou mal eu tomo as redeas da minha vida.

Beijinhos

  Anónimo

segunda-feira, abril 14, 2008 2:54:00 da tarde

Então, miguinho?...
A Alice já te anda a dar problemas conjugais?...
:)

  Marta

segunda-feira, abril 14, 2008 4:05:00 da tarde

Bom texto!

Eu acredito que há certos obstaculos pelos quais temos que passar mas somos nós que escolhemos a forma como os ultrapassamos ou lidamos com eles!
Todas as nossas escolhas têm uma consequência e tiveram uma causa!
O suícidio não foi fatalidade do destino, foi a escolha dele perante os obstaculos que ele escolheu não vivenciar.

  PDuarte

segunda-feira, abril 14, 2008 4:06:00 da tarde

Para mim facti de não se conseguir`há mais de um século alguém que nos governe como deve ser não é fado é o nosso destino. O nosso destino é sofrer e o fado é o da Mariza. E o resto que se foda.

  luafeiticeira

segunda-feira, abril 14, 2008 8:41:00 da tarde

Novo post te aguarda
beijos

  Ana

terça-feira, abril 15, 2008 4:38:00 da tarde

Tenho uma amiga brasileira que me está sempre a dizer: "Se o destino tá escrito, então o anjo que escreve o roteiro das nossas vidas deve fumar muita maconha."

;)

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:08:00 da manhã

A Grafonola:

"Numa perspectiva da Física, tudo no Cosmo já está determinado. Contudo, não é determinável."

Nao acredito que tudo esteja determinado, acredito sim que no cosmos há 3 certezas:

1- Criacao
2- Evolucao
3- Fim

Tudo o que acontece pelo meio, simplesmente acontece, pois fazemos com que aconteca.

"Isto, à luz da Lei da Acção e Reacção: para toda a acção existe uma reacção. Essa acção, por seu turno, é reacção a outra acção."

A reaccao a uma accao é sempre a mesma, poderia dizer-se pré-determinada, mas os factores que causam essa accao, nem sempre sao determinados ou determináveis, apenas a reaccao.

"No caso das decisões humanas, por exemplo, poder-se-ia dizer que está escrito nos nossos genes e no ambiente em que nos desenvolvemos"

Temos sempre uma escolha. A accao de me dares um estalo, pode causar diversas reaccoes nao sendo, responder com um estalo uma certeza determinável, pois eu tenho escolha.

"Assim, nesta perspectiva, poder-se-ia dizer que não temos propriamente um livre arbitirio nas nossas atitudes e escolhas?...secalhar, vendo a coisa desta forma abstracta, não temos."

Temos sempre escolha, reagimos de maneira diferente às mesmas accoes, institivamente ou de forma reflectida.

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:13:00 da manhã

pax:

"Apetecia-me ser má e dizer que "FADO", invertendo o lugar das vogais... dá outra coisa que também define os portugueses..."

Nao me FADOS :)

"E ainda bem que não somos como os nórdicos: frios como o clima em que vivem."

Eu nao lhes chamaria frios, eles sentem. Eu acho que eles sao automáticos, mais racionais. Eles definem os Portugueses, Espanhois, Italianos e Gregos, como temperamentais. Concordo com eles, nós tomamos decisoes no calor da raiva, sem pensar muito e erramos mais. Como prova disso, temos o exemplo da sociedade selvagem no sul da Europa e da sociedade civilizada do norte.

Eu nao os invejo, mas é um facto que eles erram menos, pois decidem de cabeca fria.

"Ainda bem que o nosso humor varia consoante as estações do ano, a hora do dia, a queca de ontem ou os resultados do futebol."

Os nórdicos também, simplesmente sao mais respeitadores e agem consoante as regras sociais.

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:14:00 da manhã

anatcat:

":)o meu fado às vezes é tortuoso porque normalmente a meio do vôo resolvo mudar o destino, mas eu sou meio parva..."

Mas o fado é sempre assim.

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:17:00 da manhã

Teté:

"Estava destinado que hoje ambos falássemos de destino... :)"

Ahaha, coincidencia, nao destino :)

"Mas que divindade seria essa, que um dia lhe dava na mosca "olha, hoje há terramoto no Irão!" Ninguém que devessemos venerar e idolatrar, pois não?"

Exacto, as pessoas culpam o destino, dizem que o destino é escrito por Deus, mas nao culpam Deus... estranho!

"Quanto ao fado, acho engraçado esporadicamente, nas casas onde ele se canta, em ambiente próprio. Fora disso, passo! :)"

Há fado e fado, só agora ando a encontrar no fado algo que gosto num mundo que abominava.

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:19:00 da manhã

luafeiticeira:

"Mas há que explicar aos leigos na matéria que fado tem origem na palavra latina "fatum" que significa destino."

De facto e até recebi um E-mail de uma leitora Brasileira sobre isso. O significado encontrado no dicionário de "fado" e "destino", é igual. A origem das palavras é a mesma, mas de facto exitem diferencas dificeis de explicar. Diferencas que tornam "fado" numa palavra única, a par com saudade.

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:21:00 da manhã

ines:

"O orgulho de uma nação com 3 F’s = Fado, Futebol e Fátima"

Salazar tinha razao, ainda hoje isso alimenta os Portugueses, pessoalmente dizem-me muito pouco.

Futebol, só a nossa seleccao. Fado, só agora o ando a decifrar e Fátima... bem, nunca acreditei em estórias.

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:22:00 da manhã

Moyle:

"e isso é tão assim que num fado de coimbra - o único tipo que o Moyle aprecia além da voz (só a voz) da Amália - há um verso que diz mesmo que chega a ter saudades de Coimbra quem nunca lá viveu."

É verdade, eu tinha saudades de Coimbra antes de ter ido para lá. Essas saudades levaram-me a ir.

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:24:00 da manhã

DUVIDAS COR DE ROSA:

Nao sei se é bom, ter essa palavra, pois viver uma palavras nao é bom!

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:25:00 da manhã

PsYcHo_MiNd:

"E eu que não suporto ouvir fado..."

Nunca suportei fado, até ao dia em que ouvi um, num restaurante que me causou pele de galinha, apartir daí encontrei diversos fados de que gosto e encontrei um novo estilo musical, chamado de:

Portuguese blues.

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:26:00 da manhã

A Grafonola:

""Rapaz", que se passa contigo? Muito trabalho?"

Novos projectos que me andam a ocupar o meu tempo e imaginacao.

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:32:00 da manhã

FAtifer:

"Estava escrito! (não resisti… tinha que dizer esta)"

Ahahaha.

"(o d’ “a grafonola”) e fiquei maravilhado – há muito que não lia um texto em que uma perspectiva cientifica encaixasse tão bem no discurso (parabéns a esta blogger que também gosto de ler)"

Ela é a nossa "rata" de laboratório, visto que o nosso "rato" de laboratório (Skynet), anda ocupado a licenciar-se :)

"Quanto à nossa maneira de ser pessimista, não concordo totalmente pois se, por um lado, estamos sempre a achar que tudo vai piorar por outro, vejo o facto de pensarmos que podia ser pior como um optimismo dentro do pessimismo… (é discutível eu sei…)"

Sim, eu sei. No fundo é um optimisto pessimista. Eu sou assim, espero sempre o pior, desta maneira o menos mau é aceitável :P

"se disser que apenas acredito no acaso chamas-me louco ou, quem sabe, mentiroso mas é no que acredito."

Ao nao acreditar no destino, acredito no acaso. Acho que a evolucao é fruto de um afortunado acaso.

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:34:00 da manhã

crazy_girl:

"Mas quando algo me corre mal, esqueço me da existência do livre arbítrio, e culpo a P*T* da minha sorte, a minha sina, o meu fado... o que quer que seja... desde que não me tenha de martirizar muito com a culpa das minhas decisões livres..."

É verdade, eu há muito que me deixei disso, comecei por me culpar pela merda que faco e mais tarde, comecei a tentar reparar o reparável.

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:35:00 da manhã

Maria Manuela:

"oh pá o meu destino é aquilo que eu quiser...."

Nem sempre o que queremos, mas o fruto das nossas decisoes.

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:38:00 da manhã

Marta Teles:

"Eu por acaso penso que nós somos óptimistas, e usando precisamente as mesmas frases que usou."

Mas é um optimismo pessimista, visto que tem como base o pior possivel.

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:39:00 da manhã

Ana Reis:

"e até mesmo a mais pequena escolha pode influenciar o resto das nossas vidas..."

Muitas vezes é mesmo uma pequena escolha.

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:41:00 da manhã

A Grafonola:

"Crest...where are you?... how are you?..."

Ai are faine, bate beri beri bizi :P

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:42:00 da manhã

SílviA:

"bem ou mal eu tomo as redeas da minha vida."

E é assim que deve ser.

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:42:00 da manhã

pax:

"Então, miguinho?...
A Alice já te anda a dar problemas conjugais?..."

A Alice está optima, as ando mais ocupado que as prostitutas em dia de desembarque de marinheiros :P

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:44:00 da manhã

Marta:

"Todas as nossas escolhas têm uma consequência e tiveram uma causa!"

Como tudo.

"O suícidio não foi fatalidade do destino, foi a escolha dele perante os obstaculos que ele escolheu não vivenciar."

Aprendi a ver a morte, nao como um castigo mas sim como uma libertacao.

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:46:00 da manhã

PDuarte:

"Para mim facti de não se conseguir`há mais de um século alguém que nos governe como deve ser não é fado é o nosso destino. O nosso destino é sofrer e o fado é o da Mariza. E o resto que se foda."

Se pensarmos assim, nunca nada mudará.

Andamos de 4 em 4 anos a colocar os mesmos asnos no poder, trocar de burro para mula. De quem é a culpa? É nossa. Porque nos dizem que quem nao vota, nao tem o direito de criticar o poder politico. Na verdade que nao vota, ao nao votar já está a criticar.

E se ninguém votar? Será que ficamos sem governo, ou será que mudaria tudo? Pois passaria uma mensagem de BASTA!

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:47:00 da manhã

luafeiticeira:

Já ando a por a leitura em dia :P

  Bruno Fehr

quarta-feira, abril 16, 2008 4:48:00 da manhã

Ana:

"Tenho uma amiga brasileira que me está sempre a dizer: "Se o destino tá escrito, então o anjo que escreve o roteiro das nossas vidas deve fumar muita maconha."

Eu acho que mete para a veia!

  Anónimo

quarta-feira, abril 16, 2008 10:20:00 da manhã

(Os nórdicos) "sao mais respeitadores e agem consoante as regras sociais"

(Acho que as "tias" de Cascais também :))
E qual é a coisa mais irritante, enervante e desarmante que pode haver?!
Hum?!
É tu estares a discutir com alguém que te diz muito calma e friamente «sim senhor, tens toda a razão».
Lol.
Claro que concordo que a frio se tomam decisãoes mais acertadas. O problema é que, normalmente, não temos tempo para arrefecer antes de ter de as tomar. Talvez a eles lhes facultem esse tempo, daí a diferença.

"(...) ando mais ocupado que as prostitutas em dia de desembarque de marinheiros"

Bolas!
Espero que não seja pelos mesmos motivos!
;)

  Bruno Fehr

quinta-feira, abril 17, 2008 5:11:00 da manhã

Pax:

Feliz ou infelizmente, nao é pelos mesmos motivos :D

  Schlumpy

domingo, abril 20, 2008 4:27:00 da tarde

Fado e Saudade são duas palavras exclusivamente portuguesas. Ambas de cariz triste mas que tão bem traduzem o português...

  Ana

terça-feira, abril 22, 2008 11:11:00 da tarde

Uma pessoa tá fora uma semana e já lhe chamam rata, e lhe falam em inglich com sotaque da inbicta???

Ná, não percebeste o que eu disse, e no entanto deste-me razão...por exemplo: o facto de haver criação, leva a que haja evolução, que mais tarde ou mais cedo terá de terminar. acção-reacção para todo o sempre...todas as acções advém de reacções prévias, que por seu turno vieram de outras acções e assim se perpetua a cena.
O que acontece é que as variáveis que determinam a reacção a determinada acçao são tantas, mas tantas, mas tantas, que acabamos por ter a ilusão de escolha. :-p Tu podes decidir reagir ao meu estalo de milhentas maneiras, mas vais reagir de uma e só uma maneira porque todas as variáveis do momento, sejam os teus genes, seja o teu almoço, seja a tua educação, seja as tuas experiencias passadas, seja o que for, vão ditar que reajas dessa maneira. As variáveis são complexas e milhentas, e assim dão-nos a ilusão de escolha.

  Ana

terça-feira, abril 22, 2008 11:14:00 da tarde

No entanto, esta é uma discussão perigosa. Porque é abstracta e vem dos dominios da física e da filosofia. Dizer que não temos livre arbitirio é perigoso, tão perigoso qto acreditar num Deus que nos comanda e que nos desresponsabiliza de toda e qq acção.
Não é que ande por aí alguém a escrever o destino. O destino vai-se escrevendo a si mesmo, à medida que as variáveis se vão conjugando. Mas como uma dessas variáveis é o nosso cérebro, podemos atribuir-lhe um valor que oriente para uma escolha consciente, ´vá lá.

  Bruno Fehr

terça-feira, abril 29, 2008 6:36:00 da manhã

Schlumpy:

Concordo, mas nao sei se é positivo sermos assim.

  Bruno Fehr

terça-feira, abril 29, 2008 6:39:00 da manhã

Grafonola:

Uma pessoa tá fora uma semana e já lhe chamam rata, e lhe falam em inglich com sotaque da inbicta???

"o facto de haver criação, leva a que haja evolução, que mais tarde ou mais cedo terá de terminar."

Uma obra de arte é uma criacao que nao evolui, daí eu separar as coisas.

"No entanto, esta é uma discussão perigosa. Porque é abstracta e vem dos dominios da física e da filosofia."

Ora aqui eu concordo, pois a fisica e a filosofia nao concordam necessariamente.

  Fada

domingo, junho 07, 2009 10:53:00 da manhã

Muito interessante, este post, para leitura matinal! :)

Bom dia!... :)

Quanto ao post:
Fado e destino são, de facto, palavras um tudo ou nada diferentes no significado. A tua explicação está muito bem conseguida, a da Grafonola também está optima.

Para mim, e porque acredito em coisas diferentes de ti, tal como já tivemos oportunidade de verificar, as coisas são assim:

Viemos dum "lago energético" (Deus????), somos todos luz. Um dia, quisemos separarmo-nos, mesmo sendo todos um só, quisemos mais. E viemos para outra dimensão, para evoluir.

Conforme as nossas capacidades, escrevemos, ou rascunhamos, parte do guião. Escolhemos a família, o local onde nascemos, algumas pessoas com quem nos vamos encontrar. Dessas pessoas, não são todas "boas", para nós, mas mesmo aquelas que são "más" estão ali para nos ensinar algo.

Escolhemos os desafios que queremos ultrapassar.

O mundo cá em baixo, esta dimensão, é densa. Por vezes, não conseguimos ser luz, somos matéria.
Apresentam-se casos que mexem connosco, com os nossos sentimentos, como a criança que é torturada. Aqui temos duas situações: o torturador que não conseguiu ser luz, apenas matéria, e a criança que foi luz que se ofereceu para nos ensinar algo, para tirar de nós compaixão, para puxar de nós reacção.
Nem acredito que tudo é karma: "aqui se faz, aqui se paga". Temos escolha no tipo de reacção, temos escolha sobre qual o lobo que vamos alimentar.

Enfim, poderia falar do tema bastante mais, mas não te vou encher a caixa dos comentários. :)

O que quero dizer é que parte está escrito. Parte está por escrever, e esses são os nossos desafios.
O nascer pobre e trabalhar para enriquecer. O ser magoado emocionalmente mas manter a capacidade de amar. O nascer com limitações físicas, mas conseguir realizar todos os seus sonhos.

Claro que podemos não conseguir realizar aquilo a que nos propomos. Mas sem ultrapassar esses desafios, não evoluimos. E repetimos situações até aprendermos o que quer que seja que temos para aprender. Passado esse obstáculo/desafio, outro surgirá. E por aí adiante.

Surgiram pessoas na minha vida, em determinadas épocas, que "reconheci". Umas magoaram-me imenso, outros foram bálsamos para as minhas feridas, que me curaram e partiram, outras ainda foram, e são, aqueles pilares de pedra que me seguram sempre para não cair.

São folhas da minha árvore da vida, umas do mesmo ramo, outros de ramos perto, outras de outras copas.

Esses encontros de "folhas", não entendo que sejam fruto do acaso.

Mas o proveito que tiramos desses encontros, é fruto das nossas escolhas.

Segundo determinadas teorias, o moço que desistiu e se suicidou, virá cá novamente vivenciar o que quer que o fez desistir. E virá as vezes necessárias, com mais ou menos tempo de descanso naquele lugar que é luz e que chamamos de paraíso, até ultrapassar e aprender.

Bem... Fico por aqui.
Não estou à espera de resposta, sei que tens mais que fazer do que responder a comentários em posts antigos, mas entendi que te devia apresentar outra visão de fado e destino.

Beijitos, um bom dia para ti! :)